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Por Carlos I.S. Azambuja
O que é o Foro de São Paulo? Todos os detalhes sobre essa entidade criada em 1990 em
um Encontro Internacional convocado pelo Partido dos Trabalhadores, por
inspiração do Partido Comunista Cubano.
O motivo da criação do Foro de São Paulo (que hoje reúne mais de 100 partidos, organizações e grupos de esquerda da América Latina e Caribe), uma reedição da OLAS - Organização Latino-Americana de Solidariedade (organização similar constituída em 1966, em Havana) e da fracassada JCR - Junta de Coordenação Revolucionária (constituída em 1973, por organizações terroristas do Chile, Uruguai, Argentina e Bolívia, após a deposição do governo marxista de Salvador Allende, no Chile), foi uma das formas encontradas pelo regime cubano para sobreviver à queda do Muro de Berlim e ao desmonte do socialismo real que provocou o desmoronamento, como um castelo de cartas, de todos os partidos comunistas e movimentos aliados da ex-União Soviética.
O motivo da criação do Foro de São Paulo (que hoje reúne mais de 100 partidos, organizações e grupos de esquerda da América Latina e Caribe), uma reedição da OLAS - Organização Latino-Americana de Solidariedade (organização similar constituída em 1966, em Havana) e da fracassada JCR - Junta de Coordenação Revolucionária (constituída em 1973, por organizações terroristas do Chile, Uruguai, Argentina e Bolívia, após a deposição do governo marxista de Salvador Allende, no Chile), foi uma das formas encontradas pelo regime cubano para sobreviver à queda do Muro de Berlim e ao desmonte do socialismo real que provocou o desmoronamento, como um castelo de cartas, de todos os partidos comunistas e movimentos aliados da ex-União Soviética.
Para Cuba, então, tornou-se fundamental que as forças
consideradas aliadas assumissem o controle de, pelo menos, um dos países da
América Latina. É evidente que o Brasil, face às condições políticas da época
(1990), seria o alvo preferido.
Inicialmente, o Foro era uma espécie de frente política destinada a propor “ações comuns”. Todavia, no decorrer do tempo, o Partido Comunista Cubano,
de forma gradual, lenta e segura, foi dirigindo sua transformação sistemática
em uma estrutura de comando centralizada, de cuja direção, hoje, fazem parte os
principais partidos de esquerda e grupos terroristas da América Latina.
Em 1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida
uma direção, que ficou composta pelo Partido Comunista
Cubano, Partido da Revolução Democrática (México), Partido
dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de Libertação
Nacional (El Salvador), Movimento Lavalas (Haiti), Movimento Bolívia Livre e os 6 partidos integrantes da Esquerda Unida
(Peru) e da Frente Ampla (Uruguai, uma frente constituída por diversos partidos e
organizações, dentro da qual o Movimento Tupamaros é hegemônico). Em 1992, aURNG - União Revolucionária Nacional
Guatemalteca, que agrupa várias organizações
voltadas para a luta armada, foi admitida para integrar essa direção.
Em maio de 1995, no V Encontro do Foro, realizado em Montevidéu, a sua direção já incluía,
também, a Coordenadora
Guerrilheira Simón Bolívar, as FARC-EP - Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo, o ELN
- Exército de Libertação Nacional e a Aliança Democrática M-19 (todos da Colômbia), o Partido Laborista (Dominica), o Partido
Revolucionário Democrático (Panamá)
e três organizações de Guadalupe: o Partido Comunista e os grupos União e Resistência e União
Popular pela Liberdade
O mais recente filiado ao Foro de São Paulo é o EZLN
- Exército Zapatista de Libertação Nacional. O EZLN
recebe o apoio de centenas de ONGs - Organizações
Não-Governamentais mexicanas e internacionais que,
juntamente com determinados meios de comunicação, mantêm-se permanentemente
mobilizadas para apoiar, defender e fortalecer o EZLN.
Pode-se dizer que se não fosse a influência da “Internacional
Internet”, das ONGs e de altos funcionários de
alguns países e de organismos internacionais, as FF AA mexicanas certamente já teriam desmantelado o EZLN, localizado numa zona praticamente liberada, no Estado de
Chiapas. Segundo os dirigentes zapatistas propalam, a presença do Exército em Chiapas prejudica as
negociações com o governo e atrasa “o processo de
paz”.
O Foro
de São Paulo possui um Secretariado permanente, conforme decisão adotada em maio de 1995, no Encontro de
Montevidéu. Até agora, extra-oficialmente,
Manágua e Havana vêm servindo como centros de comando, e os Encontros do Foro vêm sendo realizados alternadamente em diferentes países.
O de 1997 foi realizado em Porto Alegre, RS.
A revista “América Libre”, porta-voz do Foro de São Paulo, dirigida por Frei Betto, é editada em português e
espanhol, na Argentina. Foi fundada em 1992, por ocasião de um Seminário comemorativo do 65º aniversário de nascimento de Che
Guevara, realizado em Rosário, Argentina. É uma revista com periodicidade
quadrimestral.
No primeiro número, em um artigo que fazia a apresentação
da revista, Frei Betto escreveu que “é preciso não
ceder à ingênua pretensão de fazer a revolução pelo voto”. Nesse mesmo número, o cubano Fernando Martinez Heredia,
pertencente ao Departamento
América (órgão de Inteligência do
Comitê Central do Partido Comunista Cubano), membro do Conselho de Redação, escreveu que “reforma e revolução,
e não reforma ou revolução, tem que ser a palavra de ordem.”
