Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Percival Puggina
Minha geração viveu a inteira experiência da
Guerra Fria. Conflito Leste-Oeste, Organização do Tratado do Atlântico Norte
versus Pacto de Varsóvia, armamento nuclear abarrotando arsenais em quantidade
suficiente para destruir o planeta várias vezes, corrida espacial. Minha
geração viveu décadas com medo da “bomba”. Por fim, a estrepitosa queda do Muro
de Berlim e a extinção da URSS. Ao mesmo tempo em que isso acontecia no lado
visível do palco, no bastidor os derrotados se infiltravam tomando o controle dos
meios culturais do Ocidente e agindo no sentido de destruir a cultura e os
valores que se haviam revelado vencedores. Deu muito certo.
No Brasil não foi diferente. O processo
constituinte de 1987/88 abriu o caminho para os derrotados pelo regime militar
chegarem ao poder. Os meios culturais já estavam dominados de tal forma que,
enquanto a caneta aparelhava as instituições, os recursos da União financiavam
os meios de influência. Como resultado, passou-se a viver perigosamente no
Brasil, com um nível de insegurança de nações em guerra. Mas isso não importa
aos poderes da República. Só condutas que possam ser identificadas como
politicamente incorretas suscitam a fúria das Cortes. Para tudo mais vige o
estímulo da impunidade.
Quem tem um STF e um Congresso Nacional com a
atual configuração de forças não precisa do Partido Comunista da China para
difundir insegurança à população. Conseguimos perfeitamente bem protagonizar
nossos próprios medos e custear o conforto de quem lhes dá causa. Não contentes
com a carnificina, os assaltos, sequestros, estupros e furtos do quotidiano,
nossos ministros do Supremo libertam as forças do mal soltando bandidos
perigosos. Para fazer isso com a consciência tranquila e dormirem bem à noite,
no dizer vaidoso de Marco Aurélio Mello, concedem-lhes habeas corpus às
centenas “sem olhar a capa dos processos”. Perfeito! Adotam o princípio
rotariano de fazer o bem sem olhar a quem. Sei, sei. “Impunidade”, este é o
nome do jogo, que também se poderia chamar “Como produzir mais vítimas com o
mesmo contingente de bandidos”.
Nosso Senado Federal é formado por 81
senadores com a prerrogativa constitucional de pôr fim a esse escárnio,
contanto que o queira. No entanto, não se consegue mais de vinte e poucas
assinaturas para qualquer ação efetiva de legislar em favor da sociedade e
contra o crime. Setenta e cinco por cento dos senadores querem tudo exatamente
como está, com todas as garantias e chicanas para criminosos que, não raro, são
eles mesmos. Aliás, quando o Congresso Nacional legisla para abrandar o Código
Penal e embutir, contra o interesse da população, mais alguma treta no Código
de Processo Penal, ele comete o ato moralmente reprovável de legislar em
benefício próprio. Não há como não pensar nisso. Aliás, nenhum parlamento de
país democrático considera tal prática compatível com a dignidade do poder.
É nesse perigoso contexto que a República
Popular da China vem se aproximando do Brasil, cheia de amor para dar. Fora do
Partido Comunista da China (PCC), ninguém no mundo confia no Partido Comunista
da China. O Brasil, no entanto, esteve a um passo de disponibilizar a vacina
chinesa contra o vírus que, oriundo de lá, fez enorme estrago nos sistemas de
saúde pública e na economia mundial. Felizmente, o presidente transferiu para a
Anvisa a responsabilidade de aprová-la ou não.
Por outro lado, a tecnologia 5G está
determinando uma disputa entre EUA e China que está sendo comparada pela
diplomacia brasileira com episódios comuns ao tempo da Guerra Fria. Multiforme,
ela volta, repaginada, em versão sino-americana, com acirrada disputa pela
supremacia econômica e tecnológica. Há sempre um lado totalitário assombrando o
planeta. Comunismo, globalismo, terrorismo são enfermidades morais que só a
democracia consegue sanar.
2 comentários:
Lúcido como sempre.
Obrigado Percival.
Já deu tempo de comprovar a segurança e eficácia da vachina?
https://brasilsemmedo.com/rapidinhas-bsm-anvisa-autoriza-importacao-de-6-milhoes-de-doses-da-vacina-chinesa/
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