Artigo no
Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Paulo Rabello de Castro
Até
hoje não contabilizamos integralmente o que Juscelino Kubitschek representou
para o desenvolvimento do País e galvanização da identidade nacional. Os jovens
das novas gerações - a X, a Y e a do Milênio – mal conhecem a figura de JK, que
só não sucumbiu no completo esquecimento por causa da referência ocasional ao
seu nome, batizando ruas e praças pelo Brasil afora. Em São Paulo, JK é avenida
e shopping. Mas, afinal, quem foi esse brasileiro e como seria ele hoje, no
dizimado cenário atual de um País estagnado na economia, recessivo no seu
desenvolvimento humano e conflagrado em seu funcionamento político?
MEDIOCRIDADE é a palavra do momento. Nada define melhor o atual estágio de
nossas impossibilidades. Mas será que um JK redivivo poderia realizar a
reviravolta, aparentemente inviável, do resgate da alma nacional?
Tentar
resgatar aquele JK do desenvolvimento acelerado é o tema e propósito de um
extraordinário livro**, lançado este mês, em três volumes, pelo renomado
economista mineiro Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, uma antologia completa
de discursos, palestras, conferências, filmes e outras memórias do nosso
presidente mineiro. O enorme território de “imaginários” de JK, tudo que
Juscelino sonhou para o Brasil, é de uma vastidão e de beleza só comparáveis
aos Lençóis Maranhenses, à terra do Jalapão ou à Selva Amazônica. O volume
principal da obra seria um filme se não fosse o livro que é. São quase
seiscentas páginas de JK pra-lá-e-pra-cá, replicando, em parágrafos eletrizantes,
a energia e a capacidade de deslocamento físico do gestor público que amava
voar, numa época em que passear pelos ares era risco de vida, mostrando a
determinação de JK em adotar a inovação como meta e a eficiência como método,
para fazer o futuro acontecer mais celeremente e do modo como ele havia
planejado.
JK
foi prefeito, governador e presidente. Mas, sobretudo, foi um notável gerente
de vontades coletivas, bem diferente dos de hoje, que publicam fake news para
manipular a cabeça do povo. Pelo contrário, JK projetava sonhos na tela
imaginária da cabeça de cada brasileiro, e conseguia, simultaneamente, planejar
e faz executar esses sonhos na vida real. Vamos construir estradas? Vamos
conquistar a Amazônia? Vamos levar água e energia ao Nordeste? Vamos desbravar
o Centro-Oeste? Vamos criar cidades inteiras, barragens hidroelétricas, linhas
de transmissão? Vamos montar parques industriais? Vamos revolucionar a
educação? Vamos projetar no mundo a cultura do Brasil? Vamos ganhar Copas no
esporte? Vamos receber turistas com sorrisos, música e boa comida? Tudo isso
era Juscelino.
Nesse
sentido, a obra literária é concebida, num grande mosaico, por meio de curtos
trechos de discursos de JK, como um filme de cenas rápidas com cortes abruptos,
que nos leva pela narrativa em suspense, na primeira pessoa do próprio, desde
sua infância pobre e estudiosa na bucólica Minas do passado quase remoto, até o
Palácio do Catete, no dia da sua majestosa diplomação presidencial e, dali, ao
grande salto do Brasil nos seus “cinquenta anos em cinco”. A narrativa do livro
foge ao convencional. Ali aparece um Juscelino embaralhado e embrulhado em
Nonô, em JK, em peixe vivo, em pé de valsa, em artista do impossível, tudo de
cambulhada sobre a alma de um leitor despreparado para defender-se daquele
motivador emérito da alma humana, que sabia convocar o que há de melhor em nós,
de nos inspirar a enxergar os piores desafios como se fossem obstáculos fáceis
de transpor ou montanhas simples de escalar. Pela mão e pela pena convincente
de Juscelino, percorremos vastos territórios de um país apenas sonhado, em que
trabalhadores motivados prosperam ao embalo de indústrias que se fundam, uma
após outra, espalhando oportunidades para todos os lados, num país a que
acorrem, entusiasmados, capitais europeus, japoneses e norte-americanos,
atraídos por participar de um projeto de construção coletiva, imaginado e
pontuado em 30 Metas de um plano monumental de desenvolvimento, o seu Plano de
Metas.