Não é esse, no entanto, o único veículo de comunicação do Foro de São Paulo. No ano seguinte, 1993, a Frente Ampla
(Uruguai) foi encarregada de criar um sistema
de comunicações eletrônico entre os grupos, organizações e partidos integrantes
do Foro.
As organizações, partidos e grupos que integram o Foro atuam em 28 países da América Latina e Caribe e dirigem
insurreições armadas no México, Colômbia e regiões produtoras de cocaína da
Bolívia e Peru. Em El Salvador, Chile e Nicarágua, importantes recursos da
época da luta armada foram conservados intactos por algumas organizações
terroristas, aguardando que se apresentem as condições subjetivas para
utilizá-los.
Partidos membros do Foro de São Paulo governam o Brasil, Cuba e Haiti, e detém cargos importantes nos governos do Chile e Bolívia.
Partidos membros do Foro de São Paulo governam o Brasil, Cuba e Haiti, e detém cargos importantes nos governos do Chile e Bolívia.
O Foro
de São Paulo considera a insurreição do EZLN, em Chiapas, um modelo para toda a América Latina. Essa
insurreição, definida por “América
Libre” como “a primeira
revolução pós-moderna”, tem
como característica principal a utilização dos indígenas para dar proteção e
fachada às operações de guerra irregular de forças terroristas, com objetivos
de separatismo étnico.
Entre as organizações, partidos e grupos comunistas fora
do continente latino-americano com os quais o Foro de São Paulo mantém relações fraternais, estão os partidos comunistas
da Coréia do Norte, China, EUA, Canadá, Áustria, Inglaterra, França, Alemanha,
Grécia, Itália e Portugal, bem como a Eta-Basca, que internacionalizou as ações
de seqüestros de empresários e que, há mais de uma década, estabeleceu bases de
operações na América Latina (México, Venezuela, Cuba, Nicarágua e,
possivelmente, El Salvador, Uruguai e República Dominicana).
Basta recordar os seqüestros do empresário Abílio Diniz,
em dezembro de 1989, e do publicitário Washington Olivetto, em dezembro de
2001, ambos em São Paulo, bem como a libertação, em São Paulo, em 1987, do Cel.
do Exército chileno Carlos Carreño, seqüestrado no Chile. São exemplos da
internacionalização desse tipo de crime. Recorde-se que do seqüestro do
empresário Abílio Diniz participaram chilenos, argentinos, canadenses e
brasileiros. Posteriormente, em 1993, quando da explosão de um “bunker” na Nicarágua, documentos apreendidos vincularam esses
seqüestradores à Eta-Basca, a dirigentes da Frente Farabundo
Martí de Libertação Nacional (El Salvador), e a ex-dirigentes do aparelho de Inteligência
sandinista. Do seqüestro de Washington Olivetto
participaram chilenos, argentinos e colombianos, além de, pelo menos, duas
brasileiras.
A COPPPAL -
Conferência Permanente dos Partidos Políticos da América Latina, entidade vinculada à Internacional Socialist e o Novo
Partido Democrata(Canadá), que enviaram representantes
a várias conferências do Foro e dão seu apoio ao EZLN, em
Chiapas; o Instituto
Democrata Nacional e a Fundação Nacional
pela Democracia (ambos dos EUA); aInternacional
Socialista; e o Centro
Tricontinental da Universidade de Louvain, Bélgica são aliados, dão apoio e prestam
solidariedade ao Foro
de São Paulo.
A ideologia que permeia os diversos partidos e
organizações componentes do novo terrorismo pós-Guerra Fria é um misto de
indigenismo, etnicidade, ecologia e Teologia da Libertação. O denominador
comum, todavia, é a defesa e a solidariedade com Cuba castrista.
Nesse sentido, Frei Betto, diretor de “América Libre”, e o ex-Frei Leonardo Boff, membro do Conselho de Redação, bem como marxistas de todo o mundo, agora, após a queda
do Muro
de Berlim e do desmonte do socialismo real,
passaram a buscar novos modelos de análise social e discursos políticos.
É significativo o título do último livro de Leonardo Boff
-“Ecologia,
Grito da Terra, Grito dos Pobres” - lançado pela editora Ática. Segundo ali foi escrito, não
basta apenas defender os excluídos, mas é preciso também defender a Terra.
Segundo Boff, a Teologia
da Libertação é, hoje, “mais verde do que
vermelha”, ou seja, mais ecológica do que
marxista, numa referência à necessidade de seus adeptos dedicarem uma maior
preocupação à ecologia e ao meio ambiente.
Frei Betto, por sua vez, no seu livro “A Obra do Artista.
Uma Visão Holística do Universo”, também lançado pela editora Ática, explora a teoria da
relatividade, a física quântica e a astrofísica para explicar a obra do “Artista”(como ele se refere ao Senhor).
Para ambos, hoje é fundamental ampliar o conceito de libertação, fazendo uma apropriação da ciência e dos avanços da
tecnologia, na defesa dos pobres, “os mais ameaçados
pela natureza”.
