Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja
O autor do livro, cujo título está
acima, Coronel-General do Exército Soviético DMITRI VOLKOGONOV (1928-1995),
teve total acesso aos arquivos do Partido Comunista da URSS. Oficial da arma de
Propaganda, responsável pelas publicações militares e pela instrução política
na Academia Militar, foi assessor de Segurança Nacional de Boris Yeltsin.
Escreveu “Lenin, Trotsky e os Sete Líderes”, uma breve história dos chefes da
União Soviética de Lenin a Gorbachev. Leiam a Introdução:
STALIN MORRIA. Deitado no assoalho da sala de jantar de sua datcha em Kuntsevo, ele desistia de tentar levantar-se e apenas erguia a mão esquerda, de tempos em tempos, como se pedindo por socorro. Seus olhos entreabertos não podiam ocultar o desespero com que fitava a porta. Debilmente, seus lábios formavam palavras silenciosas. Algumas horas decorreram desde o derrame, mas não hav ia ninguém ao seu lado.
STALIN MORRIA. Deitado no assoalho da sala de jantar de sua datcha em Kuntsevo, ele desistia de tentar levantar-se e apenas erguia a mão esquerda, de tempos em tempos, como se pedindo por socorro. Seus olhos entreabertos não podiam ocultar o desespero com que fitava a porta. Debilmente, seus lábios formavam palavras silenciosas. Algumas horas decorreram desde o derrame, mas não hav ia ninguém ao seu lado.
Finalmente, alarmados com a falta de
qualquer sinal de vida no interior da casa, seus seguranças entraram
cautelosamente na sala de jantar. Não estavam autorizados a chamar um médico de
imediato. Uma das mais poderosas figuras da história humana não pôde contar com
eles para que o fizessem, já que era necessária a intervenção pessoal de Beria.
Quando, afinal, Beria foi encontrado, achou que Stalin apenas pegara num sono
profundo depois de um pesado e tardio jantar, e só depois de 10 a 12 horas
médicos aterrorizados foram trazidos para examinar o líder moribundo.
Foi um modo profundamente simbólico e
por demais irônico de morrer. O lider, em sua agonia de morte de muitas horas,
não foi capaz de convocar ajuda quando dela precisou. E aquele era o homem, o
semideus, que com poucas palavras poderia mandar milhões de pessoas de uma
extremidade do país para a outra. No momento era refém da “ordem” burocrática
que ele mesmo aperfeiçoara.
A linha invisível entre o ser e o
não-ser só pode ser cruzada numa direção. Mesmo os líderes não podem
retroceder. Saberia Stalin que enfrentava não só a morte física, mas também a
política? Para seus contemporâneos, sua morte era uma grande tragédia. Eles não
achavam então que aquele homem encarava as mortes de milhões como nada mais que
um segredo de Estado. A morte deixou para seus sucessores a interminável tarefa
de tentar entender o que ele tinha criado, e de discutir acirradamente o “enigma”
do próprio Stalin. A morte não o isentou. Todas as suas ações e seus crimes
seriam submetidos ao julgamento da História. Os mitos desmoronam por si mesmos,
mas só podem ser totalmente banidos pela verdade.
Apenas Stalin sabia toda a verdade
sobre ele mesmo. Gostava das coisas em preto-e-branco, porém fez de tudo para
assegurar que sua história de vida fosse contada em cores vivas. Não sei se ele
tinha consciência da antiga lei romana do “julgamento da memória”, segundo a
qual qualquer coisa que não fosse do gosto de determinado imperador tinha que
ser jogado no esquecimento pelos historiadores. De qualquer forma, essa lei
meramente sublinhava a inutilidade de se tentar arregimentar a memória humana.
A lembrança vive – ou morre – segundo
leis muito diferentes. A história vai sendo continuamente feita. Ela não tem
rascunhos. Só na mente pode-se rebobinar o passado, como um filme. Stalin
entendia isso e se esforçava para garantir que não ficassem imagens
desnecessárias na crônica. Sabia-se sobre ele apenas aquilo que ele queria que
se soubesse.
Ao perder Lenin num momento crucial,
quando decisões históricas eram necessárias sobre os métodos a empregar ara
construir o socialismo, o Partido Comunista entrou numa fase de ferrenha luta
interna. A velha-guarda leninista não estava suficientemente alerta para o
perigo que Stalin representava, tanto para o Partido quanto para o Estado ainda
inseguro. Isso levou os novos administradores políticos a medidas
crescentemente punitivas, em vez de construtivas.
Sabemos agora que Stalin não seria
objeto de ma biografia como essa se não tivesse apela para a força como
instrumento decisivo na consecução de seus planos políticos, sociais e
econômicos. A mudança de direção política, que começou ao final dos anos de
1920 e que se tornou marcadamente aguda depois do XVII Congresso do Partido
Comunista, em 1934, resultou num período de anos amargos, durante os quais
apenas a grande carga de energia social gerada pela Revolução de Outubro e a
lealdade do Partido ao leninismo, impediram que o povo duvidasse dos valores
socialistas e interrompesse o processo de reestruturação do mundo, começado por
Lenin.
Portanto, não surpreende que a
avaliação da personalidade de Stalin tenha sofrido alteração importante à
medida que a verdade foi emergindo.
Hoje, a maioria, quando pensa sobre Stalin, lembra-se dos anos trágicos de 1937 com sua repressão e o esmagamento dos valores humanos. Mas, para ser preciso, deve-se dizer que aquilo que pensamos em 1937, teve início, na realidade em 1 de dezembro de 1934, quando Kirov foi assassinado, e seus contornos podem retraçados ainda mais cedo, ao final dos anos de 1920.
