Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Daniel
Cavagnari
Nos anos 1980 e início dos anos 1990, a
inflação era tão alta (chegou a 2.708,2% no ano) que diziam que cada brasileiro
era um “economista em potencial”, justamente porque ele sentia e administrava a
constante falta de dinheiro.
Mas o que é inflação, afinal? Imagine um lugar
que produz bens avaliados para venda em R$ 1 milhão. Agora imagine que há
disponível na economia R$ 2 milhões para o consumo das famílias (eu disse
apenas para o consumo, excetuando-se qualquer tipo de poupança).
O resultado é
simples: como não posso atender a economia com poucos produtos e muito
dinheiro, eu ajusto os preços. Esses produtos são encarecidos para atender essa
demanda e passam a ser vendidos por até R$ 2 milhões. Pronto, o que custava R$
1, agora custa R$ 2. Demanda maior que a oferta. Ou, muito dinheiro na economia
procurando poucos produtos. Inflação.
Em julho de 1994 foi implementado o Plano
Real, que eliminou a possibilidade de uma hiperinflação no futuro e uma
catástrofe econômica maior ainda. Isso foi feito em três etapas: Programa de
Ação Imediata, que “preparou a casa” para a nova moeda; criação da Unidade Real
de Valor, pela qual o valor da moeda brasileira foi equiparado ao do dólar; e
por fim a implantação da nova moeda, o real.
Mas ao contrário do que as pessoas pensam, o
Plano Real não foi um decreto político ou uma decisão com resultados mágicos,
custou muito caro. Muito mesmo. E me refiro não à economia do Brasil, mas aos
que viviam nela e que somavam efetivamente valores ao Produto Interno Bruto
(PIB), ou seja, os empresários e as famílias.
De qualquer forma, fazer sacrifícios faz parte
da nossa vida para se obter progresso e foi isso que aconteceu na implantação
do Plano Real. Antes do seu lançamento vários processos haviam sido
implementados. Destaco a seguir alguns dos principais:
– Cortes nos gastos públicos;
– Combate à sonegação fiscal;
– Privatizações;
– Política cambial e crédito internacional.
O período de maturação do plano foi até o ano
de 2004. Nessa década o desemprego saltou de 5,03% para 12,57%. O PIB registrou
crescimento tímido e chegou a ser negativo em 2003 (-0,20 %). A eliminação
imediata da inflação também custou aos cofres públicos, cuja dívida cresceu
significativamente — de R$ 153,2 bilhões em 1994 para R$ 946,7 bilhões em 2004.
Note ainda que a política cambial aplicada
(manter o valor do real próximo ao do dólar), evitando principalmente a
desvalorização do real ou especulação pelo dólar, apesar de baratear a
importação de bens, também desaquecia o mercado interno (importações maiores) e
desestimulava o mercado de exportações.
Até o início do Plano Real, a balança
comercial tinha um desempenho médio positivo (vendíamos mais para o exterior do
que comprávamos). É como se recebêssemos mais salário do que gastássemos em
despesas cotidianas.
Depois da implantação do Plano, a queda foi
tanta que desequilibramos a balança comercial, ou seja, passamos a importar
mais do que exportar. Foi o resultado de manter artificialmente a nossa moeda
(Real) equiparada ao dólar.
Enfim, o Plano Real e sua história demonstra que
qualquer decisão política e econômica, de alto impacto e longo prazo, não nos
possibilita colher frutos instantâneos, necessitando de anos de maturação e
sacrifício.
Daniel Cavagnari é coordenador do
curso de Gestão Financeira do Centro Universitário Internacional Uninter.
Um comentário:
Antes nos sabíamos como dançar na frigideira, mas no REAL nos fomos cozidos como sapos (fervidos aos poucos). Só faltou os DOIS vagabundos (lula e FHC), exigirem os comprovantes de salario mínimo, férias, 13.0, fundo de garantia,; dos chineses que acabaram com a indústria brasileira. Vamu di musicao (é hora de descontrair), que a conta d'agua tá paga, o gás tá cheio e o fogão é novo. https://www.youtube.com/watch?v=-aIxBDGP_KQ
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