Artigo
no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por
Luiz Antonio P. Valle
O
ano de 2014 começa com algumas novidades que podem representar uma nova
modulação nos cenários traçados, bem como a massiva confirmação de tendências
delineadas. A agenda para o Brasil continua a ser executada com facilidade, e
como planejada poucas décadas atrás: fragmentação do tecido social,
desarticulação e enfraquecimento das instituições nacionais, cooptação das
lideranças e de grupos empresariais relevantes, inversão dos valores para
dividir, implantação de uma nova educação doutrinariamente dirigida à fim de
criar uma nova geração de pessoas “mais adequadas” a agenda, garantia do básico
ao povo (pão e circo) para manter o apoio da massa sob controle, quebra do
conceito de patriotismo, etc....
As
pessoas mais informadas e esclarecidas justificadamente se revoltam, escrevem
artigos, demonstram sua indignação, mas continuam sem articular de forma
prática e eficaz instrumentos que as levem a concretizar seus objetivos. Os
segmentos esclarecidos não conseguem se articular de forma organizada e coesa
para planear uma reação. Tudo dentro do previsto.
Teremos
este ano a Copa do Mundo e as eleições, em 2016 as Olimpíadas. Na série de
artigos (três no total) que escrevi aqui no Alerta Total no ano passado com o
título “A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA MILITAR, OS GOVERNOS CIVIS E O CENÁRIO
ATUAL” procurei discorrer sobre algumas fragilidades que tornavam nossa posição
de segurança bastante vulnerável, inclusive para a execução da Copa do Mundo.
Na ocasião comentei: “o ex-inspetor geral das Polícias e Bombeiros Militares do
Brasil, general de brigada Cesar Leme Justo, atual chefe do CIE (Centro de
Inteligência do Exército), pode ter uma enorme surpresa no dia que precisar
invocar os laços com estas instituições”.
E
foi precisamente o que aconteceu semanas depois do artigo ser escrito quando,
num evento no Clube Militar de Belo Horizonte, os acessos foram bloqueados por
manifestantes e os militares das três forças impedidos de entrar. As
solicitações feitas pelos oficiais das FFAA aos policiais militares para que
desobstruíssem a entrada foram solenemente ignoradas, como previsto no artigo.
Nos
artigos citados comentei ainda sobre a presença e operação em território
nacional de grupos guerrilheiros, unidades especiais de insurgência, grupos
terroristas e do crime organizado. Adicionalmente expus a dificuldade de
integração e cooperação entre os diversos órgãos de inteligência brasileiros, a
falta de segurança adequada nos aeroportos e portos, a insuficiência de
vigilância do espaço aéreo e das fronteiras terrestres, etc..... O quadro mudou pouco, e para pior.
Alexandre Santana Sally, presidente do
Sindicato dos Servidores Públicos Civis Federais do Departamento de Polícia
Federal no Estado de São Paulo (Sindpolf-SP), em publicação no site do Estadão
de 07/02/14, afirmou que atualmente a Polícia Federal não tem condições de
garantir a segurança durante a Copa do Mundo, que começará no dia 12 de junho.
"Somos a favor de que a Força Nacional de Segurança e as Forças Armadas
assumam sozinhas a segurança do evento", disse.
Segundo ele, o governo está tentando
colocar atribuições à PF que não fazem parte de sua área de atuação.
"Querem, por exemplo, que nós sejamos responsáveis pela escolta de
delegações. É uma arbitrariedade", disse. Recentemente policiais federais
em estado de greve fizeram um “algemaço” em SP. Os conflitos de interesse
corporativo continuam, agravando as vulnerabilidades.
Temos
ainda as manifestações populares. As conexões e extensões destes eventos
começam a ficar claros hoje para o público, ainda que não seja surpresa alguma
desde os idos de 2007. Ademais, a situação econômica do país se deteriora
rapidamente, ocasionando, e tendo também como causa, a fuga de capitais
devidamente orquestrados. Podemos ter em 2014 um quadro interessante de crise
econômica, combinada com convulsão social e fragilidade das instituições de
segurança.
