Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Dennis Nakamura
No último mês vimos uma movimentação incomum
(e agressiva) no setor das adquirentes ou “maquininhas de cartões” como são
mais comumente conhecidas.
No caso a Rede, vinculada ao Itaú,
anunciou que zerou a taxa de antecipação de recebíveis para quem quer receber
antes o valor pago à vista por seus clientes por meio de cartões de crédito e
débito, detalhe: desde que sejam correntistas Itaú.
Na mesma onda, SafraPay, do banco
Safra, PagSeguro também anunciaram o fim da cobrança desse tipo de
juros.
Com isso os papéis da Cielo, líder do
setor, tiveram queda de 2,61% na bolsa B3 (Brasil, Bolsa, Balcão -
antiga BM&F Bovespa). A PagSeguro e Stone, brasileiras
listadas fora do país também caíam na NYSE e NASDAQ,
respectivamente.
Segundo especialistas do setor, essa é uma
guerra de altíssimo risco, pois dificilmente essas grandes empresas se
recuperarão, e de acordo com a ABECS (Associação das Empresas de
Pagamento) o Brasil avançou de 5 milhões para mais de 8 milhões de maquininhas
apenas nos últimos dois anos, isso levou nosso país de 24,7 “maquininhas” por
mil habitantes para quase 28 por mil habitantes. Para se ter melhor idéia
Suécia tem 26 maquininhas por mil habitantes, França tem 22, Rússia tem 12,
México e África do Sul têm 7 cada.
A nova corrida do ouro e os novos garimpeiros.
Mas por que temos visto tanto esforço e
investimento de novas empresas como Stone,PagSeguro (UOL), SafraPay para
entrar e abocanhar uma fatia desse mercado antes dominado por Cielo (BB
+ Bradesco), GetNet (Santander) e Rede (Itaú)?
Respondo. Primeiro começou com a inclusão de milhares,
se não milhões de micro e pequenas empresas na digitalização e bancarização de
suas operações, antes restritas às empresas de pequeno, médio e grande porte.
Ontem mesmo tive uma experiência um tanto inusitada, ao menos para mim. Após o
almoço, próximo da Av. Paulista, comprei um docinho de R$ 3,00 numa dessas
barraquinhas de doces da rua com pagamento em cartão de crédito, algo
inimaginável 10 anos atrás. Outro fator importante é a baixa eficiência e
dinamização necessária desse setor financeiro em nosso país.
Em segundo lugar, estamos vivendo uma época na
qual quem tem o canal de vendas tem o poder. Já passamos pelos períodos em que
os poderosos tinham processos, depois escala, depois marca, e agora estamos na
era da informação e conexão. Vamos analisar o caso dos celulares, a Apple e
o Google têm quase todo o mercado de celulares do mundo através de
seus softwares iOS e Android, respectivamente. Isso faz com que
eles tenham o poder de coletar dados e compartilhá-los com quem eles quiserem e
por quanto eles quiserem. Se alguém quer criar um aplicativo (app) para coletar
dados, precisa primeiro da autorização dos gigantes da tecnologia, se quiser
vender algo, idem.
No caso das maquininhas, é simples, quem tiver
a maior quantidade de maquininhas espalhadas pelo país e maior volume
transacionado internamente por seus sistemas, vence. Vence pois essa empresa
terá maior capacidade de criar novos produtos e serviços e fazer o famoso
cross-selling, quando você usa um produto para vender outro (não confundir com
venda casada). Quem nunca recebeu uma mensagem do Uber recomendando
que você testasse o UberEATS e vice-versa?
Inovação: a transformação dos smartphones em
maquininha de pagamento
Anos atrás vimos a PagSeguro lançar
uma maquininha de pagamento para ser acoplada ao smartphone. Hoje, com as
carteiras virtuais (virtual wallets), cada celular já é uma potencial
maquininha.
De uma forma mais escondida, através de formas
de pagamento online, um dos métodos de pagamento de e-commerce, 99, Uber, UberEATS, iFood, Rappi e
outros já estão educando os consumidores a pagarem usando apenas seu celulares,
e a história do poder também é valida para eles.
iFood começou repassando os valores
transacionados pela plataforma para os restaurantes após até 45dias da compra
do cliente, Uber repassa semanalmente, 99, após até 2 dias em
seu cartão de crédito pré-pago, e como vimos, isso permite a cobrança de juros
por adiantamento de recebíveis p.ex., além da possibilidade de outros serviços.
Atualmente as empresas que estão gastando
dinheiro com o próximo nível de educação de consumidor quanto ao meio de
pagamento, é o Mercado Livre, NuBank e a Rappi com os
novos formatos de pagamento por QR Code.
Reparem que Mercado Livre e Rappi oferecem
descontos para os clientes que baixarem seus apps e utilizarem para pagar
compras e serviços em estabelecimentos pré-selecionados.Mercado Livre,
através do Mercado Pago dá um passo além e ainda nos incentiva a
aplicarmos nosso dinheiro tocando na opção “Render meu dinheiro” dentro de seu
app. E oNuBank ainda possibilita que qualquer correntista possa fazer
cobrança por QR Code de qualquer outra pessoa.
