Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Sérgio
Pinto Monteiro
A Globo News acaba de reexibir, o que tem feito reiterada e
cansativamente nos últimos anos, uma produção da PEQUI FILMES que esteve na
tela de alguns cinemas em março de 2013, sendo que uma versão anterior foi
exibida na televisão, dividida em três episódios de 26 minutos. O filme, de
2012, tem um falso perfil de documentário. É notório o seu comprometimento
ideológico. Basta observar que o roteiro é do jornalista e escritor Flávio
Tavares que ao lado do filho, o cineasta Camilo Galli Tavares, mexicano de
nascimento, produziu e dirigiu o “documentário”.
Ora, Flávio Tavares participou da luta armada contra os governos
militares e foi um dos quinze presos políticos trocados pelo embaixador
norte-americano Charles Burke Elbrick, sequestrado em 1969 por grupos armados
da esquerda brasileira. Tal circunstância, evidentemente, não permite concluir
que a “obra” cinematográfica, nem mesmo a literária, possua a isenção que dela
se poderia - e deveria - esperar.
O filme defende a tese de que o governo dos Estados Unidos teve uma forte
participação no planejamento do movimento contrarrevolucionário de 1964. O
diretor teria se beneficiado de farta documentação cuja divulgação foi
supostamente autorizada pelos americanos, face à lei local de publicidade de
documentos confidenciais e secretos.
Nada de novo, portanto. Hoje tais informações estão disponíveis em
variadas fontes. Historicamente, o “documentário” peca em múltiplos aspectos. O
primeiro, e talvez o mais relevante, é não contextualizar as ações e
procedimentos governamentais dos Estados Unidos. Em 1964 o mundo era
politicamente bipolar. Americanos e soviéticos - e seus aliados -
encontravam-se sob os efeitos da chamada “guerra fria”. Pouco antes, na crise
dos mísseis soviéticos em Cuba, estivemos muito próximo da terceira guerra
mundial. A URSS havia fincado posição em Cuba e dava suporte a movimentos
“nacionalistas” que pudessem fortalecer o comunismo em todo o mundo. Na America
latina, o Brasil foi o alvo prioritário dos soviéticos. Como era de se esperar,
os agentes de inteligência, de ambos os lados, atuaram intensamente nessas
áreas.
Curiosamente, foram vistos, em certo momento, almoçando no mesmo
restaurante em Foz do Iguaçu. Claro, em mesas diferentes. Obviamente, os seus
respectivos governos acompanharam e procuraram intervir nas políticas locais,
buscando a tomada ou a manutenção do poder.
Os documentos do governo americano divulgados no filme retratam
exatamente tais ações e procedimentos. Nada, portanto, que possa ser classificado
como algo estranho ou incomum, como se procura “denunciar” no “documentário”.
Os arquivos da antiga União Soviética, se permitidas pesquisas sobre o tema - o
que é improvável - certamente revelariam atividades semelhantes.
Por outro lado, a sutileza tendenciosa da narrativa - e de várias
sequências do filme - tenta induzir o espectador à conclusão de que as forças
armadas brasileiras teriam se submetido aos interesses do governo americano, o
que é falso e fantasioso. Devemos lembrar que a segunda guerra mundial havia
nos aproximado fortemente dos Estados Unidos. Fomos aliados e lutamos juntos
contra o nazi-fascismo. Portanto, era de se esperar que os chefes militares
brasileiros, em sua esmagadora maioria, vissem os americanos como amigos e, via
de consequência, contassem com o seu apoio na eventualidade de uma indesejável
- mas possível - confrontação interna.
Mas daí a se concluir que os Estados Unidos participaram do
“planejamento” da contrarrevolução de 1964 há um fosso intransponível. Na verdade,
a “Operação Brother Sam”, nada mais foi do que um plano para apoiar,
logisticamente, as forças armadas brasileiras em caso de necessidade e mediante
solicitação do nosso governo.
Muitas outras críticas poderiam ser dirigidas ao filme. Uma delas, extremamente
relevante, seria referente à total e completa OMISSÃO dos roteiristas aos
ATENTADOS TERRORISTAS praticados pela esquerda rebelde que, em última análise,
foram os responsáveis pelo endurecimento do regime e prolongamento do período
dos governos militares.
A história dos idos de 64 está contada em vasta literatura e farta
documentação. Depoimentos de inúmeras personalidades e lideranças da época,
inclusive da própria esquerda, comprovam, inequivocamente, que os derrotados
desprezavam a democracia e lutavam contra ela, eis que pugnavam pela
implantação no Brasil de uma ditadura do proletariado, com um regime
comuno-sindicalista. Esquerdistas históricos, como Jacob Gorender, Daniel Aarão
Reis Filho, Renato Lemos, Denise Rollemberg, Fernando Gabeira e outros,
reconheceram, explicitamente, que a esquerda não lutava pela democracia.
É impossível reescrever a história à revelia dos fatos. A mídia
brasileira, em especial as Organizações Globo, que sob a liderança do patriarca
Roberto Marinho apoiaram o contragolpe de 64 e hoje prestam um desserviço à
nação numa perniciosa e constante atuação contraria aos legítimos interesses do
país, deveriam ser mais responsáveis ao abordar fatos históricos que
ainda produzem consequências no cenário atual. Quem sabe, substituindo a
falsidade do “O Dia que durou 21 anos” pela verdade insofismável do “PESADELO
QUE DUROU 13 ANOS, 2003 a 2016” e que quase destruiu o Brasil.
Um comentário:
Concordo plenamente!A substituição do nome do filme seria plausível diante de todos acontecimentos que afundaram nossa Pátria Amada Brasil
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