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Por Sérgio Tasso Vásquez
de Aquino
Transmito-lhes o texto da palestra que realizei, na Escola Superior de
Guerra, em 29 de outubro de 1992, quando era Vice-Chefe do Estado-Maior das
Forças Armadas. Repetem-se hoje, com maior virulência porque finalmente temos
um governo comprometido com a Segurança e o Desenvolvimento da Pátria, as
pressões contra a Soberania do Brasil, partidas dos mesmos centros de poder
anatagônicos, o comunismo de todos os matizes, e o neocolonialismo.
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Nosso
Brasil gigante é um país portentoso, extremamente rico em recursos de toda a
natureza, que lhe tem valido a inveja de tantos ao longo da História e a cobiça
dos pretensos senhores do mundo de cada época.
No
longínquo passado colonial, ingleses, franceses e holandeses aqui tentaram
tomar pé, e foram expulsos pela bravura da gente luso-brasileira. O glorioso
episódio de Guararapes marca a vontade exclusiva dos brasileiros, contra tudo e
contra todos, na sua determinação de serem donos deste torrão, e o verdadeiro
surgimento do embrião do Exército Brasileiro.
O
imperialismo soviético para cá volveu seus olhos, no afã de dominação, em duas
épocas: 1935, quando intentou a conquista através da “via armada”, e na década
de 1960, através da via parlamentar, “pacífica”, ou de massas.
Formadas
nas lutas da independência contra o colonialismo português, as Forças Armadas,
desde o início, foram símbolos e agentes da vontade da Nação de ser soberana e
de autodeterminar-se. Realizariam a consolidação do patrimônio nacional, contra
as ameaças externas, no Prata e na bacia do Paraguai-Paraná, e internas, ao
debelar sucessivas tentativas de secessão, no Império e na Regência, graças à
espada invicta de Caxias, o Pacificador, e à Marinha Imperial.
Nunca,
pois, tivemos a menor dúvida de qual seria nossa nobre missão, que se manteve
notavelmente coerente em todas as Constituições, desde a primeira, a Imperial.
E o emprego
das Forças Armadas, na manutenção da Lei e da Ordem, quando todos os demais
elementos do poder de polícia do Estado houverem falhado, não é nenhuma
novidade histórica ou jurídica. No Brasil e no chamado “primeiro mundo”,
inclusive entre suas democracias mais estáveis:
Grã-
Bretanha – exército empregado na luta contra o IRA no Ulster, ou Irlanda do
Norte;
EUA –
emprego da força federal nos recentes acontecimentos de Los Angeles e em ações
integracionistas raciais na Geórgia e em Arkansas, na década de 1960.
A “Nova
Ordem Mundial” é decorrência da “débacle” do império soviético e da existência
de uma só potência com expressão global de atuação, os EUA.
Como
características principais, apresenta defesa dos princípios da Carta da ONU, de
1946, mas com visão mais restritiva, egoísta, pelo predomínio dos EUA, dos
membros permanentes do Conselho de Segurança e do G- 7 (grupo de nações mais
ricas e desenvolvidas), com intensas motivações econômicas. É mais ou menos a
repetição da fábula do acordo entre os animais da floresta, celebrado sob os
auspícios do leão...
A nível
político-estratégico, preconiza:
-
Congelamento do poder mundial;
- Controle
dos conflitos de “baixa e média intensidades”, através da formação de forças
multilaterais de intervenção, “para restabelecer a paz e a democracia’’, sob o
comando das potências dominantes;
-
Limitações `a expressão militar dos países em desenvolvimento, através;
1) Da
redução das Forças Armadas e do seu emprego como Gendarmeria, encarregada da
guerra contra o narcotráfico, do controle das fronteiras terrestres e do
contrabando e da guarda costeira;
2) Das
restrições ao desenvolvimento científico e tecnológico e à indústria de
material bélico;
3) E, em
consequência, da adjetivação da soberania, que passaria a ser “atenuada” ou
“limitada”, num quadro de propalada crescente interdependência.
A nível
econômico-financeiro, manifesta-se o poder dos grandes bancos e dos
conglomerados financeiro-econômico-industriais multinacionais, sem-pátria, frio
e dominador, qual novo MCI, agora “Movimento Capitalista Internacional”:
1) Com a
manutenção da sujeição do Sul à “Divisão Mundial do Trabalho”, como fornecedor
de matérias-primas, e dependente de tecnologia e de capitais externos a juros
crescentes, e
2) Mercado
cativo de materiais elaborados, muitas vezes sem utilidade prática real para o
desenvolvimento, e de modelos de pensamento, traduzidos em modismos do tipo
recente de “modernidade” que assolou o Brasil.