Nem frei Betto e nem o ex-frei Boff, no entanto, foram
originais nessas suas pesquisas e descobertas sobre o que deva ser o marxismo hoje. Ernest Mandel (já
falecido) - dirigente do Secretariado
Unificado da Quarta Internacional,
uma das correntes de opinião em que se pulveriza a ideologia trotskista em
nível internacional e, cujo Secretariado integra a Direção Nacional do
Partido dos Trabalhadores -, já havia escrito que “os marxistas devem
integrar dentro de suas teorias fundamentais os resultados acumulados das
investigações científicas correntes (...). Integrar no combate pelo socialismo
e no nosso modelo de socialismo os aspectos essenciais da crise ecológica
(...)”. (artigo “A Renovação do Marxismo”).
A principal ideóloga do Foro de São Paulo foi,
sem dúvida, Marta Harnecker, chilena, radicada em Cuba desde a deposição de
Salvador Allende, (viúva de Manuel Piñero Losada, que foi membro importante da “Nomenklatura” do PC e do aparelho de Inteligência cubano até sua morte
em 1997). Nos anos 60 e 70, seu livro “Conceitos Elementares do
Materialismo Histórico”, que acaba de
ter sua 59º edição lançada pela editora “Siglo XXI”, do México, serviu de catecismo às esquerdas de todo o
continente. É presidente do Centro de Recuperação e Promoção da
Memória Histórica do Movimento Popular Latino-Americano, com sede em Havana, através do qual são coordenadas várias
atividades da esquerda latino-americana.
Como já foi dito, mais de 100 partidos, organizações e
grupos de esquerda da América Latina e Caribe integram o Foro. Diante disso, poderá ser estimado um total em torno de 250
mil quadros e simpatizantes, com cerca de 20/30 mil deles armados ou com acesso
a armas.
O destacado papel que as FARC desempenham na estrutura do Foro, serve de exemplo da relação integral deste com o
narcotráfico. Em uma conferência realizada por “América Libre” em Buenos Aires, em 18/20 de agosto de 1995, o líder
boliviano Evo Morales (então presidente do CAPHC - Conselho
Andino de Produtores de Folhas de Coca),
atual presidente da Bolívia, que antes de ser eleito esteve por várias vezes
detido pelas autoridades bolivianas, anunciou uma estratégia de resistência
continental à erradicação da coca, bem como uma campanha internacional,
coordenada, em favor da sua legalização. Em última análise, uma campanha em
favor do narcotráfico e dos narcotraficantes.
O Novo
Movimento pela Independência de Porto Rico, por sua vez, que há pouco tempo aderiu ao Foro, já ameaçou com a realização de ações terroristas contra a
possível instalação, no país, pelos norte-americanos, de um radar voltado ao
combate do tráfico de drogas.
Alguns
Encontros do Foro de São Paulo
- julho de 1990, em São Paulo: conferência de fundação,
sob a denominação de “Encontro
Latino-Americano e Caribenho de Partidos e Organizações de Esquerda”. A tese apresentada a esse Encontro foi intitulada “O que foi Perdido
no Leste-Europeu será reconquistado na América Latina”;
- junho de 1991, no México: II Encontro, com o tema “A América Latina e
o Caribe em face da Reconstrução Hegemônica Internacional”. Esse II Encontro foi precedido de uma reunião
preparatória, realizada na cidade do México, em Mar 91, na qual foi definido,
mediante acordo, que a partir do II Encontro seria firmado o conceito do CARÁTER
CONSULTIVO e DELIBERATIVO dos Encontros. Isso significa que as decisões aprovadas em
plenárias e constantes das Declarações finais passaram, a partir de então, a ser consideradas DELIBERATIVAS,isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE
ACEITAÇÃO ECUMPRIMENTO pelos
membros do Foro, subordinando-os, portanto, aos ditames dos Encontros na ação a ser desenvolvida em nível internacional e nos
respectivos países.
Tais deliberações obedecem a uma política
internacionalista, com vistas à implantação do socialismo no continente, fato
que transfere para um segundo plano os interesses nacionais e fere os
princípios da soberania e autodeterminação. A Lei Orgânica dos
Partidos Políticos (LOPP) e
a Constituição
da República definem que “A ação do partido
tem caráter nacional e é exercida de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros”(artigo
17 da Constituição e item II, artigo 5º da LOPP).
Os termos da Declaração Final, aprovada no II Encontro, referiram-se ao irrestrito apoio
a Cuba e à Revolução Cubana; solidariedade aos governos socialistas e comunistas
da América Latina e Caribe; condenação do neoliberalismo, e conscientização de
que os enormes desafios da América Latina não podem ser solucionados
isoladamente, “mas
através da transformação das nossas sociedades e da integração política e econômica
de seus povos” (transcrito do jornal “Granma”, porta-voz doPartido Comunista Cubano, 21 de julho de 1991);
- julho de 1992, em Manágua, Nicarágua: III Encontro, cujo tema básico foi “O Estudo das
Alternativas de Desenvolvimento e Integração da América Latina e Caribe”. A declaração final do encontro não foi publicada;
- julho de 1993, em Havana, Cuba: IV Encontro, que abordou o tema “O Socialismo de
Caráter Marxista não Morreu e é possível restaurá-lo na América Latina”. Nesse Encontro, foi proposta a necessidade do
estabelecimento de um marcante espírito de solidariedade continental, através
de uma atuante política de internacionalização e de um acerbado sentimento de
apoio ao regime imposto a Cuba por FIDEL CASTRO.
Segundo o “Granma” de 24 de julho de 1993, Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do PT, presente ao Encontro, declarou: “A heterogeneidade do movimento revolucionário progressista e democrático da América Latina é muito complicada, mas só o fato de nos reunirmos, de nos entendermos pessoalmente, com o propósito de construir uma política de solidariedade, representa um saldo inegável e um mérito para o Foro de São Paulo”.