Excessivo?
Sem dúvida, pois JK nunca fez por menos. Seu delírio bom e grandioso sempre
esteve em cada gesto e ato do estadista. Parte do sonho dele ainda se
transfere, nos desesperados dias atuais, como bálsamo a brasileiros
desencantados. A vivência dos embalados anos 1950 se transfere, no livro, do
papel para a pele dos leitores, que ouvem de novo a bossa nova, que se arrepiam
com os gritos de gol nos campos do futebol-arte, que respiram o ar pesado e
lucrativo das chaminés paulistas, e que saem dos canos de descarga de uma
imensa frota de veículos made in Brasil. Que tempos extraordinários! Seria
possível de algum modo repeti-los? Ficamos matutando se os feitos de JK
poderiam de novo saltar da prancheta do pensamento de alguma liderança política
para imaginar e projetar outro grande avanço do País. Este livro do próprio JK,
“psicografado” por Carlos Alberto, nos responde que sim, apesar da realidade
atual ser a de um país esvaído por milhões de desempregados, acossado por
malfeitos, descaminhos e, pior, aleijado pelas incapacidades.
Haveria
tempo? Para JK, sim, sempre haveria. Lembrando Einstein, a imaginação é mais
poderosa do que o conhecimento, porque pula etapas. E o Brasil, inspirado e
guiado pelo exemplo de um JK, não precisa avançar por etapas convencionais.
Pode produzir uma espantosa virada. Pode progredir por saltos inverossímeis.
Pode produzir soluções impensadas, pode incorporar milhões a um desenvolvimento
sem paralelo. Sem deixar ninguém para trás. Querer, e crer ser possível fazer,
são as premissas de um Brasil transformado e turbinado pela esperança. Nesse
outro Brasil, o exemplo de vida de Juscelino Kubistchek tem que ser contado e
recontado a gerações sucessivas de brasileiros. Parabéns a Carlos Alberto pela
iniciativa de um livro especial que nos reeduca para saber querer e a crer.
Indicação de leitura: (**) “Juscelino Kubitschek, Profeta do Desenvolvimento”, de Carlos
Alberto Teixeira de Oliveira, Mercado Comum, 2019.
Paulo Rabello de Castro é
economista. Prefaciou a obra em comento. rabellodecastro@gmail.com
4 comentários:
"Haveria tempo? Para JK, sim, sempre haveria. Lembrando Einstein, a imaginação é mais poderosa do que o conhecimento"
Tem que ter muita imaginação pra defender esse senhor, que só não é considerado o Pai da inflação; porque ao construir Brasília (levar o poder para longe do povo), se transformou no patrono da corrupção. PS: O Zanin deveria convocar o articulista para ser testemunha do lula; O lula só imitou o JK ao dar isenção as montadoras.
50 anos de inflação em 5 anos de governo...foi o causador mor da situação que estamos vivendo...O caos no RJ foi causado pela mudança da capital para Brasilia...Numa imaginação a capital do Brasil no RJ numa cidade administrativa no mesmo RJ e os investimentos no interior não precisavam levar a capital para lá...Brasilia foi fruto da concepção de guerra antes dos misseis e aviões... Levar a capital fora do alcançe dos canhões navais... essa sempre foi a ideia desde a Colonia...assim foi a guerra aTÉ 1945... cOM OS MISSEIS E SUPERBOMBARDEIROS nada adianta a localização de uma capital.. gastamos dinheiro inutil e fizemos uma capital longe do povo...levaremos seculos para sair do atoleiro de Brasilia se é que um dia sairemos...ou o pais se desintegra em tres ou quatro....Brasilia daqui a alguns seculos voltará a ser floresta..para o bem do Brasil e dos brasileiros...
Sem deixar ninquém para trás? Consta que ele usou dinheiro da Previdência para financiar Brasília. E agora, querem uma reforma que joga o ônus sobre os contribuintes da Previdência porque dizem que ela é deficitária!
Sem deixar ninguém para trás? Consta que ele usou dinheiro da Previdência para financiar Brasília. E agora, querem uma reforma que joga o ônus para os contribuintes da Previdência porque dizem que ela é deficitária!
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