Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Milton
Pires
Pois é: avançam os casos de
coronavírus pelo Mundo e pelo Brasil. Aí surge aquela dúvida – onde está a
capacidade da “atenção primária” de resolver a maioria dos casos? A capacidade
deste conceito de “atenção primária” que nasceu em 1978 em Alma-Ata, na antiga
União Soviética ….
Mais do que isso: eu gostaria de saber
que importância vai ter, na contenção da epidemia por estas plagas, o famoso
“trabalho em equipe”, as “rodas de conversa”, os “saberes populares”, o
“conhecimento das doulas”, e as “dramatizações teatrais contra infecção
hospitalar”, e os movimentos de “desospitalização” dos pacientes que destruíram
a Psiquiatria, a Ginecologia-Obstetrícia e tantas outras especialidades
médicas. Teremos cuidados específicos com o coronavírus para negros, gays,
índios e lésbicas? Por que não, hein?
E a consulta e a prescrição de
enfermagem? As enfermeiras do Brasil não vão atender os pacientes com
coronavírus? Ué! Por quê??
E os médicos cubanos que ficaram no
país para “mudar a realidade de saúde do Brasil profundo" (como diz
Mandetta)?? Eles vão saber entubar pacientes em insuficiência respiratória
aguda e programar os parâmetros de ventilação mecânica?
Desde 1988 (antes até) que não se
fala, no Brasil, em outra coisa que não seja “Atenção Primária em Saúde”.
Ninguém que chega ao comando de cargo importante na Saúde Pública (Secretarias
Estaduais e Ministério da Saúde) tem coragem de falar em alguma coisa diferente
da atenção primária!
Curiosamente, só concordamos com
atenção primária quando o paciente é o outro ou a família do outro, né? Para
nós mesmos e para nossos familiares não queremos absolutamente NADA de primário
no atendimento médico! Queremos TUDO feito por gente que tem PhD nos Estados
Unidos!
Queremos hospitais com lancherias
bonitas, enfermeiras lindas, médicos de cabelos brancos que sejam professores
de faculdade...Queremos carteirinhas coloridas dos convênios e exames de imagem
feitos em salas que mais parecem a ponte de comando da USS Enterprise e que já
vem gravados em CD ou (melhor ainda) que podem ser enviados para o nosso
celular !
Nós queremos Ressonância Magnética,
troca valvar aórtica através de catéter, Tomografia Coronária com índice de
cálcio...queremos polissonografia para nossa apneia do sono e Cintilografia de
perfusão miocárdica para o mínimo desconforto torácico provocado pelo peso que
levantamos na academia do nosso condomínio privado !!
A prova de que isso que eu escrevi
acima é verdade é a quantidade de reclamações contra colegas que “deram
diagnóstico sem pedir qualquer exame”- como costumam dizer os pacientes dos
serviços que atendem o “diferenciados” - aqueles pacientes que só consultam
através de planos de saúde ou pagamento direto ao médico.
Quem será que está errado, hein?
Aqueles que entendem que “Saúde” é um conceito complexo de vários níveis que
pode ser abordado por uma cosmovisão comunista que diz que “qualquer
atendimento é melhor do que nenhum”, ou aqueles que tem a coragem de dizer que
NADA é básico quando o assunto é saúde? Que a divisão em cuidados primários e
avançados só serve para dividir os seres humanos em mais e menos importantes?
Em outras palavras: em mais ou menos descartáveis.
Quem não quer responder essa pergunta
diz, com frequência, que “a Saúde é um direito de todos e um dever do Estado” -
esse argumento, essencialmente constitucional, é, e vai continuar sendo,a
DESGRAÇA de qualquer Democracia Ocidental em que cresce cada vez mais a
desproporção entre RENDA e INFORMAÇÃO.
Esse é o argumento que vai realizar o
sonho de Saul Alinsky, de Barack Obama e de Jeremiah A. Wright – que
queriam levar os Estados Unidos ao colapso completo do capitalismo através da
reivindicação total e simultânea (resultado da dissociação entre informação
acessível e renda disponível) de tudo aquilo que a seguridade social garante
aos pobres de lá.
