Artigo no Alerta
Total – www.alertatotal.net
Por Antônio Góis
Diante da falta de respostas claras do
MEC, secretários estaduais de educação decidiram, a partir do Consed (conselho
que os representa), apresentar ao ministro um documento em que defendem uma
Agenda de Aprendizagem para o país. O texto deve ganhar adesão também da
Undime, órgão que congrega os dirigentes municipais de educação. Nele constam
os temas prioritários para articulação entre os entes federativos. Os
secretários já haviam enviado um ofício pedindo atenção a políticas de
financiamento voltadas para os ensinos médio, fundamental e infantil. Também
cobraram mais clareza sobre o rumo das avaliações externas. Um novo documento
ampliará essa lista.
Uma das principais preocupações
é em relação ao financiamento, pois o Fundeb (fundo essencial para garantir o
funcionamento da educação pública em Estados e municípios) acaba no ano que vem
e precisará ser aprovado no Congresso. Outro receio é o possível fim da
vinculação de recursos, o que pode tirar dinheiro que hoje é obrigatório de ser
investido no ensino. Completam a lista de prioridades a implementação da Base
Nacional Comum Curricular, melhoria da gestão escolar, incentivo à inovação, e
formação de professores.
Secretários estão preocupados
não apenas com as grandes diretrizes, mas também com a paralisia de ações
básicas. Independentemente do grupo que ganhará a queda de braço interna no
MEC, há rotinas que precisam ser tocadas na máquina federal. Uma delas é o PAR
(Plano de Ações Articuladas), por onde o ministério informa quais programas (e
quanto) serão oferecidos para Estados e municípios. Os pedidos por recursos são
feitos por meio por uma plataforma chamada Simec (Sistema Integrado de
Monitoramento, Execução e Controle). Estamos quase no final de março, e
técnicos das secretarias reclamam que não estão conseguindo fazer os pedidos ao
Executivo federal, o que compromete obras, compras de materiais, e outras
necessidades básicas.
Em sua coluna no Estadão, a jornalista Renata Cafardo enumerou
outras ações em suspenso, como o atraso no edital de compra de livros didáticos
do ensino médio e as diretrizes para avaliação da educação infantil, da
alfabetização no 2o ano, e de Ciências no 9o ano. Há no setor
educacional quem duvide que todos esses exames, que já estavam previstos no
calendário, realmente sairão do papel este ano.
Após tantas trapalhadas em série
– a maioria, diga-se, causadas por ele mesmo –, e sem autoridade sequer para
nomear seu secretário-executivo, é surpreendente que o ministro Ricardo Velez
Rodriguez ainda permaneça no cargo. A indefinição sobre os rumos do MEC,
causada pela guerra interna entre diferentes grupos, só agrava o quadro de
paralisia no organismo que deveria estar justamente pactuando e apoiando ações
com Estados e municípios.
Um dos mais básicos princípios
de gestão é a constatação de que, sem um mínimo de alinhamento dos principais
atores a respeito dos grandes objetivos a serem alcançados, nenhuma organização
– seja ela uma escola, uma empresa ou um ministério – consegue ser exitosa.
O núcleo duro do Bolsonarismo,
representado no ministério pelos seguidores de Olavo de Carvalho, está dobrando
a aposta de confronto com os militares, o STF e a Câmara. Como a estratégia
coloca em risco a aprovação da reforma da Previdência, até o mercado financeiro
– que abraçou com entusiasmo a candidatura do ex-deputado – reage negativamente.
O rumo que o Presidente escolherá para o MEC dirá muito não apenas sobre a
política educacional do país. Revelará, também, para onde ele pretende levar
seu governo.
Antônio Góis é colunista de Educação de O Globo, onde o artigo foi
originalmente publicado em 25 de março de 2019.
2 comentários:
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro Paulo Guedes disse que esse é um governo que veio de fora do "establishment" e por isso não é uma transição suave, que esse barulho é natural. Afirmou que o fenômeno que está acontecendo no Brasil é algo virtuoso: a dinâmica de uma grande sociedade aberta. Depois de trinta anos de hegemonia da social-democracia, finalmente está aparecendo a outra perna. Que precisávamos de uma liberal democracia, como uma aliança de conservadores com liberais. Uma aproximação da ordem com o progresso: idéias liberais de um lado e uma agenda de costumes, de valores, de família, do outro. Disse que é uma democracia rica quando se tem essas possibilidades, que seria uma democracia pobre se tivesse só o outro lado; que tem uma democracia funcionando, com uma agenda de costumes de um lado. Lembrou que o presidente ganhou a eleição dizendo: "Brasil acima de tudo. Deus acima de todos" e o Paulo Guedes dizendo que vai privatizar; que foi essa agenda que ganhou a eleição.
Erro de jornalista infla retórica do governo contra a imprensa - Opinião e Notícia - 28/03/2019)
Jornalista da 'Globo' anuncia equivocadamente a demissão de Ricardo Vélez e infla a retórica do governo Bolsonaro contra a mídia.
http://opiniaoenoticia.com.br/brasil/erro-de-jornalista-infla-retorica-contra-a-imprensa
DEUS te abançoe e te livre da Globo!
Cuide dos teus comunistas aí no Inferno, Roberto Marinho.
É pau-mandado do Estadão na GNews, a feita apanhar e boa de cuspews, pau-mandado da Faliu de S.Paulo na BandoNews, nas noites de frio é melhor nem nascer, mas de calor é matar ou morrer e assim nos tornamos brasileiros.
--------
Obs.: comentários são postados na internet e fotografados para mostrar posteriormente qual a liberdade de expressão que convém ao corporativismo.
Postar um comentário