Todavia, nem todos estão inertes. Os EUA
reativaram em julho de 2008 a IV Frota da Marinha Americana responsável por
patrulhar o Atlântico Sul. Na celebração para comemorar o fato o Almirante Gary
Roughead (chefe de Operações Navais da Marinha dos EUA) disse: “O foco da IV
Frota estará nas ações humanitárias, mas que ninguém se engane: ela estará
pronta para qualquer tipo de ação, em qualquer lugar e a qualquer momento”.
Hoje existe ao redor do Brasil, na América Latina, cerca de 50 bases militares
de forças estrangeiras, segundo levantamento do Centro de Estudos e Documentação
sobre Militarização.
Em fevereiro de 2011 o coronel Edwin
Passmore, oficial estadunidense, envolveu-se num episódio estranho na Argentina
quando um avião militar americano pousou no país carregado de equipamentos
inusitados, tais como: pacote completo de estupefacientes e narcóticos, além de
softwares e material de interseptação de comunicações. Não tendo como
justificar a presença deste “material” no avião o oficial, após uma refrega
diplomática, viu-se obrigado a decolar de volta para os EUA.
Em 5 de abril de
2012, foram concluídas no Chile as obras do Centro de Treinamento de Pessoal
para Operações de Paz em Zonas Urbanas (grifo meu - observem bem o nome).
Localizada em Forte Aguayo, em Concón, na região de Valparaíso, a base foi
construída em 60 dias. Ademais, em 2013 tornou-se público que as atividades das
autoridades brasileiras tem sido vigiadas de perto pela NSA (agência de
inteligência estadunidense - sigint).
O que aconteceria se um evento de falsa
bandeira, ou vários eventos “populares” seguidos de agitações sociais,
desencadeados durante a realização da Copa do Mundo, levasse a comunidade
internacional a acreditar que as forças policiais nacionais não poderiam
garantir a segurança das delegações estrangeiras participantes?
Suspenderiam a
Copa? Ou pressionariam o Brasil a aceitar apoio internacional, talvez apelando
a ONU para ajudar a garantir a segurança? O governo do PT faria isso? E se, por
uma questão de ritmo, isto acontecer nas Olimpíadas de 2016?
Veja, não se trata aqui de fazer
vaticínios, mas em estratégia os vários cenários devem ser pensados, previstos
e considerados.
Alguns percebem situações de forma
diferente de outros. O PT pensa que é ator, mas será que não é,
inadvertidamente, meramente um coadjuvante descartável?
Releia os artigos:
A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA MILITAR, OS
GOVERNOS CIVIS E O CENÁRIO ATUAL:
Luiz
Antonio Peixoto Valle é Administrador de Empresas.
5 comentários:
ONU não, chega de comunistas
Saudações.
Ilmo. Sr. Luiz Antonio P. Valle
SEUS ARTIGOS SÃO EXCELENTES,
OPORTUNOS E ESCLARECEDORES.
( Esperamos outros mais )
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FATOS:
Os "cenários sombrios" para 2014, infelizmente ganham "realidade aterrorizante", haja visto os cortes no ORÇAMENTO DE 2014.
Mais de R$ 1 bilhão no Ministério da Defesa.
Idem no Ministério da Justiça que terá um corte de R$ 275 milhões em seu orçamento.
Idem no Ministério da Ciência e Tecnologia que terá um corte de R$ 163 milhões.
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POR QUE SERÁ ?
TALVEZ O "OBSCURANTISTA"
Anônimo disse...
domingo, 13 de outubro de 2013
2:36 AM
NOS POSSA ELUCIDAR,
COM SUA "VERVE OCULTA"....
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EM TEMPO:
DÍVIDA PÚBLICA,
CPI DA DÍVIDA PÚBLICA,
ISTO TAMBÉM É CENSURADO NO BRASIL.
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BEM, EU PELO MENOS ...
"Se ouço barulho de cascos, penso em cavalos, não em zebras."
Carl Sagan
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Atenciosamente.
Manoel Vigas
Parabéns pelos textos do Sr. Luiz Antonio Valle. Claros, bem redigidos e mostrando o insight do autor na área de Inteligência. Leitura obrigatória não só para os interessados/envolvidos com o tema, como também para os leigos.
Acho mais facil o brasil apelar à cuba, russia ou china
Agradeço ao Anônimo e a Manoel Vigas os comentários.
Procurarei continuar escrevendo sempre.
Saudações,
Luiz Antônio P.Valle
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