Artigo no Alerta
Total – www.alertatotal.net
Por Felipe Rigoni
Pessoal, boa
tarde. Boa tarde presidente. Primeiro, eu gostaria de agradecer a presença e a
receptividade de todos. Eu sou Felipe Rigoni, sou deputado federal pelo
Espírito Santo, pelo partido PSB e eu venho de Linhares, uma cidade ao Norte do
Espírito Santo e, como todos já devem ter percebido, eu sou cego, e eu não
nasci cego, mas fiquei cego depois de nove anos de muita luta contra vários
problemas que me aconteceram.
No ano de 2006,
eu comecei a perceber que a cada dia que passava eu enxergava menos. A cada dia
que passava todas as técnicas que eu usava para enxergar melhor já não
funcionavam mais. Até que um dia eu estava numa aula de português, e eu estava
escrevendo um exercício.
Um amigo meu virou pra mim e falou bem assim:
"Felipe, você acabou de escrever três vezes na mesma linha". Eu olhei
para o meu caderno e não enxergava, e foi nesse momento que eu tive que virar
pra mim e dizer: "Felipe, vamos parar de se enganar (sic) por que você está
cego. Não tem mais jeito".
Eu reconheci a
cegueira naquele momento, mas eu não aceitei. Na verdade, eu fiquei muito
revoltado. E um certo dia, o meu pai me viu chorando na sala de casa, sentou do
meu lado e disse assim: "Felipe, lembra que você tem uma escolha", e
eu não entendi o que ele falou para mim, mas depois de um tempo, eu comecei a
perceber que, de fato, eu não tinha escolha sobre o que tava acontecendo
comigo, mas sim eu tinha escolha sobre a atitude que eu teria diante daquilo
que me acontecia.
Anos depois, eu
fui ler na filosofia mais fina o significado das palavras do meu pai. O livro
"Em Busca de Sentido", do Viktor Frankl, um autor austríaco, ele diz
que o ser humano pode se desfazer de qualquer coisa, menos da liberdade de
escolher que atitude tomar diante das circunstâncias. E foi com essa percepção,
que eu tinha liberdade de escolha, que eu me formei como melhor aluno do curso
de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Ouro Preto, tendo liderado
mais de 10 mil jovens no Movimento Empresa Junior.
Foi com essa
mesma escolha que eu acabei de fazer um mestrado em Políticas Públicas, na
Universidade de Oxford, na Inglaterra, e foi com essa mesma escolha que eu me
tornei líder do Movimento Acredito, do Renova BR, e que conquistei o voto de
84.405 capixabas nas últimas eleições. Mas porque que eu estou contanto essa
história?
Além, claro, de
me apresentar, é também para dizer, pessoal, que o nosso País não vive um
momento fácil, e para muitos de nós as escolhas não são muitas. Só que milhões
de brasileiros ainda acreditam que temos uma escolha. E as eleições do ano
passado mostraram que os brasileiros e brasileiras esperam dessa casa uma nova
atitude diante dos desafios do nosso País.
Enquanto a gente
fica aqui obstruindo o andamento de projetos que concordamos só pra marcar uma
posição política, tem 60 milhões de brasileiros que estão endividados e quase
13 milhões que estão desempregados. Enquanto a gente defende projetos de
interesse pessoal, que sequer sabemos se faz sentido ou não, 100 milhões de
brasileiros sequer tem esgoto coletado, quiçá tratado.
Enquanto a gente
fica fazendo ou situação pela situação, ou oposição pela oposição, tem cerca de
1,5 milhões de jovens fora da escola. Acredito que não foi por esse tipo de
atitude que os brasileiros depositaram esperança em nós no ano passado.
Independente
do nosso campo político, pessoal, direita, esquerda ou centro, precisamos
entender que a gente precisa criar e, de fato, produzir uma gestão pública
eficiente e inovadora, não importa se a gente é minoria ou maioria, o que
importa é que a gente precisa promover igualdade e oportunidade especialmente
através de uma educação de qualidade para o nosso país.
E pouco vale se a
gente é governo ou oposição quando o desenvolvimento socioeconômico do nosso
país está em jogo. Nós precisamos sim, pessoal, é nos debruçar sobre as
evidências científicas que existem sobre cada coisa, respeitando a vontade
popular e, claro, entendendo as consequências de cada política nos diferentes
contextos do nosso país.
Só assim,
construindo pontes e diálogo, é que a gente vai construir um país mais ético,
mais justo, mais desenvolvido e mais inclusivo para as próximas gerações. Muito
obrigado, presidente.
Felipe Rigoni é Deputado Federal.
Primeiro parlamentar cego, defende combate à corrupção. Discurso proferido no
dia 20 de fevereiro na Câmara dos Deputados.
2 comentários:
Mais um político a faltar à verdade.
Quase 13 milhões que estão desempregados? Somente?
Esses 13 milhões de desempregados, são as falsas estatísticas do IBGE, que refletem a falsa realidade socioeconômica que os políticos transmitem ao país e ao mundo.
Existem mais de 30 milhões, mas o sistema políticos brasileiro não o quer admitir.
Está no partido errado, pois, se quer defender o Brasil, não pode colocar sua energia em partido socialista. Essa conversa de diálogo é tática usada pela esquerda apenas quando ela está perdendo o poder. Quem defende essa "pacificação" quer manter o aparelhamento e impedir a reversão do quadro comunista.
Postar um comentário