As pressões
internas de brasileiros que se fazem caudatários das ideias dominantes no
exterior, pelo questionamento sobre a própria existência das Forças Armadas,
por campanhas constantes tendentes a indispô-las com a nação a que pertencem e
a que servem, mais agravam o problema.
Infelizmente,
parte influente das elites nacionais se tem subordinado aos interesses
estrangeiros: numa época, por ideologia; hoje, por motivações
econômico-financeiras, que se têm traduzido, entre outras ações, em:
- Subversão
e destruição dos valores, costumes e tradições da sociedade, e perversão da
juventude, num processo de mais de trinta anos, agravado desde o advento da
televisão e sua constante pregação de violência, pornografia, contestação, luta
de classes. O resultado tem sido o crescente componente de violência, que se
soma à miséria em expansão, para o esgarçamento do tecido social, do qual a
última e dramática manifestação foi a dos ‘‘arrastões’’ nas praias do Rio,
mostrados ao país inteiro pela televisão, e logo copiados em Brasília e
Londrina, com intervalo de dias!
- Combate
às Forças Armadas, tentando desacreditá-las, apartá-las do povo e diminuir sua
expressão, pela constante redução dos orçamentos, com repercussão danosa na
renovação dos meios e na sua manutenção/atualização, e pelo aviltamento
salarial dos militares e civis que conosco trabalham. Entre estes, cientistas,
pesquisadores, engenheiros, técnicos, responsáveis pelos principais projetos de
uso militar. A triste e caríssima consequência tem sido o êxodo de talentos
para outras atividades. Daí a minha luta pessoal, antiga, pertinaz, continuada,
com toda a garra, coragem e convicção pela isonomia (de remuneração),
defendendo militares e civis do Plano de Classificação de Cargos-PCC.
As Forças
Armadas não aceitam restrições de qualquer sorte à soberania nacional e ao
desenvolvimento da tecnologia que conduza à autossuficiência em meios de
defesa: só é senhora dos seus destinos a nação que comanda o processo de
projetar, construir, operar e manter seu equipamento militar. Não se improvisam
Forças Armadas: no caso da Marinha, o processo de obtenção de um navio simples,
desde a concepção até a operação, pode levar quatro-cinco anos: de um Navio
Aeródromo, dez-vinte anos.
Apesar de
todas as restrições orçamentárias, que se agravaram brutalmente nos últimos
dois anos e meio, fazemos tudo o que podemos para manter a operacionalidade das
Forças Armadas e realizar projetos notáveis pelo conteúdo tecnológico, pela
geração de novos avanços nos campos militar e civil e pela capacidade de
dissuasão, como o do submarino nuclear e a Missão Espacial Completa
Brasileira-MECB.
É preciso
que as elites saiam da sua miopia, principalmente as políticas, mesmo quando
investidas das responsabilidades do governo, e concedam os recursos às Forças
Armadas de que a Nação carece, para garantir sua independência!
O Brasil
emprega apenas 0,37% do PIB em Forças Armadas. Abaixo dele, no mundo, apenas as
Ilhas Maurício, com 0,20%. Procura-se criar a dicotomia necessidades sociais X
necessidades de defesa. É a repetição do velho dilema manteiga x canhões. Mas,
mesmo que se aceitasse a louca tese suicida de eliminarem-se as Forças Armadas,
que grandes problemas outros poderiam ser resolvidos ao preço de US$1,4 bilhão ao
ano, sempre ao custo da renúncia à soberania e à independência?
Não existe,
talvez, país com problemas sociais tão grandes quanto a Índia, mas as
lideranças esclarecidas daquela antiga e consolidada democracia destinam
ponderáveis recursos para a sua expressão militar, à altura das necessidades do
país, que é uma das potências regionais do Oceano Índico (e dotada de artefatos
e meios bélicos de lançamento nucleares) e, por isso, respeitada.
O diálogo
com os EUA e o G-7 tem de ser leal, como convém a tradicionais amigos e
aliados. Com altivez, dignidade e sem arrogância, nunca, porém, com
subserviência, e apenas orientado pelos interesses nacionais brasileiros.
Minha
experiência profissional, que me tem permitido, ao longo da carreira, diversos
e variados encontros com estadistas, líderes políticos e administrativos
(funcionários diplomáticos) e chefes militares de alto nível hierárquico dos
países desenvolvidos, ensinou-me, sem sombra de dúvida, que eles respeitam e
acatam quem assim procede. É preciso buscar entendimento em todos os azimutes,
latitudes e longitudes, onde houver vantagem para o Brasil: Coréia, Tailândia,
Filipinas. Angola, entre outros, são países que têm procurado aproximação maior
com nosso país, inclusive militar. O mundo está em desordem: nem mesmo o
comunismo se pode afirmar que esteja sepultado. Exemplos; URSS, pela
insatisfação popular e militar com os fracassos econômicos da transição para o
capitalismo e pelo desmembramento da outrora poderosa “Pátria-Mãe”, e Lituânia,
pelo sucesso dos comunistas nas recentes eleições nacionais, afastando o
partido que fora responsável pela vitória tão ansiada contra o jugo soviético.
