Já pensou de o Governo definir que só pode beber quem cantar o Hino Nacional
corretamente? Cachaceiros profissionais estão treinando...
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por H.
James Kutscka
O senhor
Emílio Odebrecht não tem cara de ser uma pessoa apreciadora de poesias; para
falar a verdade, de leitura nenhuma. Diria que apesar de ter Brecht no nome,
não aparenta ser nenhum Bertold.
O que me
leva a essa consideração é o fato de ter surgido na semana que passou, a
informação de que nosso ministro do STF Dias Toffoli, seria um tal de “amigo do
amigo de meu pai” na lista de propinas da Odebrecht segundo Marcelo (o filho do
pai).
Lembrei
Drummond: - Vou me embora para Passárgada. Lá sou amigo do rei lá tenho a
mulher que eu quero, na cama que escolherei.
Se
conseguiu a mulher que queria não sei, mas que conseguiu todas as obras que
queria, isso sabemos todos.
Também
sabemos quem era o rei amigo do pai do Marcelo, e agora ficamos sabendo que o
amigo do amigo está na presidência do STF, justamente por ter sido posto lá
pelo amigo do pai de seu delator.
Não sei o
que acharia disso Manuel Bandeira, mas para mim, é pura poesia.
E para que
não me acusem de monotemático por só falar de política, vamos seguir com a
poesia; Drummond já em 1928 vaticinava que haveria “uma pedra no meio do
caminho”.
Quem não
“tomou tento”, tropeçou nela noventa anos depois.
Na poesia é
muito utilizado um recurso chamado metonímia, que consiste em usar uma palavra
ou imagem literária, fora de seu contexto usual, por ela conter uma
continuidade objetiva com o assunto tratado.
O que me
leva a “Ismália” do grande Alphonsus Guimarães”:
“Quando
Ismália enlouqueceu
Pôs-se da
Torre a gritar
Viu uma lua
no céu
Viu outra
lua no mar”
Nosso
ministro não viu duas luas, mas também como Ismália, enlouqueceu e pôs-se da
torre a gritar.
Deverá ter
o mesmo fim dela na poesia. A única diferença é que sua alma não subirá ao céu.
Para
finalizar, como “as cinco da manhã a angustia se veste de branco e fica como
louca espiando o mar” na poesia de Vinícius
de Morais, já se fazendo tarde
e como não há por aqui nenhum mar para
espiar, me despeço dos caros leitores com dois trechos de Drummond, extraídos
da “Poesia de sete faces”, exemplo perfeito de metonímia; com eles pretendo demonstrar a
eventual inutilidade de meus protestos
contra a imoralidade da justiça nesse nosso país:
“O bonde
passa cheio de pernas
Pernas
brancas, pretas, amarelas
Para que
tanta perna meu Deus”
“Mundo,
mundo
Vasto mundo
Se eu me
chamasse Raimundo
Seria uma
rima
Não seria uma solução.”
H. James
Kutscka é Escritor e Publicitário.
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