Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Luiz
Antônio P. Valle
O jogo
continua com lances acontecendo de forma rápida e assertiva. Aqueles que já
perceberam as estratégias e objetivos finais estão se precavendo. Sabem que a
Torre, o Bispo e o Cavalo jogam juntos com a Rainha para dar xeque-mate no Rei.
Assim, tomar medidas acautelatórias é essencial a sobrevivência no jogo.
Tirar
“oxigênio” do Bispo, para minar a sua dinâmica de movimentação, é uma das
estratégias de um dos jogadores. Em 01/10/19 foi divulgado que ocorreu uma
busca por documentos e dispositivos eletrônicos, indo ao coração financeiro do
Vaticano – vide
http://press.vatican.va/content/salastampa/en/bollettino/pubblico/2019/10/01/191001c.html.
À partir de “denúncias”, sobre atividades do chamado Banco do Vaticano, os
promotores agiram – vide https://www.catholicnewsagency.com/news/vatican-prosecutors-conduct-raid-on-secretariat-of-state-offices-39656.
A análise do “achado” se juntará a outras evidências.
O Cavalo tem sido chamado ao
movimento preventivo. A raivosa polarização política nos EUA, agravada pelo
pedido de impeachment de Trump, levaram o jogo local a um ponto de não retorno.
As consequências são inexoráveis. Na segunda-feira passada (07/10/19) houve uma
reunião na Casa Branca com portas fechadas. Alguns especulavam que o assunto
era o ataque da Turquia aos curdos no norte da Síria. Todavia, fontes
qualificadas o tema era outro. Na mesa a diretiva 550/19 que aborda a
convocação de unidades de reserva do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA para
atender pedidos de apoio e defesa de autoridades civis, assinada em 3 de
outubro de 2019 pelo Brigadeiro-General Daniel L. Shipley. As unidades em
serviço ativo já possuem atribuições similares, sendo que agora poderão se
juntar a elas grandes contingentes de reservistas.
É dito na diretiva 550/19 que
ela visa “.... ativação de fuzileiros navais do componente de reserva (RC) sob
§12304a, título 10, código dos EUA, após uma solicitação de assistência federal
em resposta a um grande desastre ou emergência nos Estados Unidos. Os pedidos
de assistência federal virão com pouco aviso. Conforme necessário, o Corpo de
Fuzileiros Navais deve mobilizar rapidamente as unidades e o pessoal de RC da
IAW neste MARADMIN para responder às ameaças na Pátria.”.
Cabe salientar três passagens
elucidativas, a saber: “emergência nos Estados Unidos”, “virão com pouco aviso”
e “responder às ameaças na Pátria”, o que denota algo que acontecerá de forma
rápida e dentro dos EUA. Importa dedicar especial atenção aos itens 2.B.2,
4.C.3 e 4.C.6 da diretiva militar. Cabe enfatizar que a diretiva também faz
alusão aos reservistas das demais forças, Marinha, Exército e Força Aérea –
vide https://www.marines.mil/News/Messages/Messages-Display/Article/1979422/manpower-guidance-for-activation-and-deactivation-of-reserve-component-marines.
No artigo da série Xeque-mate
intitulado “O xeque-mate antecipa o contra-ataque”, publicado em 05/08/19, eu
já havia informado que o Presidente Trump assinou no dia 20/12/17 uma Ordem
Executiva, entrando em vigor as 00:00hrs do dia 21/12/17, declarando Estado de
Emergência Nacional nos EUA, não tendo sido revogada – vide https://www.whitehouse.gov/presidential-actions/executive-order-blocking-property-persons-involved-serious-human-rights-abuse-corruption/
e https://www.whitehouse.gov/briefings-statements/text-letter-president-congress-united-states-6/.
Esta nova diretriz do dia 03/10/19 parece complementar as medidas dos EUA para
lidar com o Xeque-mate, conforme narrei no artigo citado. Tem-se falado num tal
muito importante dia 19. Vamos aguardar.
A Torre não
para um minuto. Os sinais da recessão que se avizinha já estão por toda parte.