O próximo passo: Blockchain
Além dessas em meios de pagamento, sabemos que
uma nova plataforma de informações vem criando forças: o blockchain. Não vou
usar o tempo de vocês para explicar (de novo) o que é blockchain e
criptomodeas, apenas vou falar sobre suas vantagens básicas no mundo
financeiro, e essa é uma corrida que deve começar em breve. (Quem quiser ler
mais sobre Blockchain, aqui está um link simples sobre: https://ciberia.com.br/blockchain-para-dummies-finalmente-uma-explicacao-simples-31068 )
No mundo financeiro, blockchain permite que
ganhemos algumas praticidades:
Segurança e rastreabilidade: as fraudes em
plataformas de blockchain são extremamente difíceis de se fazer, por isso
dizemos que é um sistema praticamente anti-fraudes e isso deve reduzir um pouco
as ações dos bandidos, pelo menos no começo.
Também facilitamos a transação entre
fronteiras e países. Claro que os países não definirão que o Bitcoin é sua
moeda principal, mas mesmo que cada país crie a sua criptomoeda oficial, não
teremos mais que nos preocupar e gastar tempo para verificar códigos swift,
cotações do dia, pois tudo é realizado em minutos de forma prática e
automática, atualmente essa transação tradicional pode levar até 3 dias.
A contabilidade ficará mais fácil, uma vez que
é um sistema mais seguro e as transações são únicas, pois têm menor chance de
erros de processamento e praticamente não haverá mais dúvidas se a sua TED foi
realizada ou não.
Alguns restaurantes e outros comércios já
começaram a aceitar pagamento em bitcoin 2 anos atrás aqui nas terras
tupiniquins, e esse volume de “lojas” tem aumentado com o passar do tempo. Como
eu disse, se será o bitcoin ou o e-Real eu não sei, mas é uma tecnologia que
está começando a crescer e mudar o mercado.
Um ponto ruim é que no Brasil
existe apenas o recém nascido Banco Pitaya que já enxerga e está trabalhando em
plataforma de blockchain para fornecer essas facilidades e segurança para o
consumidor. Inclusive as maquininhas de pagamento em blockchain já devem estar
saindo do forno também.
Conclusão
Não apenas no Brasil, mas os bancos do mundo
inteiro são ruins de valores, taxas, serviços e produtos e têm sido lentos para
se inovar, isso deu grande abertura no mercado para que essas novas adquirentes
e startups avançassem para morder uma fatia do seu bolo. E isso tem incomodado.
Apenas em 2018, esse mercado de pagamentos
móveis cresceu mais de US$ 1 trilhão. É um mercado vasto.
Se você tem um negócio digital ou está
iniciando um, não se esqueça: quem tem o canal de vendas ou a informação, tem o
poder.
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Dennis Nakamura, 36 anos, é empreendedor. Apaixonado por empreendedorismo, tecnologia e comida.
7 comentários:
Dennis.
Parabéns pela sua matéria. Eu que trabalho no ramo de meios de pagamentos eletrônicos, sei o quanto este mercado cresceu e que se um dia foi dito que os cartões iriam eleiminar os cheques (coisa que foi motivo de chacotas) hoje eu afirmo que os cartões de pláticos, com chip ou tarja, tambem estão com seu dias contatos. A pouco menos de dez anos era difícil o comerciante que se dispunha a aceitar cartões de crédito ou débito, além das altas taxas cobradas também tinham os custos de hardware e software para supermercados. Depois surgiram os cartões alimentação, substituindo as cestas básicas. A seguir os cartões refeições, benefícios, presentes, etc. Juro que gostaria de ver a cara daqueles que um dia falaram que eu viajava na maioneze.kkkkk
Parabéns mais uma vez pela sua visão futurista, coisa que também tive quando tinha a sua idade.
Abs.
Quando meu avô morreu eu era criança. Uma das poucas falas dele (que eu me lembro) era: Ide neroruzumies nitchorro, ya rrozumio uuxchô (Você não traduz/entende nada, eu entendo tudo). Aí, eu perguntUs (duas perguntas), se um viado que nem Russo é, invadiu o celular da pessoa que possui o cargo mais importante do MUNDO (ministro da justiça do Brasil). Se o sistema vai pro saco, os back ups [bêcaps], também podem estar com gonorreia?
Ai você me IFOOD. Uma das vezes que mais me doeu quando o sistema me IFOODeu, foi quando eu comprei uma (1) linha telefônica (em 36 meses) e aluguei quinze aparelhos de bip.
Vodka pura. Esse teclado é muito lento (não acompanha o raciocínio).
Me ocorreu lembrar a época em que estes mesmos vagabundos subornaram (acho que o nome politicamente correto é looby) os políticos para proibirem o "cara que te vendeu o doce" de te cobrar o custo do lóbby da maquininha; por isso ele não lavou a mão (depois de cagar) antes de fazer o doce, e usou a agua da bacia (que ele passou o pano no chão) pra fazer o doce.
" o que é blockchain e criptomodeas, apenas vou falar sobre suas vantagens básicas no mundo financeiro, e essa é uma corrida que deve começar em breve."
Corrida ? O nome correto é pirâmide. Quem chegar primeiro recebe, os demais só pagam.
O problema de usar essas maquininhas é que por causa de usar elas nas vendas muitos estão caindo na malha fina e ficando em apuros com o fisco.
Daqui há pouco se continuar nesse passo vai ter mais ¨maquininhas¨ do que gente com cartão de crédito.
Parece que quase 70% dos CPFs estão no SPC ou SERASA.
Cada vez menos gente tem cartões e com esse tal de SCORE menos gente ainda vai ter condições de ter um mesmo ¨limpando¨ o nome.
De que vai adiantar ter a ¨maquininha¨ se ninguém vai ter cartão?
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