Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Luiz Antônio
P. Valle
No jogo a
Torre, o Cavalo e o Bispo são muito importantes, assim como são vitais a Rainha
e o Rei. Mas a dança dos peões no tabuleiro também tem sua utilidade prática.
Todos os movimentos no tabuleiro, de todas as peças, revelam ou dissimulam a intenção
do jogador. Mais o jogador preparado não se baseia somente em seus “instintos”.
Cada movimento alimenta de dados um simulador de cenários, que por sua vez com
base em softwares próprios para este tipo de operação, redesenha o cenário
futuro provável com incrível nível de acerto e oferece novas “linhas de ação”.
Estas
simulações são feitas em computadores quânticos muito sofisticados com
desempenho de milhares de qubits (os chamados bits quânticos) localizados em
compartimentos blindados com temperaturas baixíssimas e projetados para impedir
que a energia eletromagnética entre ou saia, alguns semelhantes às conhecidas
como gaiolas de Faraday. Sua tecnologia é tão avançada que o padrão RSA de
criptografia pode ser “desembaralhado”, quebra de encriptação, em milionésimos
de segundos, mesmo sendo uma chave de 2.048 bits ou mais.
A execução
adequada do algoritmo de Shor dependia, no passado, basicamente da construção
de um computador com qubits suficientes, fato já superado a tempo. Computadores
quânticos tem várias aplicações, como pode ser visto nesta antiga matéria do
Washington Post de janeiro de 2014 – vide link: http://apps.washingtonpost.com/g/page/world/a-description-of-the-penetrating-hard-targets-project/691/#document/p1/a138758.
Neste caso o computador estava sendo desenvolvido a cinco anos atrás para o
Project Penetrating Hard Targets (Projeto de penetração em alvos difíceis).
Os
computadores quânticos utilizados nas agências de inteligência estratégica de
primeira linha, não conhecidas do público, utilizam uma tecnologia dezenas de
anos à frente da tecnologia de domínio público, sendo seus computadores milhões
de vezes mais rápidos que o Frontier (este computador utiliza CPUs Epyc da AMD,
cada uma conectada a quatro GPUs Radeon Instinct) que entrará em operação em 2021 e que poderá
produzir mais de 1,5 exaflops de capacidade de processamento (um exaflop é a
capacidade de executar um quintilhão de operações por segundo), sendo que o
Frontier será aproximadamente 50 vezes mais rápido que o computador mais veloz
do mundo atual.
Se o
Frontier é considerado uma tecnologia totalmente ultrapassada com seus 1,5
exaflops, imagine o Summit, que entrou em operação no início de junho de 2018,
e é capaz de fazer 200 petaflops, sendo hoje o mais veloz do mundo? Daí você
pode imaginar o poder de processamento dos computadores quânticos utilizados
para projeções de cenários futuros nos centros estratégicos de primeira linha.
Desde que Garry Kasparov, Grande Mestre do Xadrez, enfrentou Deep Blue (o
computador da IBM) na década de noventa, muito se avançou. Foi um bom
laboratório.
A
tecnologia dos computadores quânticos envolvidos em projeção de cenários
envolve fortemente Machine Learning, com ênfase em Deep Learning, e
Inteligência Artificial. De forma superficial e sintética, como este é um
artigo para um público heterogêneo, isso significa genericamente que a cada projeção
confrontada com a realidade, ele aprende com seus próprios erros e os corrige
na projeção seguinte, refinando o grau de acerto.
A cada dia
acumula mais dados e aprendizado, que geram mais informações essenciais à
tomada de decisões estratégicas, que por sua vez são novamente confrontados com
os resultados, gerando novo aprimoramento do método, num looping infinito até
aproximar-se da perfeição. Computadores adiabáticos são particularmente úteis
para questões de otimização nas quais projeções de cenários estão envolvidos.
O orçamento
para o National Intelligence Program (Programa de Inteligência Nacional) dos
EUA, assim como o de todos os países de ponta, prioriza este investimento e não
poupa recursos. Afinal, poder projetar o futuro, movimento a movimento e
corrigindo rotas, com elevado índice de precisão é um diferencial competitivo
determinante.
É uma
tecnologia muito além do IonQ com 79 qubits comprovados (os pesquisadores em
meados de 2018 entendiam que os computadores quânticos sobrepujariam os
convencionais quando ultrapassassem a 50 qubits) ou o D-Wave Two de 512 qubits
informados. O grau de acerto destas projeções, após os computadores quânticos
de primeira linha serem alimentados com quatrilhões de dados portadores de
futuro diariamente (referentes a economia, defesa, engenharia social,
demografia, hábitos pessoais captados nas redes sociais e internet, etc....)
tem chegado à marca de 99,2% de precisão para projeções de cinco anos, 95,5%
quando envolvem projeções de dez anos e 89,3% para projeções até quinze anos.Todavia,
merece menção que nos últimos meses variáveis exógenas tem deixado apreensivos
os analistas.