Segundo o “Granma” de 24 de julho de 1993, Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente do PT, presente ao Encontro, declarou: “A heterogeneidade do movimento revolucionário progressista e democrático da América Latina é muito complicada, mas só o fato de nos reunirmos, de nos entendermos pessoalmente, com o propósito de construir uma política de solidariedade, representa um saldo inegável e um mérito para o Foro de São Paulo”.
Fidel Castro, ao referir-se à Declaração Final aprovada no Encontro, assinalou que: “Podemos
dizer que esta Declaração Final é, praticamente, um programa de luta e um
programa da esquerda da América Latina e Caribe. Se conseguirmos alcançar esses
objetivos, chegaremos tão longe como ninguém é capaz de imaginar” (jornal Granma, 27 de julho de 1993);
- maio de 1995, em Montevidéu, Uruguai: V Encontro, cujo tema foi “A Ofensiva do Neoliberalismo e o Avanço da Globalização em Detrimento dos Países Pobres”. A Declaração Final, mais uma vez, continha um posicionamento dos participantes do Encontro contra o bloqueio a Cuba e contra o Estado de Sítio em vigor, na época, na Bolívia, e de solidariedade aos zapatistas e aos petroleiros brasileiros, então em greve.
- maio de 1995, em Montevidéu, Uruguai: V Encontro, cujo tema foi “A Ofensiva do Neoliberalismo e o Avanço da Globalização em Detrimento dos Países Pobres”. A Declaração Final, mais uma vez, continha um posicionamento dos participantes do Encontro contra o bloqueio a Cuba e contra o Estado de Sítio em vigor, na época, na Bolívia, e de solidariedade aos zapatistas e aos petroleiros brasileiros, então em greve.
Os temas discutidos nesse Encontro concentraram-se na
questão do Poder, pois a estratégia desenhada em 1993, em Havana, de tomada do
poder mediante eleições, havia fracassado em toda Latino-América. Nesse
sentido, foi recordado que embora as eleições realizadas em 1993 e 1994, em 14
países da América Latina, não tenham alcançado as expectativas manifestadas no
IV Encontro, os partidos integrantes do Foro de São Paulo elegeram mais de 300
deputados, cerca de 60 senadores, vários governadores, centenas de prefeitos e
milhares de vereadores, totalizando um quarto do eleitorado desses países.
Todavia, nas sessões de autocrítica, dirigidas por Marta Harnecker, chegou-se à
conclusão que os partidos-membros do Foro perderam as eleições por terem feito demasiadas concessões
pragmáticas.
A Resolução
Final deu respaldo aos guerrilheiros do EZLN, qualificados de “representantes de
novas formas de expressão, democracia e poder popular”. O autodenominado Subcomandante
Marcos pronunciou-se no Foro através
de um vídeo, levado pela delegação doPRD - Partido Revolucionário Democrático do
México.
A esse V Encontro esteve presente, na qualidade de observador, um dirigente
do “Herri
Batasuma”, braço político da organização
terrorista Eta-Basca.
O chefe da delegação cubana, Abel Prieto, presidente da União de Escritores
e Artistas de Cuba, membro do Comitê Central e do
Birô Político do Partido Comunista Cubano, argumentou em seu pronunciamento que se deveria fortalecer o Foro, para “enfrentar a crise geopolítica”. Sobre o desmonte do socialismo real, assim se pronunciou: “Temos que separar
o pensamento e a ação de Marx, Engels e Lenin das aberrações cometidas em nome
desses fundadores, e temos que separar também as vulgarizações, reduções e
cápsulas pseudoteóricas que circularam profusamente e que tanto dano fizeram no
terreno das idéias comunistas. No devido tempo, devemos recuperar todo o
pensamento marxista contemporâneo, figuras como Gramsci e Mariátegui e, em
geral, todo o pensamento da emancipação, em especial o que cresceu na América
Latina”.
Entre o V e o VI
Encontro, em abril de 1996, na Selva Lacandona, Chiapas, México, foi realizado o “Encontro
Internacional Contra o Neoliberalismo e pela Humanidade”, convocado pelo Exército Zapatista de Libertação
Nacional. Gilberto Carvalho,
membro da Executiva Nacional do PT,
que foi ministro de Dilma Roussef no Palácio do Planalto, representou o partido
nesse Encontro. No Brasil, ele foi o encarregado de relacionar e credenciar os
que desejassem participar.
Uma delegação de 12 brasileiros, composta por militantes
do PT,
CUT, MST e CIMI -
Conselho Indigenista Missionário,
esteve presente. Também participaram Danielle Mitterrand, viúva do presidente
Mitterrand, e o sociólogo francês Alain Touraine. Este, em entrevista publicada
pelo jornal “O
Globo” de 2 de agosto de 1996, classificou o Partido da Social
Democracia Brasileira como “pura merda”. Regis Debray, guerrilheiro nas selvas da Bolivia junto com
Che Guevara, na década de 60, não compareceu mas enviou uma mensagem ao “Subcomandante
Marcos” expressando sua adesão “à grande causa
zapatista”.
A esse Encontro Internacional nas selvas de Chiapas
estiveram presentes cerca de 3 mil nostálgicos militantes de organizações de
esquerda, movimentos sociais e ONGs de 42 países.
