Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Estevão de Luna Freire
Fatos relevantes no 1º. semestre de
2016: O balanço da Petrobrás relativo ao 1º. trimestre de 2016, registrou
um prejuízo de R$ 1,246 bilhões, determinado por: a) maiores despesas de juros
e variações monetárias e cambiais negativas; b) redução de 7% da produção de
petróleo e gás natural (Brasil e exterior); c) queda de 8% na venda de
derivados no mercado doméstico; d) aumento dos custos com depreciação; e)
maiores gastos com ociosidade de equipamentos, principalmente de sondas.
A Petrobras concordou com o China
Exim Bank um financiamento no valor de US$ 1 bilhão, para fornecimento de
equipamentos e serviços por parte de empresas chinesas. No dia 23/05 Petrobras
informou que colocou títulos no mercado de capitais internacional, no valor de
US$ 6,75 bilhões e vencimentos de 5 e 10 anos, a juros de 8,625 a 9,0%, para
atender necessidades corporativas e fazer caixa.
A Petrobras vendeu para Pampa Energia
sua participação na Petrobras Argentina (PESA), e para a Southern Cross Group
100% da Petrobras Chile Distribución Ltda. (PCD). No dia 07/06 Petrobras deu
início ao processo competitivo para a venda dos seus terminais de Gás Natural
Liquefeito (GNL) no Rio de Janeiro e no Ceará, com termelétricas associadas a
esses terminais, dando continuidade a venda de ativos para reduzir a dívida e
fazer caixa.
Balanço do exercício 2015: A
Petrobrás registrou um prejuízo (recorde) de R$ 34,836 bilhões em 2015 e de R$
36,938 bilhões no 4T-2015, ocasionado por: i) impairment (ajuste) de ativos e
de investimentos, principalmente em função do declínio dos preços do petróleo e
incremento nas taxas de desconto, reflexo do aumento do risco Brasil pela perda
do grau de investimento (R$ 49,748 bilhões); ii) despesas de juros e perda
cambial (R$ 32.908 milhões). O prejuízo de 2015 supera em 61% o registrado em
2014, de R$ 21,587 bilhões. O endividamento líquido foi de US$ 100,379 bilhões
em 31.12.2015, 5% inferior (em dólar) em relação a 31.12.2014, sendo a empresa
de capital aberto mais endividada da América Latina e Estados Unidos. Os
investimentos foram de R$ 76,315 bilhões, 12% inferiores a 2014 (R$ 10,825
bilhões).
Plano de Negócios 2010-2014: Em
21/06/2010 a Petrobrás divulgava o seu ambicioso PN 2010-2014, com
investimentos previstos de US$ 224 bilhões. A meta de produção de petróleo era
fixada em 3,9 milhões boe em 2014 e projeção de 5,4 milhões boe em 2020.
Plano de Negócios 2015-2019: Em
29/06/2015 a Petrobrás anunciava o seu novo Plano já em plena crise financeira,
com investimentos reduzidos para US$ 130,3 bilhões. A produção de petróleo em
2015 foi de 2,7 milhões boe. A meta projetada para 2020 foi reduzida para 3,7
milhões boe. São estimados desinvestimentos recordes de US$ 15,1 bilhões no
biênio 2015-2016 e de US$ 42,6 bilhões no biênio 2017-2018.
Causas: A utilização da Petrobrás
como instrumento para atender aos fins políticos do Governo e seu partido foi a
principal causa desta profunda crise em que ela se encontra. Várias decisões
estratégicas e macro-econômicas levaram também o Brasil à recessão atual. “Lava
Jato” não é causa, mas consequência, e o prejuízo causado pela corrupção
sistêmica, como divulgado pela imprensa, pode atingir R$ 42 bilhões. O Governo
promoveu um elevado nível de investimentos, com subsídios, para implantação de
estaleiros em todo o Brasil, formação de mão-de-obra, e vários projetos com
motivação política, criando uma capacidade não sustentável. O próprio BNDES foi
manipulado para garantir apoio à política econômica do Governo.
É provável que grande parte desta
capacidade seja simplesmente destruída, com esta crise, resultando num enorme
desperdício de recursos para o país. Foram desperdiçados também recursos para
uma refinaria no Maranhão, que deu em nada, outra no Ceará, reforma na Abreu e
Lima para processar o tal petróleo venezuelano, além da compra da refinaria de
Pasadena que resultou em US$792 milhões de perdas. A SeteBrasil, em recuperação
judicial, é um exemplo de má gestão de risco. Outra decisão nefasta, de caráter
puramente populista, foi a mudança da legislação para o pré-sal com a
obrigatoriedade da Petrobrás ser operadora com participação mínima de 30% em
cada bloco, o que reduziu a possibilidade de dividir riscos e investimentos com
outras empresas, contribuindo para o aumento da sua dívida.
*Um boe é a quantidade de energia
contida em um tambor do óleo cru.
Estevão de Luna Freire (estevaodlf@gmail.com)
escreve de
Milano, na Italia.
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