Celso
Braga
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Celso
Braga
As grandes mudanças que estamos
vivendo nas empresas, adoção de ambientes digitais, mudança na prestação de
serviços, mudanças na produção e nos produtos por causa do Covid19, são algo
sem precedentes na história. Motivo pelo qual os executivos precisam tomar
decisões constantes num ambiente totalmente incerto, sendo pressionados
emocional e intelectualmente em todos os níveis da organização. E é nesta hora,
onde são necessárias mais e mais mudanças, que podemos observar como os
fundamentos da cultura de uma organização estão funcionando.
Está claro que empresas com
melhores fundamentos de cultura têm mais condições de enfrentar e sair da
crise, voltando a conquistar seu lugar ao sol.
A cultura é a soma daquilo que
se sente, pensa e faz, validado por um grupo de pessoas, revelando um “modo de
ser” possível de se observar em toda a organização. Assim, se a empresa já não
cuidava de pessoas, não vai passar a cuidar agora, se ela já cuidava vai
continuar tendo esse pilar como foco. Se ela já era preocupada com a sociedade
vai continuar assim, se não era também vai continuar não se preocupando, e por
aí vai. Em cada situação a cultura da organização vai ficando cada vez mais
clara e transparente.
Isso vale para o comportamento
das pessoas também, quem era pouco engajado vai continuar assim, quem tinha
energia para contribuir vai continuar assim. As coisas não mudaram na cultura
nem na forma como as pessoas individualmente se expressam, somente tiveram suas
cores intensificadas, colocadas num palco no qual todos conseguem ver com mais
clareza.
Os executivos mais fortes estão
aproveitando este momento para acelerar as transformações culturais que de
alguma forma já eram necessárias e sofriam resistências. Ter um maior uso de
home office, por exemplo, era rejeitado por alguns líderes, mas os executivos
sabiam que era necessário e estavam esperando o tempo de adaptação das
lideranças. O tempo acabou, portanto, a nova cultura virá com este modelo
incorporado.
Acabará a permissão para pessoas
muito resistentes, quem não se adaptar não terá mais tempo para fazê-lo, e não
será possível voltar atrás. Pessoas sem engajamento, com baixa performance,
pouco envolvimento, não terão mais tempo para entrar no jogo. A cultura
colaborativa, empreendedora, pouco resistente a mudanças entrou no jogo e agora
está sendo acelerada.
É preciso planejar já, não
podemos esperar tudo voltar ao ritmo de antes sem a preparação para uma nova
cultura. E os melhores executivos estão se movendo, estão audaciosamente
organizando a volta, mexendo na sua forma de gestão, buscando demonstrar que
precisam que todos entrem no jogo e que não existe mais lugar para
resistências.
Os C-levels, presidentes,
vice-presidentes e diretores têm sido os que cuidam de tudo e de todos,
geralmente ficando à mercê de sua própria força. Bom, todo mundo já esperava
que eles estivessem preparados para crises não é verdade? Só não sabiam que
algo deste porte pudesse mudar o jogo e exigir uma preparação que ninguém seria
capaz de ter em seu repertório. De alguma forma, pessoas mais engajadas, mais
empreendedoras, mais destemidas apresentaram melhores bases para suportá-los
nesta transição.
De qualquer forma, ninguém
estava 100% preparado para algo dessa magnitude, mas com certeza somos capazes
de encontrar as respostas. Precisamos pensar juntos e organizar uma nova
cultura, que responda os anseios de tempos melhores. Mas, qual seria essa nova
cultura de tempos melhores?
Vejo que a cultura empreendedora
é a que vai pautar as organizações daqui para frente. Significa que as pessoas
terão que sentir conforto e ter liberdade para pensar diferente, ou seja, ter
um ambiente realmente seguro para experimentar novos processos a fim de
encontrar novos resultados. Também acredito que as empresas vão mudar seu modo
de remunerar, passando de um salário fixo para valor agregado, quem faz ou
contribui mais, terá maior recompensa.
Mudar para o modo empreendedor é
também assumir mais riscos, calculados de forma mais rápida. Vai ser um ambiente
de contínua aprendizagem e de ação ágil, onde paradigmas como “manda quem pode
obedece quem tem juízo” desaparecem, dando lugar para o “faz quem pode, com
juízo e responsabilidade”.