O “Subcomandante
Marcos” - o guerrilheiro do fax e da Internet
-, em seu discurso, assegurou que foi lançada uma nova guerra mundial contra a
humanidade e que a “nova
internacional do terror está representada pelo neoliberalismo”. Disse ainda: “Não temos nenhuma
idéia do que queremos. Não sabemos se o zapatismo é uma alternativa ao
neoliberalismo”. Indagado pelos jornalistas sobre quais seriam as condições
objetivas para que seu “exército” abandone as armas, respondeu com três palavras: “um mundo melhor”.
O acordo mais fundamental dos zapatistas com seus aliados
internacionalistas foi o relativo à “supressão da
dívida externa”. O acordo mais misterioso, contudo,
mas de inegável conteúdo político, foi o de constituir uma “Internacional de
Mulheres Contra o Neoliberalismo Patriarcal”. Outro aspecto do Encontro, que intrigou os analistas, foi
a exigência em favor de “uma
nova definição do tempo cósmico”, bem como a criação de uma rede internacional de mulheres
feministas e lésbicas; a abolição da Organização das Nações Unidas e “ações”contra o Banco Mundial e o FMI, bem como a
descriminalização das drogas e eliminação dos manicômios. Como diria Stanislau
Ponte Preta, um virtual samba do crioulo doido!
Como se observa, cada sobrevivente da utopia da esquerda
que inebriou corações e mentes, procura chegar o mais próximo que pode do seu
último ícone. Todavia, com esses tipos de Encontros, análises e resoluções, o
genuíno pensamento de esquerda não tardará a sair das páginas da ciência
política para tornar-se um tema antropológico.
Posteriormente, em 14 e 15 de junho de 1996, sob o
patrocínio do Foro
de São Paulo, do Partido Comunista
Cubano e da Assembléia Nacional
do Poder Popular de Cuba, foi
realizado, em Havana, um “Encontro
de Parlamentares pela Soberania e Integração da América Latina e Caribe”, evento que contou com a participação de 171 parlamentares
de 17 países da região, e ao qual não foi dado qualquer tipo de divulgação no
Brasil, desconhecendo-se os nomes dos brasileiros que dele participaram, além
do senador Amir Lando, posteriormente ministro da Previdência Social.
Segundo a Declaração Final, divulgada pelo jornal “Granma”, o Encontro analisou a “crise global do
modelo neoliberal e seu impacto nos âmbitos econômico, social e político; o
problema das diferenças entre o Norte e o Sul; os sintomas de
ingovernabilidade; os efeitos das novas tecnologias; e a deterioração do papel
dos Parlamentos e dos partidos políticos”.
Foi também discutida a “necessidade de
mudanças que garantam a participação popular nas atividades legislativas e que
incidam na situação econômica e social, garantindo o processo de genuína
integração e defesa da soberania de cada um dos países da América Latina e
Caribe”.
Os parlamentares presentes concordaram - ainda segundo o “Granma”- “que não pode existir uma verdadeira democracia nos lugares onde a cada dia cresce a pobreza e a injustiça, a corrupção, a deterioração do meio ambiente e a exclusão do bem-estar social de mais da metade da população dos países da região”.
Os parlamentares presentes concordaram - ainda segundo o “Granma”- “que não pode existir uma verdadeira democracia nos lugares onde a cada dia cresce a pobreza e a injustiça, a corrupção, a deterioração do meio ambiente e a exclusão do bem-estar social de mais da metade da população dos países da região”.
Finalmente, como ocorre em todo e qualquer Encontro
organizado pelas esquerdas do continente, foi condenada a chamada Lei Helms-Burton, que “acirra o
bloqueio a Cuba, viola o Direito Internacional e lesa os interesses e a
soberania de todos os países”.
- julho de 1996, em El Salvador, foi realizado o VI Encontro, do qual participaram representantes de cerca de 100
partidos e organizações de esquerda da América Latina e Caribe. A delegação do
PT estava composta por 5 pessoas, entre as quais Luiz Inácio Lula da Silva e
José Dirceu.
Nesse Encontro foi proclamado que o socialismo não estava
morto e sim, que havia sido “reformado”. Lula, em seu discurso, fez referência às três gerações da
esquerda neste século: a primeira, comunista, construída com o nascimento da
União Soviética; a segunda, que se baseou na luta armada inspirada pela
revolução cubana; e a terceira, originada nos anos 80, comprometida com a
democracia. Concluiu, fazendo um apelo à unidade das esquerdas.
Preocupado com a repercussão de que o “Foro” seria uma nova Internacional para a América Latina, Lula,
em seu discurso, declarou: “O Foro de São Paulo não é uma nova
Internacional. É apenas um Foro, que não pretende imiscuir-se na situação
interna de nenhum país ou partido”.
Recorde-se que o apelo de Lula à unidade não é uma novidade. É uma colocação que vem sendo feita às esquerdas de todos os matizes, pelos ideólogos de todos os quadrantes, desde o lançamento do Manifesto Comunista, em 1848, concluído por Marx e Engels com a famosa frase “Proletários de todos os países, uní-vos”.
Recorde-se que o apelo de Lula à unidade não é uma novidade. É uma colocação que vem sendo feita às esquerdas de todos os matizes, pelos ideólogos de todos os quadrantes, desde o lançamento do Manifesto Comunista, em 1848, concluído por Marx e Engels com a famosa frase “Proletários de todos os países, uní-vos”.
