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Por Aurílio Nascimento
Todos os dias, nas redes sociais, na TV, nos jornais, nas revistas, no rádio,
somos apresentados a especialistas em segurança pública. São juristas, ólogos,
estudiosos que, sob o olhar triste dos entrevistadores, desfiam teorias,
argumentos sobre a criminalidade. Em regra, o eixo da justificativa é sempre o
mesmo: pobres, favelados, negros comentem crimes por não suportarem mais as
condições de exploração impostas por uma elite branca, gananciosa, que detesta
os menos favorecidos.
Não apenas estes "especialistas", mas todas as pessoas
alinhadas com a tal agenda progressista repetem a ladainha. Márcia Tiburi,
candidata ao governo do Rio de Janeiro por um partido radical de esquerda,
afirmou em entrevista que o assalto possuía uma lógica, e explicou: as pessoas
são contaminadas pelo capitalismo, querem possuir um bem e, sem condição para
tal, partem para o assalto. Se na busca pelo bem alheio matam, pouco importa.
Como gosto muito de carros, estou pensando em sair às ruas e pegar, sob a
mira de uma pistola, alguma Mercedes, uma Ferrari para mim. Quem sabe não terá
problema, caso chame alguns amigos e invada uma cobertura na Viera Souto e
passe a morar lá. Afinal, de acordo com a lógica da Tiburi, se não posso
comprar, é justificável tomar à força.
Os argumentos progressistas escodem, por cinismo e conivência, o mais
importante vetor do crime: todos os que de forma aparentemente legal,
protegidos pela lei, são os maiores fomentadores da criminalidade. Esta semana,
a Polícia Civil e o Ministério Público realizaram uma operação para
desarticular uma quadrilha que impunha o terror no Norte do estado, quadrilha
chefiada por um preso. Extorsões, assassinatos, cobrança de todos os tipos,
ameaças. Mais de sete dezenas de mandados de prisão, e outro tanto de busca e
apreensão. Entre os presos, uma advogada. De acordo com as notícias publicadas,
era ela que intermediava contatos, planejava ações.
Em 2103, portanto há seis anos, essa mesma advogada foi acusada de
planejar o resgate de trinta presos. De acordo com a confissão de um dos
marginais envolvidos, a advogada monitorou o comboio que transportava os
presos, transmitindo on-line o trajeto dos veículos. Na rodovia
Niterói-Manilha, marginais atravessaram dois caminhões na pista. Houve um
confronto com os agentes penitenciários. O resgate não obteve sucesso. Porém,
um agente penitenciário foi morto pelos bandidos.
A tal advogada foi indiciada pelo homicídio e participação no
planejamento do ataque. Porém, continua até os dias atuais, mesmo sendo presa
esta semana, com seu registro na OAB normal, atuando como se nada demais
tivesse acontecido.
As entranhas do crime estão aqui. Condutas perniciosas, criminosas,
protegidas pela lei.
Esta semana, também, a deputada federal Bia Kicis apresentou o projeto de
lei nº 3.787, o qual obrigaria aos advogados declarar a origem dos honorários
recebidos. Não é a primeira tentativa de criação de uma lei que tenta atingir
as entranhas do crime, os que se locupletam com o produto do roubo, da propina.
Louvável a iniciativa da deputada, embora não seja a primeira. Garanto: está
fadada ao insucesso. O forte lobby contrário vai berrar, e muito.
Todas as vezes que assisto ou leio um "grande advogado" tido
como defensor feroz dos direitos humanos, dos mais pobres, professor de Direito
festejado, sendo entrevistado, dando palestras, fico na dúvida entre rir e
chorar. Sei que ele defendeu criminosos do colarinho branco, os quais pagaram
fortunas em dinheiro vivo, sem nenhuma condição para tal.
Não há arrependimento, não há ética, não há moral. Exceto quando se fala
para o público. A verdadeira entranha do crime está entre eles. Como disse um
amigo, eles não usam barbeadores, usam lixa de madeira.
Aurílio Nascimento é
colunista do jornal Extra, onde o artigo foi originalmente publicado em 7 de
julho de 2019.
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