Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por H. James
Kutscka
No artigo
dessa semana, peço licença aos meus leitores para dar uma breve pausa no falar
da vida alheia, e falar um pouco sobre mim mesmo, levando em consideração que
não vão se importar que eu esqueça um pouco as canalhices do STF, da OAB, do
Congresso e das mídias progressistas; então vamos lá:
Era o
princípio dos anos setenta, época de ouro da publicidade.
Eu era
diretor de arte de uma agência de propaganda em São Paulo, que detinha em seu
portfolio as - na época - prestigiosas contas do, Jockey Club de São Paulo,
Móveis Hobjeto, Hope, Basf e outras de menor porte. Havia ganho o prêmio
Colunistas, o então mais importante prêmio da publicidade brasileira, com todas
as citadas, e minha campanha “Grave com Basf e agudos também”, onde em diversos comerciais de 30 segundos, pela
primeira vez mostrava de forma visual, graves e agudos; para meu orgulho, era
objeto de estudos de semiótica na Universidade Sorbonne em Paris.
Dirigia um
dos somente 500 Pumas conversíveis fabricados por ano, e que para usufruir de
tal “privilégio”, havia que entrar na fila e pagar uma entrada adiantado, tal a
procura. Ganhava muito bem e vivia no que se chamava “Sul Maravilha”.
Estava a um
passo de entrar na J. Walter Thompson, onde me tornei parte do seleto grupo que
hoje pode ser visto na serie de Televisão Mad Man (acrescentaram um M à
expressão Ad Man, publicitário, e a transformaram em homens loucos). Éramos
todos um pouco, mas antes disso, quis o destino que eu tomasse um banho de
realidade e humildade.
Um amigo,
diretor da melhor e mais bem cuidada revista de bordo que já existiu nesse
país, sabendo que eu ia sair de férias, me convidou para fazer as fotos de uma
viagem “sui generis” de oito dias em uma gaiola no rio São Francisco.
Digo “sui
generis”, porque os passageiros dessa viagem seriam especiais, tudo no intuito
de mostrar um certo “glamour” onde dificilmente alguém pensaria haver.
Revistas de
bordo e turismo andam sempre de mãos dadas.
As fotos da
revista eram sempre feitas por grandes fotógrafos, e isso seria bom para mim,
além de haver um bom dinheiro envolvido.
O que vi,
nos oito dias a bordo da barcaça navegando nas águas barrentas do “velho
Chico”, as pessoas com as quais convivi, foram de tal maneira importantes, que
jamais naufragaram no “Aqueronte” que flui por meu cérebro, onde jazem as
lembranças perdidas.
À medida
que os dias passavam, aquela pequena mostra social semovente, ganhava mais
relevância e ia moldando uma nova realidade até então desconhecida para mim.
Um dia
talvez escrevesse um livro sobre tudo aquilo, então para não esquecer, e como
não tinha um gravador, passei a escrever poesias sobre os sentimentos e emoções
até então desconhecidos sobre meu próprio país e sua gente.
Desde
então, escrevi muitos livros que foram publicados aqui, em Portugal e nos
Estados Unidos, mas todos de ficção, onde o único compromisso do autor, seria o
de divertir o leitor, e que como sabiamente disse Stephen King, fazê-lo virar a página.
Em 2012
finalmente tomei coragem e escrevi o livro que dá nome a este artigo: “Histórias
Flutuantes” e estou lançando essa semana.
O objetivo
dele é muito maior que dos meus livros anteriores, é o de desnudar nos anos
setenta, a mim e um país para o leitor.
Talvez
nunca o fizesse, não fosse o fato de ele estar atualmente sendo roteirizado
para o cinema, fato esse que me levou a crer que acontecimentos nele contidos
não impactaram somente a mim.
Esses
relatos insólitos e surreais vividos por mim, entremeados com as poesias
escritas na época, vão ver a luz pela primeira vez desde que sucederam, nessa
quinta-feira 08/08/19.
Vocês, meus
leitores, estão todos convidados.
O
lançamento será no Nacional Clube, na Rua Angatuba, 703, Pacaembu SP das 20:00
às 22:30.
Venham
viajar comigo por um Brasil que poucos tiveram oportunidade de conhecer.
H. James Kutscka
é Escritor e Publicitário.
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