Ao final do Encontro em El Salvador, foi decidido que o VII Foro de São
Paulo seria realizado em 1997, no Brasil, sob a coordenação do
Partido dos Trabalhadores, o que, de fato, ocorreu, tendo sido realizado em
Porto Alegre-RS, ao final de julho de 1997.
Em Porto Alegre-RS estiveram presentes cerca de 400 representantes de
partidos e organizações de esquerda do continente. José Dirceu, então
presidente do PT, abriu oficialmente o Encontro, falando em nome do PT, PSB,
PCB, PC do B, PDT e PPS, partidos que, segundo ele “se consideram
unidos e integrados no espírito do Foro”.
Em sua fala, José Dirceu teceu críticas ao neoliberalismo
e exaltou o avanço das “forças
contrárias a ele, conformadas na insurreição na Colômbia; vitória da Frente
Farabundo Martí, em El Salvador; luta dos estudantes e operários sandinistas,
na Nicarágua; vitória do Partido da Revolução Democrática, no México; crise no
Peru, prenunciando a queda do então presidente Fujimori; crescimento da
esquerda radical, na Argentina, com chances de vitória nas eleições
presidenciais de outubro; e derrota da direita conservadora, na França e
Inglaterra, sinalizando descenso do neoliberalismo como força política e
ideológica”.
Salientou, por fim, que o Foro abre caminho para a solidariedade e unidade das forças de
esquerda do continente, declarando: ”Façamos da América
Latina, façamos do exemplo de luta dos sem-terra no Brasil, um exemplo para
todos os movimentos populares da América Latina e, com o espírito de Che, vamos
à luta e à vitória, companheiros”.
O Documento Central aprovado pelo Foro teve por base oDocumento de Análise da Conjuntura, redigido em Havana e apresentado pela delegação cubana,
composta por 14 pessoas, dentre as quais o embaixador no Brasil, o Conselheiro
Político da embaixada, membro da Inteligência cubana, o substituto de Manuel
Piñero Losada na chefia da Inteligência cubana, o vice-Cônsul de Cuba em São Paulo
e Marta Harnecker.
As principais propostas aprovadas no VII Foro de São
Paulo foram:
- a criação de uma Coordenadoria de Mulheres, pertencentes aos partidos de esquerda da América Latina e Caribe, para funcionar em caráter permanente, integrada por representantes do PRD (mexicano), PT e PC do B (do Brasil), PC Cubano, Frente Ampla (Uruguai), Liga Socialista (Venezuela) e Frente Sandinista (Nicarágua). A constituição dessa Coordenadoria de Mulheres atende à decisão adotada em abril de 1996, em Chiapas, de criar uma “Internacional de Mulheres contra o Neoliberalismo Patriarcal”;
- a criação de uma Coordenadoria de Mulheres, pertencentes aos partidos de esquerda da América Latina e Caribe, para funcionar em caráter permanente, integrada por representantes do PRD (mexicano), PT e PC do B (do Brasil), PC Cubano, Frente Ampla (Uruguai), Liga Socialista (Venezuela) e Frente Sandinista (Nicarágua). A constituição dessa Coordenadoria de Mulheres atende à decisão adotada em abril de 1996, em Chiapas, de criar uma “Internacional de Mulheres contra o Neoliberalismo Patriarcal”;
- criar um Comitê de Municipalidades, dotado de uma Coordenação e uma Secretaria-Geral;
- criar uma Secretaria
Permanente de Parlamentares, constituída
por representantes de cada um dos países representados no Foro, a fim de “melhorar a
coordenação dos parlamentares dos partidos integrantes do Foro”;
- instituir, com caráter permanente, o Seminário de
Cultura do Foro de São Paulo,
com o objetivo de “avançar
na constituição de políticas culturais para a América Latina e Caribe”;
- criar o Fórum Empresarial da América Latina, com o objetivo de “formar uma rede de
empresários que lutará pela implantação de um modelo econômico solidário que
coloque como prioridades a erradicação da pobreza, a justa distribuição de
renda, o desenvolvimento com geração de empregos, a ética nos negócios e a
preservação dos nossos patrimônios humanos, culturais, econômicos e
ambientais”;
Essa foi uma proposta da CIVES - Associação
dos Empresários pela Cidadania (Brasil), APYME - Assembléia de Pequenos e
Médios Empresários (Argentina) e ANIT - Associação Nacional de Indústrias em
Transformação (Uruguai).
Além das decisões acima, o Encontro deu respaldo ao“Encontro Mundial
de Solidariedade entre as Mulheres",que seria realizado em Havana em 13/16 de abril de 1998.
Na ocasião foi decidido que o próximo Encontro seria
realizado no México. Desde então, outros 13 Encontros foram realizados, o
último dos quais, o XX, na Bolívia, em 2014.
O Grupo
de Trabalho voltou a reunir-se na Nicarágua dias
19 (dia do aniversário da revolução sandinista ocorrida em 1979), 20 e 21 de
julho de 1998, para discussão das propostas programáticas e planos de ação
concretos, mecanismos de centralização e descentralização, periodicidade dos
Encontros e definições relativas aos acordos com forças políticas da Europa.
Recorde-se que o Grupo de Trabalho
do Foro de São Paulo é integrado por 7 partidos e
Organizações, que constituem o Secretariado Permanente do Foro - organismo
constituído por decisão adotada no 5º Encontro -: Partido Comunista
Cubano, Frente Sandinista de Libertação Nacional (Nicarágua), Partido
dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de Libertação
Nacional (El Salvador), Partido Revolucionário Democrático (México), Frente
Ampla (Uruguai) e União Revolucionária Nacional Guatemalteca.