É preciso
ser forte militarmente, para respaldar a boa diplomacia e garantir a Paz!
São as
Forças Armadas nacionais:
- Símbolos
da Nação e da sua autodeterminação.
- Fiadoras
da soberania, da paz social e da integridade do patrimônio nacional.
- Fontes de
justiça, espírito de renúncia e altruísmo.
- Centros
irradiadores de civismo, de patriotismo e de preservação das virtudes, dos
valores e das tradições nacionais.
- Bastiões
da ética e da moral.
-
Promotoras da ciência e da tecnologia de ponta.
- Exemplos
de organização, coesão, pertinácia na busca da realização do Bem Comum.
-
Organizações disciplinadas, obedientes à hierarquia e às leis, eficazes e
eficientes no emprego violento do poder em defesa dos Objetivos Nacionais.
- “Garantes
da paz, da liberdade e da justiça’’(Papa João Paulo II).
Por isso,
qualquer inimigo do Brasil visa a destruí-las, enfraquecê-las, neutralizá-las,
eliminá-las, a fim de restringir ou anular a reação capaz de impedir a
imposição da vontade contrária ou lesiva ao interesse nacional.
Dentro das
minhas mais profundas convicções cristãs, de católico praticante, creio
firmemente que, assim como as forças do demônio nada poderão contra a Igreja do
Senhor Deus, nada e ninguém limitarão a soberania do Brasil ou impedirão sua
luta por paz, liberdade e justiça na Nação Brasileira, enquanto existirem
Forças Armadas.
O Papa João
Paulo II, na Missa que rezou em Brasília, no altar erguido na Praça dos Três
Poderes (que mais tarde se converteu na Catedral Militar do Brasil, mediante o
atendimento do pedido de doação da estrutura que fiz, como Presidente da
Comissão de Construção da Catedral Militar, ao Governador Roriz), declarou
“urbi et orbi” :
“Faço votos
de que a edificação (deste templo) da Catedral da Arquidiocese Militar do
Brasil sirva para congregar mais a família militar do Brasil e se torne um
grande centro de evangelização de todos, do Exército, da Marinha e da
Aeronáutica, para cumprirem sua missão própria de serem garantia da paz, da
liberdade e da justiça”.
Para isso, convocamos o apoio de todos os
brasileiros de bem, homens e mulheres, que não se pejam, mas sim se orgulham de
no Brasil haverem nascido, a que nos demos as mãos, para salvar o nosso País!
Sérgio Tasso Vásquez de Aquino é
Vice-Almirante, reformado. Palestra proferida no
Primeiro Ciclo Especial de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra,
em 29 de outubro de 1992.
6 comentários:
Podes te certeza que somos mais de duzentos milhões de brasileiros que ama esta pátria e daremos nossa vida se preciso for para defendê-la.
Almirante, 27 anos se vão desde a sua digníssima e honrosa palestra, e por que as Forças Armadas permitiram que o Brasil chegasse a esse estado de penúria? Se vocês tivessem agido há tempos, de acordo com os ideais proferidos por vossa pessoa, com certeza não estaríamos passando por momentos sombrios. Não me conformo com a letargia dos militares em deixar as coisas evoluírem ao patamar em que hoje estamos. E não venha me dizer que tudo é ao seu tempo, pois o país está no fundo do poço, justamente por vocês assim o consentir. Fica o registro.
Nós brasileiros temos o dever de apoiar as forças armadas e lutar contra tudo que for mecanismo ou ferramentas usadas para destruir nosso BRASIL !!! Já fiz parte do exército brasileiro e estou pronto para servi-lo se de mim precisarem!!!
Caro militar,basta que RESGATEMOS A ALMA DA CENTELHA NATIVISTA,o resto vem no embalo.Diga:FORA POSITIVISMO.
As FAAs ja tinham que ter fechado o Congresso e o STF pois ha muito ja rasgaram a Constituicao.
Se Haddad discursa o vitimismo esquerdista dizendo que os generais querem usar trinta mil soldados contra um só homem (Lula), imaginem a imagem do Brasil no exterior se fechassem o Congresso e o STF. A estratégia seguida pelo presidente Bolsonaro vai divulgando os crimes petistas e desmascarando o discurso de injusta perseguição.
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