Argumento esse que só pode ser válido,
diga-se de passagem, para quem acha que o Estado deve garantir MAIS do que
Justiça e Segurança, e que Educação e Saúde de boa qualidade vem como serviços
de excelência se forem derivados da produção econômica e de emprego suficiente
para todo mundo.
No Brasil, as pessoas (sobretudo
aquelas que utilizam o SUS) continuam muito, muito pobres, mas estão cada vez
mais informadas, mais conscientes dos recursos diagnósticos e terapêuticos que
elas PODERIAM ter se tivessem (além da informação) dinheiro suficiente para
pagar um plano de saúde decente.
A epidemia de coronavírus que se
aproxima do Brasil vai revelar, de forma escabrosa, o colapso da Rede
Hospitalar Brasileira destruída por décadas de gestão dos Vagabundos Petistas
que arrasaram o Brasil e vai, consequentemente, enfurecer uma população que,
além de cada vez mais pobre, é cada vez mais bem informada.
O resultado disso, além da doença,
pode ser aquilo que todo bandido que já governou o Brasil sempre temeu – a
possibilidade da convulsão social e ruptura com as “instituições” que são
defendidas por Toffoli, Maia e Alcolumbre.
É mentira dizer que “é necessário que
os pacientes fiquem em casa” porque, caso contrário, o “sistema vai entrar em
colapso”. O sistema já está em colapso, ele mesmo JÁ É o colapso de toda
dignidade de médicos, enfermeiros e pacientes, de toda condição de trabalho, de
todo pagamento justo, de toda boa Medicina e Enfermagem que se DEVERIA fazer
dentro de uma UPA ou de um Hospital Público.
Aí vem as “recomendações do Ministério
da Saúde” para conter o coronavírus. O que dizer delas?
Recomendações sobre “etiqueta
respiratória”? Como justificar isso seriamente? O que dizer àqueles que sugerem
álcool gel e máscara para uma Nação em que os pacientes, com ou sem
coronavírus, dormem no chão das UPA’s e dos Serviços de Emergência?
O que alegar aos que fingem não ver as
infestações de ratos, moscas e baratas na Rede Hospitalar do Rio de Janeiro e
nos hospitais de todo Brasil?
O que declarar àqueles que simulam
desconhecer que os secretários municipais de saúde roubam ou aplicam mal todo
dinheiro que lhes chega nas mãos?
O que dizer e o que esperar, em termos
de motivação, dos milhares e milhares de médicos de 24 ou 25 anos de idade
(como eu mesmo já fui no século XX) que ainda moram com os pais e fazem
plantões em UPAS e serviços de emergência sem absolutamente NADA de contrato no
papel?
O que pedir a estes médicos que
trabalham por cooperativas cujos donos são, muitas vezes, até mesmo motoristas
de ambulância que exploram o trabalho deles? Destes médicos que às vezes ficam
dois, três ou quatro meses sem ver um tostão em troca do trabalho prestado e
que, no fim, vão recorrer a algum advogado esquerdista que compõe o serviço jurídico
do Sindicato Médico local...
São estes médicos, quase ainda
adolescentes, que vão ajudar o Ministério da Saúde a tomar conhecimento dos
casos e a adotar medidas para conter COVID-19 no Brasil??
Bom...ficam aí as perguntas que não
tem resposta. Não sei ainda o que esse vírus vai provocar no Brasil em termos
médicos.
Eu não sou infectologista e da última
UTI em que trabalhei eu fui expulso por gente amiga dos Vagabundos Petistas que
destruíram a Nação...mas do ponto de vista político é bem possível que o
coronavírus nos preste um grande favor: revelar a fraude, a verdadeira epidemia
de mentira, provocada, desde o século passado, por quem controla a Saúde
Pública no Brasil...e por um povo que não dá a mínima para isso porque pode
continuar espancando médicos nas UPA's e Emergências do SUS...quando percebe
que a coisa é séria...e que chegou a hora de morrer...
Milton
Pires é Médico. Editor do Ataque Aberto.
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