Essa reunião realizada na Nicarágua decidiu que o 8º Foro deveria dar respaldo às Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (FARC), em seu diálogo com o novo governo recém-empossado na Colômbia.
E mais: redigiu uma proposta de Declaração Final, para aprovação pelos
participantes do 8º Foro.
Ao 8º Foro estiveram presentes delegações do Partido dos
Trabalhadores e do Partido Comunista
do Brasil.
A delegação do Partido dos
Trabalhadores foi constituída pelas seguintes
pessoas: Marco Aurélio de Almeida Garcia (Secretário de
Relações Internacionais do
partido), Ana Maria Stuart (assessora do Secretário de
Relações Internacionais), deputada
federal PT/MG Joana D’Arc Guimarães e deputado federal PT/SP Arlindo Chinaglia.
A delegação do PC do B foi composta por José Reinaldo de
Carvalho (membro do Comitê
Central e Secretário de Relações Internacionais do partido) e pelo Vereador PC do B/Salvador, Bahia, Francisco Javier Alfaya. A comitiva do PC do B defendeu a tese de que a esquerda continental deve
esforçar-se para unir-se e aproximar-se de outros setores, inclusive “segmentos
políticos que se desgarram das bases de governos vacilantes ou de orientação
neoliberal”.
Como exemplo dessa linha foi mencionada a experiência
brasileira, “com
a chapa unitária de apoio a Lula e a aproximação de lideranças como alguns
governadores, constituindo uma linha de resistência à política mais
progressivamente antipopular e anti-nacional”. Esse posicionamento político foi também defendido por outros
partidos integrantes do Foro, como oPartido Comunista Cubano, a Frente
Ampla (Uruguai), o Partido da Revolução Democrática (México), a Frente
Sandinista de Libertação Nacional (Nicarágua), a Frente
Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador) e o Partido dos Trabalhadores (Brasil).
Ao Encontro estiveram presentes delegados representando 58
Organizações e partidos de esquerda da América Latina e Caribe (mesmo número de
delegações presentes ao 7º Foro, em 1997, em Porto Alegre), além de representantes de 14
delegações convidadas da Ásia, Europa e África.
Um dos que usaram a palavra foi o guerrilheiro colombiano Marco Leon Calarca, militante das FARC que então vivia no México, criticando o Foro, “por mover-se entre todas las aguas de la nueva izquierda”, definindo que, para as FARC, “o caminho continua sendo o do socialismo”, “embora essa não seja a posição do Foro, em face da amplitude do seu arco de opções”. Sustentou que o modelo econômico alternativo, definido como “Terceira Via” não é a melhor solução para a pobreza do mundo e sim, “apenas uma reedição da social-democracia, que já demonstrou sua incapacidade”.
Um dos que usaram a palavra foi o guerrilheiro colombiano Marco Leon Calarca, militante das FARC que então vivia no México, criticando o Foro, “por mover-se entre todas las aguas de la nueva izquierda”, definindo que, para as FARC, “o caminho continua sendo o do socialismo”, “embora essa não seja a posição do Foro, em face da amplitude do seu arco de opções”. Sustentou que o modelo econômico alternativo, definido como “Terceira Via” não é a melhor solução para a pobreza do mundo e sim, “apenas uma reedição da social-democracia, que já demonstrou sua incapacidade”.
Durante os 4 dias de realização do Encontro, nenhuma
menção foi feita e nada foi dito sobre o ataque das FARC,realizado dias antes, contra um quartel de Polícia na
região leste da Colômbia, que manteve em poder da guerrilha, por 3 dias, a
cidade de Mitú, capital do Departamento de Vaupés, na fronteira com o Brasil.
Durante esse ataque, segundo as agências internacionais de notícias, teriam
sido mortas cerca de 150 pessoas. Simultaneamente, outro grupo guerrilheiro, o Exército de
Libertação Nacional (ELN) anunciou
que, apesar das negociações de paz com o governo, não suspenderá as sabotagens
à infraestrutura petrolífera do país.
- em 19/21 de fevereiro de 2000 foi realizado, em Manágua,
Nicarágua o 9º Encontro do Foro. O Encontro abordou os seguintes temas:
condição da mulher; juventude; o papel dos micro, pequenos e médios
empresários; universidade pública; o papel dos parlamentares; diversidades
étnicas; movimentos sociais e o papel dos cristãos nos processos de mudanças
sociais e políticas.
A delegação do PT a esse Encontro estava composta por Luiz
Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio Almeida Garcia e Ana Maria Stuart.
- em dezembro de 2001 foi realizado o 10º Encontro em Havana/Cuba. Presentes 513 delegados e observadores de
82 países da América Latina, Caribe, Europa, África e Ásia, representando 73
partidos membros do Foro e 138 partidos, organizações e movimentos políticos
convidados. Do Brasil estiveram presentes delegações do PT, PC do B, PSB,
PDT e PPS. Luiz Inácio Lula da Silva esteve
presente.
