Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Percival Puggina
Se havia algo sabido e consabido eram as críticas da imprensa brasileira ao discurso que Bolsonaro faria à Assembleia Geral da ONU no último dia 22. Assim como numa partitura, as claves servem para identificar as notas, que devem ser lidas conforme a clave indique, assim também, na grande imprensa militante brasileira, todos os fatos sobre a presidência e o governo da República devem ser produzidos em clave depreciativa. A clave orienta a orquestra.
Não deu outra. Nenhum mérito, nenhuma
afirmação necessária, nenhuma atitude correta, nenhuma verdade identificada,
nenhum serviço prestado ao país foi percebido na fala presidencial, malgrado
haver nela méritos, afirmações necessárias, atitudes adequadas e verdades
proferidas. Em outras palavras, estamos diante de um daqueles casos em que cabe
indagar, como indagou alguém: “Você prefere crer no que seus olhos veem e seus
ouvidos ouvem, ou no que eu estou lhe dizendo?”.
Como afirmei acima, no mundo das estratégias,
era conhecida a clave dos comentários que se seguiriam ao discurso. Todo
radicalismo é soberbo e a soberba emburrece. Há que respeitar até esse direito.
No entanto, certos excessos não deveriam ser sancionados pelo silêncio da
opinião pública. Desde que a esquerda perdeu o poder, tanto o presidente quanto
o Brasil estão sob ataque político interno e externo. Os “companheiros” não
sabem perder. É incômodo, injusto, mas inevitável que com a chegada de
Bolsonaro ao poder, questões correntes e recorrentes no cotidiano nacional
tenham ganhado enorme repercussão externa. Com a derrota petista em 2018, toda
a fumaça das queimadas, que não ia à conta de ninguém, passou ser soprada para
o Palácio do Planalto.
Quem é brasileiro e está acordado sabe que as
queimadas são praticadas há séculos, mas só ganharam destaque quando
conservadores e liberais venceram a eleição presidencial. Quem é brasileiro e está
acordado sabe que o Brasil não se abraçou com o fascismo na eleição de 2018; o
que aconteceu naquele pleito foi o inverso: o Brasil se divorciou do comunismo
e de suas lucrativas organizações criminosas tão ricas de dinheiro público como
para financiar as parceiras do Foro de São Paulo. Quem é brasileiro e está
acordado sabe que não há clima nas Forças Armadas para golpe militar; sabe,
também, que o golpismo real deita raízes nos outros dois poderes, nas
articulações da esquerda e da mídia militante que não reconhecem derrotas, nem
direitos aos adversários.
Não se conceda tolerância, porém, ao ataque
econômico. O Brasil e os brasileiros têm sido vítimas de investidas de outras
nações, com visível e já notória discriminação de nossos turistas desenhando uma
situação de extrema gravidade. A excelência do agronegócio brasileiro sempre
enfrentou animosidade dos dispendiosos agricultores europeus. A Amazônia sempre
suscitou a cobiça internacional.
Assim, a mídia militante brasileira comete
inominável excesso quando, em meio a infundadas depreciações ao discurso do
presidente, reverbera as críticas de ambientalistas europeus. Chegaram estes ao
cúmulo de afirmar e os companheiros daqui a reproduzir que o discurso “dá a
trilha sonora” à saída de investidores internacionais e ao cancelamento de
acordos comerciais com países parceiros. Não importam os danos colaterais sobre
a nação, contanto que o alvo seja atingido! Silenciam perante ameaças ao
próprio país! Somam-se aos que o atacam!
Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e
Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário e escritor.
Um comentário:
Lembro o jornalista que escreveu que a verdade não se impõe, não faz sentido aos ouvidos moucos. Quando não interessa aos propósitos, é rejeitada de plano. Convém no entanto insistir.
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