Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Ricardo da Rocha Paiva
No
meu último artigo publicado no "Alerta Total", intitulado "A
Esperança, a Desilusão e o Compromisso", fui criticado por um cidadão nos
seguintes termos: -"Os milicos perdem o pelo mas não perdem o vício.
Na hora de nomear o Presidente da República e Comandante em Chefe, referem-se
ao "Capitão". O despeito fica evidente e muito mal disfarçado.". Ao
que repliquei, alto e bom som: - "Seu fulano, para falar sobre
"militâncias de milicos" o senhor precisava ser um soldado. Para seu
conhecimento, saiba que o posto de CAPITÃO no Exército, para muitos, inclusive
para mim, é considerado o mais significativo, o mais bonito, o mais empolgante.
Quem
já teve o privilégio de comandar companhias de fuzileiros, como eu, sabe muito
bem do que estou falando. Portanto, guarde a sua ignorância para si próprio e
não "dê pitaco" sem conhecimento de causa." Não declino o nome
do dito cujo: primeiro, porque teve a coragem de fazê-lo, ele mesmo; segundo,
porque devo agradecer a oportunidade que me deu para discorrer sobre o posto
que, na minha opinião, é "o mais bonito do nosso Exército".
Comecei
a imaginá-lo neste patamar, muito por influência de meu pai, que sempre assim
se referia ao grau intermediário da hierarquia militar. Imaginem então a
impressão que me causou o seu relato sobre o Capitão Everaldo, comandante de
uma companhia de fuzileiros do então 1 RI-Regimento Sampaio na FEB que, quando
sob fogo, não procurava abrigo com receio de causar má impressão aos
subordinados. Mas as razões para tal destaque na hierarquia são inúmeras na medida
em que, neste posto, o militar vocacionado, ainda jovem, sem perder a
voluntariedade do subalterno "sangue novo", acrescenta o
discernimento do amadurecido oficial intermediário, a partir de então,
responsável não só pelo desempenho operacional de uma companhia, mas já com
encargos no mister administrativo pertinente ao de uma subunidade.
A
partir daí, de sua competência profissional, além da performance na instrução,
vai depender também o bem estar de quatro pelotões. Seu escalão de comando,
além de soldados e graduados, já envolve o enquadramento de oficiais
subalternos, muito mais observadores e críticos no respeitante às virtudes
militares de seu comandante imediato. E os exemplos de capitães, verdadeiros
líderes vocacionados, não faltaram em nossas carreiras. Os meus, devo lembrá-los
pelo nome de guerra, posto que minha memória, aos "71"anos,
infelizmente, me impede de chamá-los a todos pelo nome completo, sob pena
de cometer um deslize sem retorno.
Em
assim sendo, saúdo, com admiração e respeito: o Capitão Flávio, meu comandante
de companhia na EPCEX, exigente mas, sobretudo, paternal no trato com seus
alunos; o Capitão Negrão, meu comandante de subunidade na AMAN, sempre
conselheiro e amigo de seus cadetes; os Capitães Murillo, Fornari e Escalante,
não me comandaram diretamente mas os admirava à distância pelo que
representavam para seus cadetes de infantaria (Murillo) e do segundo ano básico
(Fornari e Escalante); Capitães Menezes e Lemos, meus comandantes na companhia
operacional/CIA OP do 17 RI, o primeiro, que liderava nos moldes do General
Osório, e o segundo, que o fazia no espelho do Duque.
Quanto
ao meu tempo no posto, só tenho saudades. Assim como muitos companheiros,
comandei sempre companhias de fuzileiros; fui S/2, S/3, instrutor-chefe de CFS
e de NPOR. Nestas funções, como tantos companheiros, me realizei profissionalmente,
tendo muito orgulho de tê-las no meu currículo.
Portanto,
ao senhor que me criticou, devo dizer que "seu tiro saiu pela
culatra", mas serviu, sim, de grande valia, para enaltecer o Capitão da
"poderosa" arma de artilharia, hoje guindado pelo voto do povo à
chefia da Nação e ao Comando Supremo de nossas FFAA.
Paulo
Ricardo da Rocha Paiva é Coronel de Infantaria e Estado-Maior, na reserva. AMAN
1969.
Um comentário:
Sua resposta é prova de que o tiro não saiu pela culatra.
Posto de Capitão é "bonito"?
Faça-me um favor.
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