Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Rodolpho Heggendorn Donner
Em livro recentemente publicado, o
título classifica como “golpe” os procedimentos parlamentares que
depuseram a presidente Dilma.
O ministro Lewandowski e o senador
Renan, por abusivas e personalistas interpretações da Constituição e do
Regulamento do Senado, mantiveram os direitos políticos da presidente deposta.
Temer, mestre no engodo e em
presunção discursiva, referiu-se à chacina da penitenciária de Manaus apenas
como “acidente”.
Mentiras constantes encenadas por
Lula em palcos politicamente arregimentados desfiguraram fatos incontestes das
realidades política e jurídica atuais.
Políticos orgânicos, simpatizantes e
beneficiários também têm sido hábeis em transformar fatos, ajustando-os
convenientemente aos dogmas políticos de seus partidos.
Por essas e muitas outras, as ordens
social, constitucional e política vêm sendo frequentemente subvertidas.
Subverte quem visa a derrubar, destruir, perverter moralmente ou transformar
evidências para satisfação de próprios interesses.
O dicionário Oxford elegeu o
termo “pós-verdade” como a palavra do ano para 2016. Trata-se de
adjetivo que identifica modos de comunicação usando apelos emocionais,
crenças e interesses destinados a influenciar a opinião pública pela
transformação de fatos para que tenham melhores significados do que os próprios
fatos em si mesmos. Questionam, valorizam, negam, deformam evidências, não raro
causando preocupações e prejuízos.
Em 2016, política e juridicamente não
nos faltaram pós-verdades maquiando com tonalidades muito pessoais os fatos
vergonhosos patrocinados pelo Congresso e pelo STF.
Também tudo a ver com as manipulações
políticas de 2016 são os estudos sociais desenvolvidos por Leon Festinger
(1). Tratam do que acontece com nossa razão quando confrontando
convicções racionalmente estabelecidas com o surgimento de evidências
contraditórias. Forma-se um estado mental que Festinger chamou de
dissonância cognitiva. Seus trabalhos mostraram como o pensamento atua diante
desses conflitos perceptivos.
A teoria das dissonâncias cognitivas
ajuda-nos a entender dissonâncias políticas fabricadas intencionalmente para
desmerecer e desorganizar fatos politicamente contrários.
Lula, o PT e respectivas cortes
sempre foram mestres nisso, demonstrando grande capacidade para contestar,
negar, transformar, descaracterizar e inverter fatos adversários, criando
pós-verdades e dissonâncias, buscando promoção para si e vantagens que a outros
seriam destinadas. Tais atitudes oferecem-me liberdade para ampliar o
conceito de dissonância cognitiva criado por Festinger, passando a classificar
como subversões cognitivas os falsos contraditórios, pós-verdades ou
dissonâncias, que vierem de forjas empenhadas em desfigurar a realidade
política.
Se tais engodos ficam claros e
evidentes para quem bem se informa e acompanha a política nacional, o mesmo não
acontece na enorme maioria da massa votante, onde ganham perigosa importância
pela aceitação como verdades.
Aí mora o perigo. Quando bem
produzidas e plantadas têm capacidade de influenciar votos e moldar opiniões
vulneráveis em favor de interesses pessoais, quadrilhas e corruptos ameaçados
de prisão. Vide Lula e a razão da persistente campanha explorando candidatura
dele à presidência. Tais atitudes precisam ser identificadas como dissonantes e
assim tratadas, amplamente denunciadas pela imprensa para não iludirem
votantes, desacreditando a justiça, a verdade e a decência da ordem política.
(1) Leon
Festinger: Psicólogo norte-americano, autor de importantes trabalhos de psicologia
social no final da II Guerra Mundial.
Rodolpho Heggendorn Donner é Coronel
– Psicólogo. Publicado no Jornal Inconfidência, B HORIZONTE, 03 DE
FEVEREIRO DE 2017 - ANO XXII - Nº 235 - Site: www.jornalinconfidencia.com.br
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