A liderança vai ter que fomentar
a cultura empreendedora e também ser o modelo que assume o compromisso total
com as transformações. São novos paradigmas para liderar quando se trata de ser
mais empreendedor como líder. Será extremamente desafiador, mas absolutamente
necessário deixar de ser conservador, de depender do controle, de ver o erro
como falha, para ser construtor de ideias, incentivador de iniciativas, gerador
de ambientes que possibilitem que as pessoas possam se envolver com o que estão
fazendo de maneira mais profunda e interconectada.
Nem preciso dizer que “accountability”
como conceito passa a ser parte da cultura empreendedora e da vivência das
pessoas no dia a dia, da base até o topo da empresa. “Accountability” é uma
palavra que não tem uma tradução efetiva para o português, onde alguns chamam
de senso de responsabilidade, mas que evidentemente é mais do que isto. Na
cultura empreendedora a pessoa passará a entender que o negócio também é seu e
assume total envolvimento com ele, tendo assim accountability.
A cultura nas organizações
voltadas para o controle e continuidade já dava sinais de que estava se
rompendo, já se falava em proatividade, empreendedorismo, protagonismo,
organizações ágeis, cultura colaborativa entre outros atributos que em resumo
podem se traduzir na força empreendedora que segue avançando e construindo os
negócios.
O que importa é que uma nova
cultura, empreendedora, capaz de construir tempos melhores precisa passar
necessariamente pela mudança de crenças enraizadas, transformar pensamentos
conservadores e refletir diretamente na mudança no comportamento de todas as
pessoas envolvidas.
Durante essa transformação
cultural, adotar novos símbolos, novos processos e ritos que evidenciem a
valorização da cultura empreendedora e os comportamentos que levam a ela são
parte do caminho. Isso inclui investir em autonomia, em colaboração produtiva,
em ambientes seguros e flexíveis, além de garantir práticas e espaços de
desenvolvimento humano. A melhor parte disso tudo: não precisa saber como
trilhar este caminho, basta querer. Nós podemos te acompanhar durante essa
maravilhosa jornada.
Bem-vindos a este novo tempo!
Celso Braga é Sócio-diretor do
Grupo Bridge, empresa especializada em desenvolvimento humano há mais de
25 anos. Também é Psicólogo e Mestre em Educação, pós-graduado
em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, Professor supervisor pela
FEBRAP. Acumula experiência de mais de 25 anos em desenvolvimento humano e
projetos de conexões educacionais e inovação. É autor de mais de
10 livros, entre eles ‘A Jornada Ôntica’ (2013), ‘O Hólon da Liderança’ (2015),
‘Inovação: diálogos sobre a prática’ (2016), ‘Inovação: diálogos sobre
colaboração produtiva’ (2017), A Magia dos Sentimentos: 27 emoções para
transformar sua vida e em 2019 lançou os livros em versão digital; Lifelong
Learning - Aprender para a Vida e Empowerment, uma liderança que inspira. Celso
Braga é coautor do livro ‘Educação para Excelência’ (2010).
Um comentário:
Cuidado.. home office é o case do momento e ninguém ve que mais de 95% dos serviços não pode ser feito pelo dito cujo...Tá com dor de dente.. tire uma foto do dito cujo e mande-a ao dentista. ele faz o serviço e devolve a foto do dente novinho...faz isso também com o pedreiro, com o pintor de paredes o encanador, que em algumas regiões do Brasil o chama de bombeiro...O barbeiro que corta meu cabelo está proibido de trabalhar há 70 dias e eu não gosto de ficar cabeludo.. o que fazer...cada um inventa o que pode.. o meu barbeiro comprou uma motoquinha e faz dez cortes de cabelo por dia atendendo na casa do cliente...é um homeoffice sem computador e pelo menos ganha pra comer.......O pedreiro o pintor e o encanador já fazia homeoffice muito antes de inventar o computador.. trabalhando na casa do cliente.. O Homeoffice do caminhoneiro é dentro da boléia, onde continua morando desde sempre..e numa atividade de alto risco que antes era de assaltos e acidentes fatais e agora também morrrendo com o bichinho chines...cada um se vira como pode....
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