Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Fábio Chazyn
Capitulo VI: “Sartre versus Einstein?”
“Mudar para
continuar o mesmo” (Sartre). “Sem mudar, o resultado é sempre o mesmo”
(Einstein).
Com qual
das frases vamos ficar?
Com
primeira frase, Jean-Paul Sartre estava procurando justificar seu afastamento
do partido comunista francês. Achava que a busca da liberdade tinha que passar
pela relativização no pensamento. Ou seja, como a realidade se transforma,
então nosso pensamento também tem que mudar para podermos continuar ‘existindo’
com liberdade. Do contrário viramos presidiários de nós mesmos...
Já Albert
Einstein, o pai da relatividade no mundo físico, aparentemente chegava à
conclusão contrária. Só aparentemente! Se disse que “louco é aquele que,
fazendo sempre a mesma coisa, fica esperando um resultado diferente”, foi
querendo dizer que “o mundo que criamos é o produto do nosso pensamento e,
portanto, não pode mudar a menos que mudemos a nossa maneira de pensar”.
Sartre e
Einstein estavam no mesmo diapasão! Os dois disseram, por caminhos diferentes,
que precisamos deixar para trás o que somos para podermos ser o que seremos. A
idéia da democracia passa por aí. Ou, no futuro, o Brasil não será um país
democrático!
Se é assim,
então estamos no mau caminho. Basta entabular qualquer, repito, qualquer
assunto com as pessoas no dia-a-dia e logo quase sai porrada...
Quem não vê
que a sociedade está irritadamente dividida, “pensando” que está polarizada?
É uma
primeira impressão, digo, sensação. Na verdade estamos todos no mesmo diapasão:
todos estamos fartos de sentir que o Brasil não tem futuro...
É natural
que eleições polarizadas tenham plantado sementes diferentes. Agora estamos
colhendo os frutos da discórdia: todo mundo contra todo mundo, para prejuízo de
todos.
No fundo o
que está acontecendo é a síndrome do torcedor. As pessoas estão se confrontando
como se estivessem num fla x flu. O que acreditam ser um confronto de
ideologias, não é mais do que óticas aparentemente opostas de ver a História:
há os que olham um futuro hipotético, enquanto outros preferem ver o passado
fático. No final as duas posturas não são excludentes.
Aliás, são
complementares. O passado serve para saber que rota evitar, enquanto sem ter
rumo definido não aportaremos no Futuro.
De fato,
estamos navegando todos no mesmo barco. Temos que cooperar para evitar motins
ou acidentes de percurso. Temos que mudar comportamentos para continuar
navegantes. Se nos orgulhamos de sermos democráticos, então temos que mudar
para continuar sendo democráticos.
Precisamos
de todos remando na mesma direção para discutir e realizar o “Projeto
Estratégico de Nação” que nos levará ao porto seguro.
Vale a pena
querer o fracasso do Bolsonaro e ajudar a tempestade a botar o barco a pique?
Estamos
retornando à fase infantil do “adoro ou detesto”, do “tudo ou nada” e,
inconsequentemente, renunciando aos benefícios da relativização que os sábios
tentaram nos ensinar?
Será que
vamos ter que sofrer para acordar a nossa autocrítica? Talvez sim, pois está
parecendo que cidadania no nosso País ainda está em fase embrionária e ainda
não nasceu. Se não mudarmos, o parto não vai ser natural...
Seja como for,
contanto que ela nasça, terá valido a pena.
Pelo bem do
futuro do Brasil!
Próximo
Capítulo da Série “O Brasil tem Futuro?” – Cap. VII: “Por uma Ordem Jurídica
Justa”
Fabio Chazyn, empresário, engenheiro,
cientista político, mestre em história econômica pela London School of
Economics e escultor. Autor do livro: “Consumo Já!” – Por um Novo Itamaraty
(2019)
fchazyn@chazyn.com
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