Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por H.
James Kutscka
Estávamos
filmando um documentário em Manaus.
- O perigo
vem da China, dizia meu amigo Xavier Oliveira nos idos anos setenta, enquanto
falávamos sobre a vida e amores por longas horas à bordo de um iate emprestado,
no qual navegávamos, em busca de locações pelo rio Amazonas e Negro.
Quase
cinquenta anos depois, sua previsão torna-se realidade, com frequência
alarmante.
Praticamente
a cada dois anos, a China brinda o mundo com um novo vírus e todo o mundo perde
o sono.
O atual,
está castigando principalmente a Itália, e promete não acabar por lá.
Então, como
uma coisa leva a outra e todas levam à quarentena, ( seja ela de quarenta dias ou de maneira informal ,
qualquer espaço de tempo em
isolamento angustiante), onde todos nos
sentimos como crianças, de volta à sala
de aula esperando ansiosos pela sirene, anunciando o recreio libertador,
aproveitei para nesse final de semana,
revisitar Giacomo Puccini, que na ópera “Turandot”, se utiliza de temas
chineses.
Nela, a
princesa” Turandot” que odeia todos os homens, por haver assistido o estupro e
assassinato da princesa Lo-u-Ling pelos Tártaros, se vê obrigada por seu pai, a
se casar para manter a dinastia.
Turandot
concorda, mas impõe que somente se casará com o pretendente que decifrar três
charadas propostas por ela.
Se não as
responderem corretamente, serão executados ao despontar da Lua.
Então, após
assistir à execução pública de um
príncipe Persa, e conhecer a beleza e crueldade da princesa, que ignora os
pedidos de clemência da população, um príncipe, até então desconhecido, (filho
do derrotado rei Tártaro) tomado de paixão, ignora os pedidos de seu velho
pai e Liu (que é apaixonada por ele), decide arriscar a
vida enfrentando as charadas.
"Qual
é o fantasma que nasce todas as noites, apenas para morrer quando chega a
manhã?" "A esperança," responde.
"O que
é vermelho e quente como a chama, mas não é chama?" "O sangue,"
"Qual
é o gelo que te faz pegar fogo?" "Turandot." responde o príncipe
sem titubear.
"Turandot!
Turandot!" exclamam os sábios, resposta correta!
Assim vence
o desafio proposto (até porque ele era o único a entender o sadismo e crueldade
da princesa).
Ela
desesperada, em vão, apela ao pai para escapar do compromisso.
O príncipe
então, embora apaixonado, propõe um enigma: ela teria de descobrir seu nome até
a madrugada, se o fizesse, ele mesmo se entregaria ao machado do carrasco.
É o
terceiro ato, onde a emoção explode em todo seu encanto na maravilhosa ária
“Nessun dorma”.
A princesa
ordena que ninguém durma naquela noite, e que descubram o nome do príncipe.
Seus
emissários descobrem que na noite anterior, o príncipe estava acompanhado de
uma jovem (Liu), que é presa, torturada e morre sem entregar seu nome.
Ao
amanhecer, o príncipe, ele mesmo, diz a Turandot seu nome: Calaf.
Os guardas
chegam para prendê-lo; ela agora pode dizer seu nome e livrar-se do
compromisso, mas erra de propósito, dizendo que seu nome é Amor.
Deixando de
lado o romantismo.
“Non
lasciare che nessuno dorma, più di tutt gli scienziati dedicati ala patologia.”
Não deixem
que ninguém durma, mais que todos os cientistas dedicados à patologia.
Aqui
Covid19 também é cultura.
“All´alba
vinceremo!”
Ao amanhecer venceremos!
H. James
Kutscka é Escritor e Publicitário.
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