A nova diretora do FMI, a búlgara Kristalina Georgieva, informou que a
instituição já está revendo os seus números, inclusive revisando as projeções
ainda deste ano e para 2020. Ela avisa: "Nossas novas análises mostram
que, se ocorrer uma grande desaceleração, a dívida corporativa em risco de
inadimplência pode subir para US$ 19 trilhões, ou quase 40% da dívida total em
oito grandes economias. Isso está acima dos níveis observados durante a crise
financeira". A preocupação é evidente – vide https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/10/08/90percent-dos-paises-terao-desaceleracao-no-crescimento-em-2019-diz-nova-diretora-gerente-do-fmi.ghtml.
Os efeitos
práticos desta perspectiva que se consolida foi a queda das bolsas de valores
no dia 02/10/19, que foi noticiada com o seguinte título por um jornal de
grande circulação: “Temores de recessão global derrubam bolsas pelo mundo nesta
quarta-feira” – vide
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,bolsa-tem-queda-de-2-com-exterior-e-votacao-da-previdencia,70003033980.
Esta possibilidade concreta de recessão tem se tornado amplamente discutida,
com a BBC inclusive associando isso a subida do preço do ouro – vide https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49364851.
Para se proteger destes cenários, e
seguindo o caminho que já informamos em artigos anteriores, a China continua
seu processo de desdolarização e compra de ouro. O país adicionou mais de 100
toneladas de ouro às suas reservas, de dezembro de 2018 para cá, conforme
informou a Bloomberg em matéria do dia 06/10/19 - vide https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-10-07/china-s-gold-buying-spree-tops-100-tons-amid-prolonged-trade-war.
O gráfico abaixo mostra de forma inequívoca a pressa dos chineses em realizar a
aquisição de ouro em grandes quantidades:
Segundo a
citada matéria acima a China não está sozinha neste movimento. A Bloomberg
informa: “Juntamente com a China, a Rússia também vem adicionando quantidades
substanciais de ouro. Nos primeiros seis meses, os bancos centrais em todo o
mundo captaram 374,1 toneladas, ajudando a elevar a demanda total de ouro para
uma alta de três anos, afirmou o Conselho Mundial do Ouro.”. Este movimento fez
o ouro acumular uma alta de preço no ano de cerca de 17%.
Os números divulgados pelo Banco
Central da Rússia (CBR) em setembro mostram que as reservas de ouro da Rússia
atingiram US$ 107,85 bilhões, à medida que o país continua a afastar suas
crescentes reservas internacionais do dólar. Como relata a Bloomberg, em
matéria do dia 09/09/19, o banco central da Rússia tem sido o maior comprador
de ouro nos últimos anos.
“Existe uma substituição maciça dos
ativos em dólares americanos pelo ouro - uma estratégia que rendeu bilhões de
dólares para o Banco da Rússia dentro de alguns meses", disse Vladimir
Miklashevsky, estrategista do Danske Bank em Helsinque. – vide https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-09-09/russia-s-massive-gold-stash-is-now-worth-more-than-100-billion?srnd=premium.
Em valor fica mais fácil visualizar a evolução do estoque russo de ouro através
do seguinte gráfico:
De fato, o
movimento de compra de ouro é mundial. Em outra matéria de 26/08/19, intitulada
“Os bancos centrais adoram o ouro e vão continuar assim” - vide https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-08-27/central-bankers-new-found-love-of-gold-seen-bolstering-demand,
a Bloomberg informou que a compra líquida deve ficar acima de 650 toneladas. Em
outro ponto é dito: “As autoridades vêm aumentando as reservas à medida que o
crescimento diminui, as tensões comerciais e geopolíticas aumentam, e algumas
nações procuram se diversificar em relação ao dólar. As compras oficiais agora
representam cerca de 10% do consumo mundial, de acordo com a ANZ.”.
Nesta mesma
matéria da Bloomberg, visando apresentar uma explicação para esta corrida as
compras de ouro, o Deutsche Bank, em relatório, aponta fatores que incluem uma
migração gradual dos ativos de reserva para longe do dólar. Outro analista,
Jeff Currie, do Goldman Sachs, quando perguntado do “porque” das compras de
ouro, responde: “Por quê? Porque eles não querem possuir dólares com risco de
sanção, risco geopolítico, risco de guerra comercial por aí”. John Sharma,
economista do National Australia Bank Ltd disse: "Além disso, com o
aumento da incerteza política e econômica, o ouro fornece um hedge ideal e,
portanto, será procurado pelos bancos centrais em todo o mundo".
