Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por H. James Kutscka
Diante da
absurda lista de produtos colocados em licitação para alimentar nossos
ministros do STF, manifestação ostensiva de desdém para com os milhões de desempregados e carentes de
educação e saúde que imploram por migalhas
de dignidade em nosso território nacional, lembro de François Rebelais,
mas antes de falar dele, passo a reproduzir
na integra a “singela” licitação para quem ainda não tenha conhecimento
dos “saborosos” detalhes:
Todos itens
necessários (não especificados, mas claro do conhecimento óbvio dos “chefs” que
irão prepará-los para o desfrute de suas majestades) para pratos como bobó de
camarão, camarão à baiana e medalhões de lagosta com molho de manteiga negra. A
licitação exige ainda que sejam colocados à mesa bacalhau à Gomes de Sá, siri,
moqueca (capixaba e baiana), arroz de pato. E que não faltem, vitela assada;
codornas assadas; carré de cordeiro, medalhões de filé e “tournedos de filé”,
com molho de mostarda (imagino que Dijon original Maille no mínimo), pimenta,
castanha de caju e gengibre.
A carta de
vinhos então não fica atrás.
Se for
vinho tinto fino seco, tem de ser Tannat ou Assemblage, contendo esse tipo de
uva, de safra igual ou posterior a 2010 e que “tenha ganhado pelo menos quatro
prêmios internacionais”. “O vinho, em sua totalidade, deve ter sido envelhecido
em barril de carvalho francês, americano ou ambos, de primeiro uso, por período
mínimo de doze meses.”
Se a uva
for tipo Merlot, só serão aceitas as garrafas de safra igual ou posterior a
2011, e que tenha ganho pelo menos quatro premiações internacionais. Nesse
caso, o vinho, “em sua totalidade, deve ter sido envelhecido em barril de
carvalho, de primeiro uso, por período mínimo de 8 (oito) meses”.
Para os
vinhos brancos, “uva tipo Chardonnay, de safra igual ou posterior a 2013”, com
no mínimo quatro premiações internacionais.
Caipirinha
deve ser feita com “cachaça de alta qualidade”, leia-se: “cachaças envelhecidas
em barris de madeira nobre por um ou três anos.”
Destilados,
como uísques de malte, de grão ou sua mistura, têm que ser envelhecidos por
doze, quinze ou dezoito anos. “As bebidas deverão ser perfeitamente
harmonizadas com os alimentos”, descreve o edital para que não reste dúvida.
Após o
escândalo provocado pela divulgação de tal lista, o STF informou que
“o edital da licitação do serviço de refeições institucionais em elaboração
pelo STF, nada mais faz que reproduzir as especificações e características
de contrato semelhante, firmado pelo Ministério das Relações Exteriores (que
faz o cerimonial da Presidência da República)”, como se isso justificasse a farra
com o dinheiro público
Estamos
falando de mais de um milhão de reais para alimentar onze porcinos, sem nenhuma
competência provada para ocupar o cargo que ocupam, escolhidos apenas por sua
fidelidade aos criminosos que no posto os colocaram para garantir seu futuro
longe das garras da lei.
É aqui que
entra Rebelais, eventualmente tão desconhecido de nossa gente quanto as
iguarias anteriormente citadas, mas que tem tudo a ver com os acontecimentos.
Escritor
mais conhecido por sua obra "Os horríveis e apavorantes feitos e proezas
do mui renomado Pantagruel, rei dos dipsodos, filho do grande gigante
Gargântua".
A palavra
pantagruélico, tão usada na mídia atualmente, sempre que a dita licitação entra
em baila, vem daí, do gigante que saiu para a vida, matando com seu exagerado tamanho, sua mãe Badebec no
parto e seguindo sua sina delirante e grotesca pela vida, com sua força somente
comparada a seu apetite e torpeza.
O nome
Pantagruel significa “tudo adulterado” e também é o nome de um demônio do
“folcklore” inglês, que segundo a lenda, jogava sal na boca dos bêbados para
que assim sentissem sede e bebessem ainda mais.
Tudo a ver
com nossos “pantagrueis togados”, que estão matando a constituição que lhes deu
vida, mesmo que por vias tortas, pela qual pelo menos deviam zelar, enquanto se
alimentam em banquetes pantagruélicos, como glutões à custa do povo.
O livro de
Rebelais foi condenado pela Sorbonne e pelo Vaticano, por ser considerado
obsceno.
Qualquer
semelhança com nossa realidade não será mera coincidência.
Obsceno
nosso atual STF também o é, deveria ser extirpado e os nomes de seus atuais
componentes, relegados ao ostracismo pelo bem do povo.
Enquanto isso, nas esquinas de São
Paulo, vejo gente com pedaços de papelão, onde trazem escrito o resultado de
dezesseis anos de governo socialista:
- Me ajude tenho fome!
H. James Kutscka é Escritor e Publicitário.
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