Parada indigesta em restaurante
paulista: "Parabéns" irônico...
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Laercio Laurelli
A imprensa noticiou que “Um vídeo
divulgado no Youtube mostra uma cena constrangedora vivida pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, num restaurante de São
Paulo”. Ele foi abordado por uma mulher, enquanto jantava. “Parabéns”, ela
disse, apertando-lhe a mão. Esperou o ministro agradecer e continuou: “por ter
aumentado seus próprios benefícios”.
A experiência e maturidade nos dá
conta de que as celebridades vivem em função de uma vida na “glamourização” de
transitarem diuturnamente na passarela refletiva da simpatia, da paixão, do
amor, do ódio e demais sentimentos positivos e negativos. Todos são olhados de
conformidade com o que representam na vida pública; amados ou hostilizados.
A história, apesar da aparência de
radical complexidade e extremo emaranhado de acontecimentos, mas aparentemente
regrado, apresenta-se como a efetivação de um plano. Entretanto, os atos e ações
praticados estão longe de regularem o exercício consciente ao movimento de seus
objetivos, se e quando representam um papel histórico, pela consciência que
lhes foge de qualquer perspectiva, por perseguirem seus fins particulares, que
ficarão na condição da escuridão do que ainda não se sabe, a mercê do
desenvolvimento final, de onde essa própria história poderá conduzi-lo.
O melhor exemplo, revivendo a
história, é a de Cesar Augusto; já quase no fim da república, em janeiro do ano
49 a.C , alegando defender a república
contra seus inimigos, cometeu um ato ilegal ao atravessar o Rio Rubicão, limite
de sua província e marchar com seu exército sobre Roma. Esmagou a oposição à
força, mas no ano 44 a.C, seus inimigos se reuniram e o assassinaram.
Neste exemplo a história o conduziu à
morte; seguindo o mesmo Dô (caminho), o germe carrega em si a natureza inteira
de uma arvore, quer pelo gosto, quer pelo formato dos frutos e, da mesma
natureza, o homem quer pelos traços do caráter, da moral, da dignidade, da formação
mental, da conduta e do espírito humano; cada um tem seus limites; estreitos ou
amplos de conformidade com a geração da consciência.
Há grandes e notáveis homens, como há
grandes e notáveis homens! A diferença está nos fins particulares que guardam o
fator substancial consagrado ao direito pela fonte de evidência transparente de
vida. Ocorre-me lembrar neste momento, entre outros, através dos tempos, alguns
Ministros do Supremo Tribunal Federal, cuja referência traz na alma sempre
incandescida a pira do reflexo da genialidade, retidão, inteligência,
honestidade, caráter irrepreensível, virtuosidades outras, fincadas na
realidade de suas responsabilidades perfazendo uma herança que se perde na
neblina dos tempos, nobres e respeitados Ministros Viveiros de Castro, Américo
Brasiliense, Thompson Flores, Xavier de Albuquerque, Francisco Rezek, Aliomar
Baleeiro, Djaci Falcão, Nelson Hungria, Moreira Alves, Ayres Brito, Clóvis
Ramalhete, Leitão de Abreu, Néri da Silveira,Alfredo Buzaid, Oscar Correia,
Sydney Sanches, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Ellen Gracie, LuísGallotti,
Hermes Lima, Evandro Lins e Silva,Vitor Nunes Leal, Carlos Velloso, Mauricio
Corrêa,José Paulo Sepúlveda Pertence, Paulo Brossard, Eros Grau...
Sábias as palavras de Jean Louis
EugèneLerminier (1.803/1.857): “O Direito é a vida, porque a causa do Direito é
a causa da humanidade”.
Nossos sentidos percebem as sombras
da realidade, dos fenômenos e das leis; percebem igualmente, os resumos de uma
ideologia mascarada, premeditada e covarde, traiçoeira, repudiada até pelas
leis da guerra (vide os ensinamentos da “Arte da Guerra”- Sun Tzu). Hodiernamente, as instituições revelam que o
domínio do físico estará disposto recepcionar e enaltecer o domínio do espírito
e da mente, dada a tendência sempre crescente para o verdadeiro, para o belo e
para o bem, tríplice realização do Divino (Platão).
A celebridade de alguém floresce do
liame entre o bem e o mal; só ao homem cabe separá-los e escolher a trilha, ou
seja, o caminho, o Dô que deve abraçar, lembrando sempre que “O mal é,
fundamentalmente, a privação do bem” (Rizzardo da Camino).
Laercio Laurelli – Desembargador
aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ( art. 59 do RITJESP)
– Professor de Direito Penal e Processo Penal – Jurista – Articulista –
Idealizador, diretor e apresentador do programa de T.V. “Direito e Justiça em
Foco” - Patriota.
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