Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por
Ernesto Caruso
Peso, literalmente expresso em
quilogramas, que as crianças diariamente levam para as escolas em maletas,
mochilas, quer das mais luxuosas, práticas, mais leves, até em sacolas de
supermercados.
Em tela, um aluno do sexto ano do
Ensino Fundamental, com dez apostilas sobre as ciências e linguagens e outros
livros inclusos. Da ordem de 13 quilogramas, incluindo os cadernos.
Peso “pesado” no lombo dos alunos, dos
pais/mães que os compram, das mães/pais que aliviam os seus filhos ao levá-los
para as escolas, da mãe natureza, que contribui com papel/derrubada de árvores
para a confecção de livros, apostilas e cadernos, muitos com capa dura, a
significar mais consumo de papel e dinheiro e, recebe em troco o desperdício na
forma de poluição por toneladas de papel que não será reciclado e, que a parcela
aproveitável não terá a pureza do primitivo; mais o arame da espiral e tinta
para colorir em profusão. Um desastre.
Parece que a intenção é encarecer o
custo da produção e vender “conjuntos vazios”.
A primeira página da apostila,
normalmente é cópia da capa, colorida, com fotografias e ilustrações. Ora, uma
folha de papel (25 cm x 20,5 cm) custa um infinitésimo, mas multiplicado por
milhões, o valor será expressivo. Mas, não é só essa página inútil.
O sumário consome duas páginas.
A primeira, somente com quatro pequenas ilustrações, poucas palavras
indicativas das matérias tratadas, como Língua Portuguesa, Matemática... e, os
números das páginas onde o assunto é abordado. A segunda refere
Geografia, Ciências Sociais... a repetir o mesmo procedimento.
Nas que separam as matérias, todas
coloridas, constam somente o título, como por exemplo, Língua Portuguesa e a
citação de dois capítulos e páginas correspondentes. A quantidade de
fotografias de páginas inteiras é impressionante, e com pequeno texto explicativo,
mais de interesse do professor e, que a criança não vai ler, como objetivos a
serem conquistados, bem como a orientação do manuseio da publicação, quem sabe
para algum autodidata.
Uma apostila tem 43 páginas
praticamente cobertas por única foto e da ordem de 300 imagens menores, sendo
que 18 expondo modalidades de atividade física em seis páginas, na matéria
Educação Física.
Sem contradizer algo de fundamento na
expressão, “uma imagem vale mais do que mil palavras”, não há necessidade de se
representar por foto uma pessoa, em duas páginas, com dedo indicador em uma
direção, acrescido de pequeno texto explicativo, para demonstrar o modo
indicativo do verbo.
Não se põe dúvida sobre o aspecto
visual dos livros modernos, com muitas ilustrações e cores, a compará-los com
os do passado, mas a que custo? Melhorou o rendimento?
Foi-se o tempo em que os livros
serviam a várias crianças da família, de parentes ou encontrados nos sebos para
servirem a outros com baixo custo. Neles não se escrevia a não ser o nome do
aluno. Ao final de cada capítulo as questões eram formuladas e os alunos
respondiam nos cadernos.
Faz tempo, livros e apostilas cada dia
mais volumosos, possuem oito, nove páginas de exercícios com espaços vazios
para respostas, nem sempre completados.
Bom momento de fim do ano letivo e
início de outro e, fazer um balanço, pais e responsáveis, do que foi feito, não
pedido pelos mestres e não executados pelos alunos. Como se não houvesse uma
compatibilização entre o conteúdo transmitido pelos mestres e o estudo em casa
pelos alunos.
Há que se avaliar a quantidade de
fotos e ilustrações consumindo muito mais espaço do que os destinados aos
textos, neste mundo cada vez mais digital, quando em escolas de níveis
elevados, todos os alunos dispõem de telefone celular de boa qualidade e as
escolas, de recursos audiovisuais para complementarem as aulas mais áridas.
Simples palavra que se digite nos
vários aplicativos de pesquisa e, brotam textos, imagens e vídeos aos
borbotões.
Debater é preciso. A mãe de uma aluna
do último ano do ensino médio diz que o material escolar neste ano de 2020
chega a dois mil e setecentos reais.
Embora se possa empenhar e, qualquer
empresa o faz, em reduzir custos para vender o seu produto em melhores
condições de competitividade, o item específico tipo apostila precisa ser
apreciado em profundidade e atualizado face aos recursos tecnológicos
disponíveis como meio auxiliar de ensino, eliminando o supérfluo e os
“conjuntos vazios”.
Quanto aos conteúdos. Como ninguém é
professor de tudo, cada professor especialista na matéria cobra do aluno, que é
“o aprendiz” de generalista, o pormenor da sua matéria nas questões
das apostilas, provas, vestibulares, ENEM. A cultura inútil que sobrecarrega o
“HD + memória RAM” dos estudantes, sobrando pouco espaço para o essencial.
Detalhe que pode ser sobre a renda de
bilro; os amigurimis; quando surgiu a ginástica aeróbica no Brasil; práticas
esportivas tipo rafting, rapel, trekking, slackline; escrever sobre a dança no
festival folclórico de Parintins; etc.
Imagine-se exercício proposto como: o
que o aluno consome em uma semana, fotografando o que comeu; que brinquedos
usou, com que roupa se vestiu, transporte que usou; imprimir as imagens, colar
no papel pardo do tamanho do aluno. Exposição do trabalho, debates para chegar
à conclusão do que poderia ser feito para diminuir o consumo de produtos que
impactam o meio ambiente.
Muito gasto, tempo consumido, mais
produção de lixo e sobrecarga sobre os pais ou responsáveis pelos alunos no Ensino
Fundamental.
No que se refere aos resultados
do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) – 2018, no
total de 79 países e economias participantes, o Brasil ficou entre 55º e 59º
lugar em Leitura, entre 64º e 67º em Ciências e entre 69º e 72º em Matemática,
respectivamente com as seguintes médias, 413, 404 e 384. Brasil na rabeira como
na aferição anterior.
Em Leitura pior classificado
do que Chile, Uruguai e México; em Ciências, do que Argentina, Peru,
Colômbia, México, Uruguai e Chile e, Matemática, atrás do Chile,
Uruguai, Peru e Colômbia.
Os livros e apostilas não são iguais,
a metodologia difere e a iniciativa dos professores por vezes surpreende.
Aquela escolinha lá do interior apresenta melhor resultado do que a
superdotada.
Mas, o número de alunos impõe
racionalização extrema. Em 2018, foram registradas 27,2 milhões de
matrículas no ensino fundamental.
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