O gráfico abaixo mostra, em quantidade
(onças), a corrida da China e Rússia ao ouro:
Durante uma
entrevista no RT Boom Bust, Peter Schiff chamou isso de "corrida global do
ouro por parte dos bancos centrais", em preparação para uma queda do dólar.
"Os dias em que o dólar é uma moeda de reserva são contados e os bancos
centrais inteligentes estão tentando comprar o máximo de ouro possível antes do
número subir", disse Schiff.
Ao mesmo tempo que compram ouro estes
países, paralelamente, continuam a alienar Títulos do Tesouro dos EUA, como já
antecipamos desde julho em nossos artigos. Se desfazem de um papel sem lastro
substancial e adquirem ativo real. Estão se preparando para o Xeque-mate. Esta
tendência é evidente e pode ser comprovada no gráfico abaixo:
O retorno da adoção
do padrão ouro tem sido amplamente discutido como uma solução viável, como
mostrei nos artigos anteriores. Autoridades financeiras tem se referido a isso,
tendo até mesmo o Banco mundial já se pronunciado a respeito – vide http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/11/presidente-do-banco-mundial-surpreende-com-ideia-de-padrao-ouro.html
As
autoridades do Brasil não enxergam, ou preferem não ver, o colossal movimento
mundial dos grandes países de proteção das suas reservas internacionais, o que
implica dentre outras coisas, na desdolarização e aquisição de grandes reservas
de ouro, mantendo sua custódia física. Como pode ser visto abaixo o Brasil
continua a manter a praticamente a totalidade de suas reservas em Títulos,
dentre outros ativos. Somente possui
insignificantes US$ 3,18 bilhões em ouro, o que significa 0,85% das suas
reservas. A Rússia, com uma economia menor que a brasileira, tem reservas de
ouro de US$ 107,85 bilhões.
As reservas brasileiras em setembro de
2019 tinham a seguinte composição:
Observando
o quadro acima percebe-se que quase nada mudou em relação ao que descrevi no
primeiro artigo da série Xeque-mate, intitulado “O xeque-mate se aproxima
célere”, publicado em julho de 2019. Continua sendo um péssimo negócio
financeiro, pois pagamos juros mais elevados nos empréstimos tomados
internamente para financiar o Tesouro Nacional do que os juros que recebemos
neste Títulos que compõe nossa reserva, e também não atende um critério de
segurança, visto que como pode ser visto 99,15% destas reservas são títulos,
depósitos e outros ativos sobre os quais o país não possui nenhum controle e
ancorados majoritariamente em dólar. É como você pegar todas as suas economias
e dar a outro para cuidar, sem ter qualquer influência na valorização ou
desvalorização destes ativos e nem mesmo posse real deles.
Apenas
0,85% é ouro, que espero seja físico e esteja custodiado no Brasil, o que
também não é garantido. Alguns me perguntaram se não é proposital as
autoridades deixarem o país nesta posição tão vulnerável. Francamente é uma hipótese
que não pode ser descartada. A eclosão da crise econômico-financeira, que é
somente uma parte do Xeque-mate, pegará o país sem reservas conversíveis ou
extremamente desvalorizadas, o que fragilizará decisivamente o governo federal,
podendo comprometer a sua manutenção.
Os bancos internacionais continuam a
mostrar fragilidades relevantes com evidências de ruptura. Àquela lista de
bancos que citamos em artigo anterior, podemos agora acrescentar o J P Morgan
Chase, fechando assim uma lista de quatro candidatos a problemas no curto
prazo, a saber: Goldman Sachs, Deutsche Bank, HSBC e agora J P Morgan Chase. A
crise de recompras que citei anteriormente, que gerou a intervenção do FED em
operações de assistência de até US$ 75 bilhões diários, teve neste banco a sua
“origem”, segundo a Reuters.
