Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Daniel Cavagnari
As pessoas foram pegas de surpresa pela
popularização do blockchain, tecnologia que dá suporte ao uso das criptomoedas,
e muitas vezes não se aventuram nesse mundo por não o compreender. Blockchain
significa, simplesmente, “livro-caixa”. Apesar da aparente dificuldade, podemos
facilitar o entendimento dessa recente tecnologia financeira ao compará-la com
os antigos blocos de papel em que anotávamos a movimentação financeira das
empresas.
Imaginemos um tempo muito antes da internet e
até mesmo da impressão em massa. Um empresário e comerciante, que busca
transparência e segurança nos seus negócios, cria um sistema de registro de operações
financeiras. Ele anota todas as entradas e saídas do mês em um livro-caixa, que
vamos chamar de “bloco”.
Para garantir a segurança, ele elege seis
funcionários que terão cópias do livro-caixa, chamados de “mineradores”. Toda
vez que uma transação é realizada, eles fazem o registro em seu respectivo
livro. Por segurança, os livros são fechados com uma chave e escritos em um
código — em outras palavras, podemos dizer que eles são criptografados.
Ao final do mês, é feito o fechamento do livro
(ou do bloco). Ele recebe um código identificador, que é anotado na edição
anterior e também na próxima, criando uma corrente de blocos — ou, em inglês,
blockchain. Após o fechamento, uma cópia do livro é enviada para todos os
fornecedores e clientes. Caso alguém queira burlar alguma operação para
benefício próprio, precisaria fazê-lo em todos os livros, inclusive nos
originais. Além disso, teria que roubar as chaves e decifrar o código dos
livros pertencentes aos mineradores — ou seja, burlar sua criptografia.
No meio digital, isso acontece de forma muito
rápida. Toda transação de criptomoedas é registrada nos blocos pelos
mineradores e torna-se pública instantaneamente via internet. Quando um bloco é
finalizado, recebe seu código e um novo é aberto. Para realizar modificações no
bloco, os mineradores contam com uma senha e uma criptografia digital, o que
garante a segurança. Para “hackear” uma operação, uma pessoa mal-intencionada
precisaria descobrir todas as senhas, decifrar a criptografia e modificar as
cópias do bloco em questão — a que está pública e as que pertencem aos
mineradores.
Todo esse sistema garante uma forte segurança
e transparência no processo de entrada e saída, ou de compra e venda. Estamos
habituados a uma instituição central que faça a certificação das operações: um
banco ou uma instituição financeira. Toda nossa confiança é depositada nela.
Todavia, o esquema do blockchain descentraliza os registros das operações.
Até o momento, essa logística é utilizada
apenas para o mundo financeiro, mas pode ser facilmente expandida para outros
serviços, como os notariais. Em vez de ter apenas um cartório que armazene uma
certidão de nascimento, por exemplo, ela pode ser armazenada digitalmente por
vários cartórios. Assim, para emitir a segunda via de seus documentos, os
cidadãos poderiam recorrer a mais de uma instituição.
Em suma, o blockchain nada mais é do que o
antigo sistema de registro em livros-caixas potencializado pelas novas
tecnologias e por um inteligente — mas simples — esquema de logística. Seu uso,
até o momento restrito para o mercado financeiro das criptomoedas, pode ser
adaptado para os mais diversos mercados e serviços. A expansão do blockchain
depende apenas da criatividade e da vontade das organizações, das empresas e
das pessoas.
Daniel Cavagnari é coordenador do
curso de Gestão Financeira do Centro Universitário Internacional Uninter.
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