Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por
Marcelo Tramontini
Muitos historiadores apontam como um dos motivos de nosso atraso o fato
de nunca termos feito uma revolução de verdade, uma ruptura com o passado com
potencial de nos lançar em uma nova ordem, um novo ideal.
Todas as revoluções ocorridas neste país, por mais paradoxal que possa
parecer, nunca tiveram por objetivo fazer alguma mudança e sim conservar o que
já existia na sociedade.
A respeito:
“O Estado Neopatrimonial, ao restringir a livre manifestação dos interesses,
e ao dificultar, com suas práticas de cooptação, a sua agregação em termos
sindicais e, principalmente, políticos, favoreceria, assim, a preservação das
desigualdades sociais arraigadas no país” (Vianna, 1999). Para superar o regime
vigente, precisaríamos de uma reforma política que abriria o Estado para
receber os diversos interesses sociais (maior representação). A mudança deve se
dar no plano da modificação institucional, para Vianna. Só assim a geração de
instituições modernas por completo seria capaz de absorver as demandas sociais
e aumentar a dinâmica política, resultando numa maior igualdade política entre
os atores.
O Estado se apresenta como agente da modernização conservadora no Brasil.
As elites políticas cooptam novas elites, fazendo do Estado a sua “casa” e,
assim, evitando processos convulsionais na sociedade. A ideia de revolução
passiva está relacionada com esta dinâmica. “Sobretudo, aqui, qualificam-se
como revolução movimentos políticos que somente encontraram a sua razão de ser
na firme intenção de evitá-la, e assim se fala em Revolução da Independência,
Revolução de 1930, revolução de 1964, todos acostumados a uma linguagem de
paradoxos em que a conservação, para bem cumprir o seu papel, necessita
reivindicar o que deveria consistir no seu contrario - a revolução”.
(VIANNA, L. W. A revolução passiva. Iberianismo e americanismo no Brasil.
Rio de Janeiro: Revan, 1997.)
A falta desta revolução, desta ruptura nos fez continuar a conviver
cordialmente e ao mesmo tempo com o tradicional (o atraso) e o moderno. Isso
explica um pouco por que no Brasil tudo é tão paradoxal. Porque temos tanto
progresso em algumas áreas e tanto atraso em outras. Porque queremos um coisa
para o país, mas no dia a dia fazemos o oposto para conseguir tal desiderato.
Penso que as recentes decisões do STF e as movimentações do Presidente da
República vão nessa linha de reacomodação dos interesses que sempre vigeram
neste país.
O que estão pensando em Brasília? Talvez seja isso: a Lava jato já
cumpriu seu papel, daqui pra frente as coisas serão um pouco diferentes, não
tem porque prender esses vários empresários e políticos, que foram pegos
"de surpresa". A corrupção diminuirá um pouco e tudo continuará mais
ou menos como sempre foi.
Assim vamos caminhando lentamente para o futuro e sempre seremos um país
de poucas mudanças. Sempre seremos medíocres.
2 comentários:
Caro Dr.Marcelo: Na esteira de "turbulência" do seu fantástico texto,eu tomaria a liberdade de enriquecê-lo com outro maravilhoso artigo publicado aí mesmo no "Alerta Total",quase no mesmo sentido. Foi publicado em 2015,por Otacílio M. Guimarães,sob título "COMO TEM IDIOTA SOLTO NESTE BRASIL". Infelizmente o Brasil perdeu o Otacilio para a Austrália,numa espécie de auto-exilio,lá por 2005,que fugiu da tragédia que o PT iria instalar ,e de fato instalou.Apesar da distância,Otacilio continuou a trabalhar muito pela "limpeza" política no Brasil,e na última visita que nos fez , acabou morrendo na Bahia, em "7 de Setembro" corrente. Otacilio foi o maior patriota que conheci. Foi uma pena o Brasil perdê-lo. Resumidamente,se formos na conversa dos políticos,o Brasil jamais sairá da "merda". Temos que colocar o dedo nas suas feridas,como V.Excia e o Otacílio fizeram.
Anônimo disse...
Hoje em dia, já tem aplicativo até pra analisar a cor do cocô; Porque a gente precisa de uma centena de "iluminados" para decidir pelo povo, em vez de ter um aplicativo que por voto crie (altere) uma lei a cada 3 meses (+ ou -), exigindo-se um mínimo de 58 milhões de votos para cada nova (alteração) lei.
29 de setembro de 2019 19:22
Anônimo disse...
Kkkkkkk! Que nem na ultima eleição?
29 de setembro de 2019 19:51
Anônimo disse...
29 de setembro de 2019 19:22 e respondendo ao zénonimodas 29 de setembro de 2019 19:51
Na ultima eleição, no estado de São Paulo, o povo foi obrigado a escolher entre o doria e o márcio frança; ou seja, só o povo é capaz de criar uma lei que permita candidatura avulsa (sem partido). FHC e lula nunca permitirão isto.
29 de setembro de 2019 21:08
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