Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Percival Puggina
A quem interessar possa, confesso que sou
portador de um pacote de anomalias que me fazem ser a favor da instituição
familiar e contra os que a depreciam, a favor da liberdade e contra arreganhos
totalitários, a favor da sociedade e contra a bandidagem. Podem me olhar de
cara feia, mas é assim que sou. Também sou – pobre de mim – contra a miséria e,
por isso, a favor do desenvolvimento econômico. Podem me chamar de porco
capitalista, mas me sinto mal ao ver um miserável papeleiro fazendo tração
animal, puxando carroça, porque o município não lhe proporciona outro modo de
recolher papéis pela cidade, tendo preferindo zelar pelo cavalo e não pelo
papeleiro. Podem me chamar de direitista – não de fascista porque, como se
sabe, fascista é a mãe de quem chama –, no entanto, não consigo discutir
sobre política com quem vive no mundo da lua.
A propósito, outro dia, disse-me alguém que a
discussão entre esquerda e direita não define rigorosamente o quadro político
brasileiro porque existe uma esquerda democrática e uma direita democrática e
as duas posições são igualmente legítimas.
Aí já comecei a vislumbrar o cidadão sentado à
borda de uma cratera lunar, balançando os pés e olhando a Terra azul. No mundo
real, disse a ele, não existe esquerda e direita ideal. Existe uma direita real
e uma esquerda real. Esta última, a que existe no Brasil, a que vai às urnas, a
que faz voto e disputa o poder, é representada por dois ou três partidos que se
definem como adversários da democracia liberal, representativa, que chamam “burguesa”,
e querem promover mudanças para a, assim dita, “democracia popular”. Com esse
mesmo rótulo, aliás, foram comercializados os regimes totalitários no leste da
Europa e da Ásia, durante décadas, a partir de 1948.
Em toda democracia, mas de modo muito especial
numa sociedade pluralista e de escassos consensos como a nossa, é preciso, sim,
haver uma esquerda e uma direita democráticas. Acontece que a esquerda que
governou o Brasil fez o que se sabe e o que se sabe é apenas parte do que fez.
Por todos os modos tentou criar sua “democracia popular”, aparelhou toda a
máquina pública com seus sovietes (conselhos), tomou conta das universidades,
semeou discórdia onde havia união etc., etc., etc.. Não fez diferente no Rio
Grande do Sul nas duas ocasiões em que governou o Estado causando catástrofes
econômicas, fiscais e sociais.
Tenho 76 anos e nem um único minuto desse
tempo todo estive em cima do muro. Não me parece sensato instalar-me
sobre ele, como se a política fosse um jogo em que eu, neutro como uma biruta
de aeroporto, me movimentaria segundo o vento das circunstâncias.
Sou culpado? Quem sabe? Nesta terra, disparate
é a sensatez. E vice-versa.
Um comentário:
Fazer este auto de fé nos princípios tradicionais, que até agorinha eram o escudo da maioria, é quase como colocar a reputação a prêmio nestes tempos de ABSOLUTA HIPOCRISIA programada em que vivemos. O Politicamente Correto tomou de assalto autoridades, intelectuais, artistas e, lamentavelmente, a juventude indefesa e sob o jugo doutrinário das nossas Universidades. Gramsci que, felizmente, morreu relativamente cedo, foi muito bem acolhido e aplicado pelos regimes totalitários que defendia. Tudo que era tido como bom comportamento social faliu e hoje é incensado quem é ou defende os LGBTxyz, são elevados os que priorizam, mídia à frente, determinada etnia à guisa de resgate, considerados obsoletos conceitos morais e religiosos (veja os aplausos à recente legalização do aborto pelas “hermanas”) e sempre focados na tal luta de classes e outras contradições do marxismo. Falo ex cathedra porque já estive “do lado negro da Força” a que renunciei ainda jovem quando fui, por isso, relegada ao ostracismo, posição que me permitiu ter uma visão privilegiada do andar da carruagem da “cumpanherada no pudê”. Constato que vivemos tempos muito ruins de CAOS mundial e que precisamos reagir e impedir esse movimento social ladeira abaixo. Meus cumprimentos pela coragem e sinceridade. (sanseverina)
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