A Reuters disse: “"o JPMorgan
Chase tornou-se tão grande que alguns bancos e analistas rivais dizem que
mudanças em seu balanço de US$ 2,7 trilhões foram um fator de alta no mês
passado no mercado de recompra dos EUA, que é crucial para muitos tomadores de
empréstimos". Informa ainda que “o JPMorgan reduziu o caixa depositado no
Federal Reserve, do qual poderia ter emprestado, em US$ 158 bilhões no ano até
junho, uma queda de 57%.” – vide https://www.reuters.com/article/us-usa-repo-jpmorgan-analysis-idUSKBN1WG439.
A queda nos níveis de caixa dos bancos fez as reservas do Fed descerem ao nível
mais baixo desde 2012, numa tendência de queda que pode chegar aos níveis de
2008, conforme pode ser visto no gráfico abaixo:
Balanços dos bancos
Ademais,
não foi só o J P Morgan que retirou depósitos. Dentre outros, o Bank of America, o segundo maior banco dos EUA em ativos, com um
balanço de US$ 2,4 trilhões, retirou 30% de seus depósitos, o que significa uma
redução de US$ 29 bilhões. A liquidez
do sistema parece estar indo para o espaço.
Um
especialista do mercado de ações avisa que um crash no mercado, semelhante ao
de dezembro de 2018, é inevitável. O ex-aluno do Goldman Sachs Raoul Pal disse
numa entrevista à Market Watch: "Estamos entrando em um período de falta
de liquidez para as ações". Pal é o autor do boletim Global Macro
Investor, consultado pelos maiores fundos de hedge globais. Vale a pena dar
atenção ao que ele diz - vide https://www.marketwatch.com/story/expert-who-called-the-2008-crisis-says-repeat-of-december-meltdown-is-inevitable-2019-10-10?mod=home-page.
Os
movimentos são frenéticos de Leste a Oeste. A busca pelo legado de ouro
movimenta peças na Indonésia, e outros locais na Ásia. À medida que a pressão
aumenta fortemente, prenunciando a ruptura, vozes levantam-se para clamar
contra a radicalização crescente. Um importante ex-comandante do exército
israelense, General Yair Golan, fez recentemente uma grave advertência neste
sentido - vide https://www.alaraby.co.uk/english/news/2019/10/3/former-israeli-general-compares-israel-to-nazi-germany.
Como tem
sido demonstrado ao longo da série Xeque-mate caminhamos rapidamente para um
cenário gravíssimo. É bem conhecido que a toda grave crise econômica seguem-se
distúrbios sociais. No brasil o ambiente de radicalização política, somado ao
descrédito porque passam as instituições brasileiras e a falta de medidas
preventivas de segurança eficazes (ao estilo de que outros países estão
fazendo), acrescenta componentes explosivos nesta mistura.
Basta que
haja um desabastecimento de itens básicos (comida, combustível e/ou energia
elétrica) por curto período para vermos explodir a violência, cujas
consequências podem mudar completamente a forma como conhecemos o Brasil.
Alguns pensam que poderão lidar com isso, mas estão enganados.
O mouro
grande está sendo disposto no acampamento dos sublimes príncipes nas 4 direções
em filas de 8 (4x8) para marcação do perímetro e proteção futura. Um dia poderá
ser levado abaixo da linha para o real segredo onde as peças são direcionadas.
Deve cuidar para, ao tentar ser soberano, não se tornar vassalo.
Lamentavelmente
no jogo muitos não compreendem a linguagem, não decifram os signos, tem ouvidos
mas não ouvem, tem olhos mas não enxergam. As consequências serão profundas,
amplas e ocorrerão muito em breve.
“Se você
conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem
batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha
sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo,
perderá todas as batalhas” – Sun Tzu em “A arte da Guerra”.
O efeito dominó começou, na medida que a cada movimento um novo dominó
cai e empurra outro para a queda seguinte!
Todo jogo acaba ou muda de fase. O xeque-mate se aproxima.
Luiz Antonio Peixoto Valle é Professor e Administrador de
Empresas.
Um comentário:
Quando vier a grande quebra da economia mundial, com desvalorização total das moedas do mundo, China e Rússia estarão ricas, pelo ouro que hoje possuem e que muito valorizará... Enquanto o Brasil estará pobre, arruinado, por todas as suas reservas estarem em moedas estrangeiras, principalmente dolar, que deve ser a primeira moeda a virar pó! É triste, mas, infelizmente nossos politicos, nossos governantes, não acreditam nisso....
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