Os temas debatidos foram: ALCA; Plano
Colômbia; a relação do Foro com o Fórum Social Mundial e com os movimentos contra a globalização neoliberal; a
realidade mundial após o 11 Set 2001 e a luta pela paz. O discurso de abertura
foi proferido por José Ramon Balaguer Cabrera, membro do Comitê Central do
Partido Comunista Cubano, do Conselho de Estado e chefe do Departamento de Relações Internacionais do
Comitê Central. Fidel Castro pronunciou dois
discursos e participou da maioria dos debates. O 11º Encontro do
Foro foi agendado para a Guatemala em
27/30 de novembro de 2002.
Junto a Lula nesse 10º Encontro, estavam o comandanteFidel Castro, o comandante nicaragüense Daniel Ortega, representantes de partidos
comunistas de todos os continentes e delegados das FARC, ELN e
TUPAC-AMARU (incluídas na relação de organizações
terroristas organizada pelo Departamento de Estado dos EUA após o 11 de
setembro de 2001). Representando as FARC estava presente o comandante Ramiro Vargas que, anteriormente, em janeiro, também
representou as FARC
no 2º Fórum Social
Mundial, em Porto Alegre.
Antes de encerrar convém uma referência ao XIV Encontro,
realizado em Montevidéu, em 2008, que contou com a participação de uma
delegação do Partido dos Trabalhadores, chefiada pelo Ministro da Justiça, José
Eduardo Cardoso, que discursou dando loas à revolução cubana (vejam no google).
Ramiro Vargas, em seu discurso, exortou o Foro de São Paulo a reforçar sua solidariedade com a Venezuela, cujo governo revolucionário – segundo afirmou - “se ergue como um muro de contenção aos interesses hegemônicos norte-americanos na área andina”.
Ramiro Vargas, em seu discurso, exortou o Foro de São Paulo a reforçar sua solidariedade com a Venezuela, cujo governo revolucionário – segundo afirmou - “se ergue como um muro de contenção aos interesses hegemônicos norte-americanos na área andina”.
Finalmente, o XX
Encontro do Foro de São Paulo foi realizado na Bolívia, em 25/29 de agosto de
2014. Na ocasião foi aprovado um extenso documento que, alem de abordar todas
as questões estratégicas que afetam a região, apresenta uma justificação
política para o surgimento do Estado Islâmico, entre o Iraque e a
Síria.
Como vimos acima, participam do Foro São Paulopartidos e organizações de esquerda, reformistas e
revolucionárias; PCs que se definem como marxistas-leninistas; organizações e
grupos trotskistas; PCs que continuam se definindo como
marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina, Peru e Uruguai) e que possuem uma
articulação internacional própria em 17 países; PS filiados ou não à
Internacional Socialista; organizações que continuam desenvolvendo processos de
luta armada, como as FARC e ELN, na Colômbia e organizações que participaram da luta
armada e hoje atuam na legalidade, como o Movimento 19 de
Abril, também da Colômbia e os Tupamaros, do Uruguai.
Dessas organizações e partidos, os que têm maior peso e
influência no Foro
de São Paulo, são indubitavelmente, pela ordem, o Partido Comunista
Cubano, o PT, a Frente
Ampla do Uruguai e o PRD mexicano.
O fim da Guerra-Fria, o desmantelamento do socialismo real e o fim do próprio Estado Soviético, tiraram um peso que
pairava sobre o mundo, mas trouxeram à tona uma série de problemas que passaram
a conformar palavras-de-ordem de várias Organizações
Não-Governamentais e - na ausência de uma ideologia -
também a linha política de partidos, organizações e grupos de esquerda, em
várias partes do mundo. Afinal, os mais de 40 anos de Guerra-Fria foram um
período relativamente estabilizado, no qual os limites eram obedecidos e as
duas superpotências mantinham, bem ou mal, o compromisso de não assustar uma à
outra.
Com uma única superpotência, com o nacionalismo
exacerbado, o indigenismo, a ecologia, a luta pela preservação do meio
ambiente, a etnicidade, os problemas de fronteiras, os direitos humanos, o
narcoterrorismo e o ciberterrorismo, a posse de tecnologias letais por grupos
ou indivíduos fanatizados (o gás sarin, as explosões de Oklahoma, EUA, e da sede da AMIA, em
Buenos Aires, os atentados no metrô de Paris e da Eta-Basca, na Espanha e, finalmente o ato terrorista contra as
torres do World Trade Center e as torres gêmeas), e mais recentemente o
surgimento do grupo terrorista denominado Estado Islâmico, e ainda outros tipos
de problemas, que pareciam sepultados, como o estupro e a matança étnica
elevados à categoria de tática militar, como ocorreu nos Balcãs, bem como os
riscos da expansão indiscriminada da energia nuclear para fins não-pacíficos, o
mundo de hoje mostra-se relativamente mais perigoso.
Esses são alguns dos problemas que podem não ser exatamente um caldeirão à espera de ebulição, mas preocupam.
Esses são alguns dos problemas que podem não ser exatamente um caldeirão à espera de ebulição, mas preocupam.
Após os anos da era denominada Guerra-Fria, seguida dos
anos da fase pós-Guerra Fria, tudo indica que o mundo iniciou outra fase que
poderá ser denominada Era
do Terror.
Carlos I.S. Azambuja é Historiador.
2 comentários:
Isso se chama PACTO DE VARSOVIA e os Generais estao arrumando um problema serio para a sociedade brasileira, calando-se diante dessa avalanche de leis e acordos espurios entre governos populistas e facçoes criminosas, que indicam a clara intençao da formaçao de uma ditadura comunista continental.
A luta vai continuar.nunca se deve dar as costas ao inimigo.
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