Hoje, a maioria, quando pensa sobre Stalin, lembra-se dos anos trágicos de 1937 com sua repressão e o esmagamento dos valores humanos. Mas, para ser preciso, deve-se dizer que aquilo que pensamos em 1937, teve início, na realidade em 1 de dezembro de 1934, quando Kirov foi assassinado, e seus contornos podem retraçados ainda mais cedo, ao final dos anos de 1920.
Com o conhecimento de Stalin, começou
a formar-se um monstruoso abcesso de ilegalidade. Não pode haver perdão para os
responsáveis, mas devemos também lembrar que naqueles anos foram construídos a
usina hidrelétrica do Dnieper e o complexo metalúrgico de Magnitogorsk e
Stakhanov. Foi quando o patriotismo do povo soviético cresceu, chegando aos
píncaos na Grande Guerra Patriótica – como é chamada na Rússia a Segunda Guerra
Mundial -. Por isso, quando condenamos Stalin por seus crimes, é política e
intelectualmente errado, e moralmente desonesto, negar, em princípio, as
conquistas do sistema e suas possibilidades. Tais conquistas não foram
conquistadas ao modo de pensar e agir de Stalin, mas a despeito dele. Mais se
poderia alcançar se fossem aplicados métodos mais democráticos.
Ao condenar Stalin e seus cúmplices,
não devemos estender mecanicamente nosso julgamento aos milhões de pessoas
comuns, cuja fé na sinceridade dos ideais da Revolução permaneceu inabalável.
Durante toda a vida Stalin tentou – com algum sucesso – transformar uma de suas fraquezas em virtude. Já durante a Revolução, quando tinha que visitar alguma fábrica, ou um Regimento, ou comparecer a algum comício na rua, ou misturar-se à multidão, experimentava uma sensação de insegurança e medo que, com o tempo, aprendeu a esconder. Não gostava de falar para platéias, nem era bom nisso. Conquanto seu estilo fosse simples e claro, sem vôos fantasiosos, frases de efeito ou poses teatrais, o pesado sotaque georgiano e a forma monótona de se expressar, tornavam seus discursos inexpressivos.
Durante toda a vida Stalin tentou – com algum sucesso – transformar uma de suas fraquezas em virtude. Já durante a Revolução, quando tinha que visitar alguma fábrica, ou um Regimento, ou comparecer a algum comício na rua, ou misturar-se à multidão, experimentava uma sensação de insegurança e medo que, com o tempo, aprendeu a esconder. Não gostava de falar para platéias, nem era bom nisso. Conquanto seu estilo fosse simples e claro, sem vôos fantasiosos, frases de efeito ou poses teatrais, o pesado sotaque georgiano e a forma monótona de se expressar, tornavam seus discursos inexpressivos.
Stalin sempre foi um mestre em fazer
passar seus erros, omissões e crimes, como conquistas, sucessos, visão,
sabedoria e constante preocupação com o povo.
No dia em que Lenin morreu, Stalin
enviou o seguinte telegrama a Trotsky, que estava no Sul: “Dizer camarada
Trotsky, que camarada Lenin morreu subitamente 21 de janeiro, 6 horas e 50
minutos. Morte causada paralisia centro respiratório. Funeral sábado, 26 de
janeiro. Stalin”. Ao assinar a mensagem, Stalin deve ter pensado que era
chegada a hora da guerra sem piedade pela liderança. Mas saberia que, mesmo que
sobrepujasse Trotsky, não se livraria dele? Os métodos de uma burocracia
autoritária, usando a coerção e o “aperto dos parafusos” que Stalin aplicaria,
eram exatamente os que Trotsky advogava. Talvez tenha sido essa uma das razões
da tragédia que despontava. A luta política travada pelos dois, que durou até o
momento em que Trotsky foi assassinado, em agosto de 1940, influiu
profundamente na perspectiva de Stalin, que considerava Trotsky seu principal
inimigo político.
Stalin logo se habituou ao uso da
força como atributo obrigatório do poder ilimitado. É lógico presumir que a
máquina punitiva, que ele colocou a pleno vapor no final dos anos de 1930,
capturou a imaginação não só dos funcionários dos escalões mais baixos, mas do
próprio Stalin. É possível que o deslizamento para a coação como método
universal tenha ocorrido em vários estágios. Primeiro, a luta contra os
inimigos reais, que bem reais eram; depois, a supressão de seus inimigos
pessoais, também verdadeiros; no estágio seguinte, a máquina funcionou com seu
momento próprio e, finalmente, a força foi vista como um teste de lealdade ao
líder e à ortodoxia, sendo que a a sombra da ameaça externa criou uma
mentalidade de cerco na população.
Finalmente, sendo verdade que os
ideais socialistas foram preservados pelo povo, também é verdade que o povo
jamais descreu da “idéia russa”. As muitas tentativas de introdução de reformas
receberam, naturalmente, a poderosa resposta reacionária. Dos dezembristas de
1825 a Bukharin nos anos de 1920 e a Kruschev nos de 1950, os reformadores
sofreram derrotas. O fato de Stalin ser derrubado do pedestal não significou a
erradicação do stalinismo, e não se pode desprezar a possibilidade de alguma
forma de neo-stalinismo igualmente maléfico ser restaurada. Não se trata de uma
profecia, apenas de um alerta da História.
2 comentários:
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acp
Escreva um seu artigo seu a desmentir o falso decalogo de lenin que desde que a internet existe engana tolos. Aquele, sobre greves, libertinagem, armas... Nem lenin nem nenhum comuna o escreveu.
Ou pesquise e publique artigo de outrem.
acp
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