Além de
simular cenários os computadores quânticos sugerem linhas de ação para alcançar
os objetivos com que foram alimentados. Assim, o jogador abastecido com estas
informações pode refinar os movimentos seguintes para alcançar maior letalidade
no xeque-mate.
A Torre não pode ser subestimada,
então vamos um pouco a ela. Esta é uma análise interessante sobre algumas
vulnerabilidades que Bancos Centrais enfrentam - https://www.zerohedge.com/news/2019-08-26/will-central-banks-survive.
Bancos Centrais também sofrem perdas. “Geralmente, as perdas resultam de
obrigações de juros, pagamentos de subsídios, práticas cambiais múltiplas, esquemas
de “garantia” e alterações desfavoráveis nas avaliações de ativos líquidos”,
conforme relata a matéria.
Este
gráfico mostra os balanços do Banco do Japão, Banco Central Europeu, Federal
Reserve e Banco Popular da China, em bilhões de dólares.
Existem
aqueles que já advogam a mudança do padrão monetário. "Chegamos ao ponto
em que estamos praticamente no fim do caminho em termos de rendimentos e taxas
de juros. E os banqueiros centrais agora têm o desejo de refletir o sistema de
uma nova maneira. Estamos à beira desse novo paradigma em que essa reflação vai
dar certo", disse Mark Valek, autor do relatório anual 'In Gold We Trust',
a Max Keiser.
O diretor
de investimentos (CIO) da Blackrock (um dos maiores fundos de investimento do
mundo), Rick Rieder, escreveu em 08/09/19 no blog da Blackrock, ao ponderar
abertamente sobre o Fim da Política Monetária, dizendo: “Como se posicionar
para esse fim de jogo? Como provavelmente é evidente, qualquer instrumento
nominal será desvalorizado em termos reais; portanto, a solução é manter um
ativo que mantenha seu valor real - um ativo que não pode ser impresso.”
Em outra
parte, continua: “Por definição, o pior ativo a ser detido seria um título
soberano com rendimento negativo, seguido de perto por papel-moeda com
rendimento zero, ambos com uma oferta teoricamente infinita sobre as opções de
investimento”. Títulos soberanos são exatamente o que o Brasil mantêm nas suas
reservas.
Mais a frente
ele conclui: “Portanto, tudo isso leva hoje a considerar ativos que podem
participar de uma desvalorização inerente da moeda local, ou seja: ações,
imóveis e até ativos duros que têm relevância histórica em termos de valor,
como o ouro.” - https://www.blackrockblog.com/2019/09/05/monetary-policy-endgame/?utm_source=BlackRock+Blog&utm_campaign=64d5638776-RSS_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email&utm_term=0_7beec13d69-64d5638776-305445649.
O Dr.
Michael Burry – imortalizado no filme "The Big Short", em entrevista
a Bloomberg fez a seguinte declaração: “Potencialmente, piorando a situação,
será a impossibilidade de desenrolar os derivativos e as estratégias de compra
/ venda nuas usadas para ajudar muitos desses fundos a pseudo-combinar fluxos e
preços todos os dias. Esse conceito fundamental é o mesmo que resultou no
colapso do mercado em 2008. No entanto, não sei qual será o cronograma.
Como a
maioria das bolhas, quanto mais tempo, pior será o acidente.” - https://www.bnnbloomberg.ca/the-big-short-s-michael-burry-explains-why-index-funds-are-like-subprime-cdos-1.1310874.
Talvez seja
relevante considerar o posicionamento de um dos maiores investidores do mundo
intitulada: “Talvez Warren Buffett esteja nos alertando sobre algo” – click no
link https://www.bloomberg.com/amp/opinion/articles/2019-08-26/maybe-warren-buffett-is-quietly-warning-us-about-stocks?.
O Supremo
Cruzeiro do Sul precisa ser preservado para a próxima fase.
Quem pode
antever o futuro com boa margem de acerto, em virtude de sua ciência que possui
metodologia e tecnologia apropriada, pode em virtude disso prever o movimento
das peças do outro e construir um cenário, onde as opções que se deixa ao
oponente, sempre o levarão para o xeque-mate, independentemente de sua vontade.
Não existe “justiça” no jogo, há o jogo.
“Se você
conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem
batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha
sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo,
perderá todas as batalhas” – Sun Tzu em “A arte da Guerra”.
O
efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó cai e
empurra outro para a queda seguinte!
Todo
jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.
Luiz Antonio Peixoto Valle é
Professor e Administrador de Empresas.
2 comentários:
Por isso os militares brasileiros fazem planejamento para dez anos?
Caro Anônimo,
Nos países desenvolvidos, notadamente nos grandes predadores militares, o Planejamento Estratégico é de pelo 50 (cinquenta) anos.
Postar um comentário