Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Fábio
Chazyn
Pedro
Alvares Cabral descobriu o Brasil, mas quem o loteou foi Martinho. Com somente
30 e poucos anos, o jovem mostrou competência! Inaugurou o ciclo do açúcar no
Brasil e conseguiu permitir acesso p’ra todo mundo à, até então, iguaria que
era reservada aos nobres das côrtes européias.
Martinho
Afonso de Sousa negociou muito bem com o rei de Portugal, D. João III. Cumpriu
a sua missão de expulsar os franceses que estavam de olho na madeira vermelha
que os portugueses achavam que era deles e pousou o seu próprio olho no que de
fato era dos índios que, de donos da Terra de Santa Cruz, viraram os favelados
do Brasil...
Para
viabilizar o seu plano, Martinho usou astúcia e cooptou a “Turma de Viseu”.
Berço de Afonso Henriques, conhecido como o Fundador de Portugal, lá nos idos
1100, foi em Viseu, um pequeno vilarejo do norte do país, que Martinho
organizou a festança; a maior “ação-entre-amigos” de todos os tempos. Foi lá em
Viseu que Martinho encontrou o que precisava: devotos do papa Nicolau V que,
cem anos antes, pregava a escravidão como forma de cristianizar os negros
africanos. Praticaram tanto a “boa-ação” que acabaram inundando o País com mais
de três milhões deles.
A Turma de
Viseu, na qualidade de “capitães-donatários”, ficou com o ‘filé’ das Capitanias
Hereditárias, onde os escravos chegavam e recebiam o ‘privilégio’ de trabalhar
para eles no cultivo da cana-de-açúcar. Do total dos catorze lotes, Martinho
guardou p’ra ele próprio, em seu nome e no do irmão falecido, um terço deles:
Santana, Santo Amaro, São Vicente e Itamaracá.
Mas o rei,
que não era bobo, não permitiu que a melhor das áreas tivessem o mesmo destino!
Puxa-p’ra-cá-puxa-p’ra-lá, foi preciso passar quase um século para designar a
tal área, hoje compreendida entre são Luís e Belém, para mais um da
turma-de-Viseu, os Araújo Costa.
Os
antepassados do José Ribamar de Araújo Costa, vulgo José Sarney, foram devotos
às suas origens e até fundaram o município de Viseu, hoje no Pará, encostado na
fronteira com o Maranhão. Fizeram fortuna com o açúcar e escravos que
exploraram Mas tiveram que esperar mais
300 anos para ganhar a sorte-grande. Foi quando a crise do petróleo dos anos
1970 que, ainda que tivesse dado um fôlego ao regime militar com o programa
Pro-Álcool, no final resultou também em poder político aos usineiros,
catapultando o seu ponta-de-lança à presidência do País em 1985.
Daí foi um
pulo para o ex-presidente conseguir consolidar as regras para o seu grupo
passar a escritura-definitiva de seu poder: a Constituição Federal de 1988.
A nós,
contemporâneos, cabe a escolha de um dos dois caminhos para seguir p’ro futuro:
ou continuamos como espectadores da História ou promovemos uma nova
Constituição que contenha as regras a seguir para colocar o País no rumo da
prosperidade de todos. E não somente dos donos do Brasil!
Fabio
Chazyn, autor dos livros “Consumo Já! Projeto Vale-Consumo” (2019) e “ O Brasil
Tem Futuro?” (2020) https://clubedeautores.com.br/livro/o-brasil-tem-futuro
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