Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Fábio Chazyn
Capitulo
II: Consumir ou Ser Consumido
Já
falávamos sobre o crescimento da população carcerária no Brasil. Cresceu 4
vezes desde 2012. Nessa toada daqui a pouco a sociedade inteira vai p’ra
cadeia. Só vão ficar de fora aqueles que realmente deveriam estar lá. É uma
tristeza ver esse povo maravilhoso e alegre tão triste.
O que é que
estamos precisando p’ra virar o jogo? Futuro é claro!
Futuro com
qualidade de vida.
Uma vez
perguntaram para o ator, músico e diretor de cinema Woody Allen: “Você acha que
dinheiro traz felicidade?” Ele então respondeu: ”Acho que não, mas traz uma
sensação tão parecida com felicidade que precisa ser um expert p’ra saber a
diferença!”
O americano
médio tem mais dinheiro que o brasileiro médio. E por isso ele é mais feliz do
que o brasileiro? Não necessariamente. Mas, é inegável que se o brasileiro
médio tivesse o dinheiro que o americano médio tem, ele teria mais qualidade de
vida. Se é assim, cabe a pergunta: E por que não tem?
Explicação
das hostes no poder: “Porque o Brasil é subdesenvolvido e tem um caminho a
percorrer até chegar no futuro”.
Mesmo se
conformando com isso, por que não procurar saber se o Brasil está percorrendo
esse caminho com a velocidade que ele poderia? Será que está com o freio de mão
puxado?
Não se tem
que ser economista p’ra entender que uma economia cresce quando ela gira:
investimento–produção–consumo. Quanto mais rápido, melhor.
Vamos
comparar a nossa vida de brasileiros com a vida dos americanos: a renda do
americano médio é 7 vezes maior que a renda
do brasileiro médio, mas só paga
4 vezes mais impostos do que o brasileiro. A diferença é usada para consumir e
investir para garantir o seu futuro.
E porque
consome mais, a produção per capita dos Estados Unidos é muito maior, 11 vezes
maior. Por cada cidadão. No Brasil o processo está invertido: quem produz no
Brasil, ao invés de produzir e girar rapidamente, ganhando pouco por unidade,
prefere vender pouco e girar lentamente. Como um míope, vê somente o benefício
da larga margem de lucro. Nas palavras do Sindipeças, o sindicato dos
fabricantes de peças para a indústria automobilística, o lucro das montadoras
no Brasil é 4 vezes maior do que nos Estados Unidos e os impostos também, 4
vezes maior. Em 2018, as vendas de veículos nos Estados Unidos foi 7 vezes
maior do que no Brasil, mas geraram lá somente 1,5 vezes mais lucro do que
aqui, à custa da inibição do consumo.
Do lado do
crédito, a situação do Brasil é inacreditável: com uma inflação comparável,
aqui e nos Estados Unidos, os juros do cartão de crédito são 20 vezes maiores
para o consumidor brasileiro
Tudo isso
p’ra inibir o consumo, pois, dizem os economistas iluminados: “senão a inflação
dispara e o tomador não paga”. Esse papo lembra a história do cara que tentou
diminuir a sua dieta diária e, quando conseguiu, morreu. É burrice ou má-fé?
Inibir o
consumo é manter o país na pobreza.
O Brasil
não tem política de consumo. Tem política de especulação. É de se perguntar: De
quem é este país? Nosso orçamento federal, que é aprovado pelo Congresso
Nacional sob os mais variados pretextos há anos tem destinado três vezes mais
recursos aos bancos do que para a saúde e educação juntas (?!).
De quem é o
país onde os únicos que crescem são os bancos? Não há dúvida que andando com o
freio de mão puxado não podemos sair do tal “subdesenvolvimento”.
Mesmo
pagando metade dos impostos, o americano desfruta de um orçamento público per
capita 50% maior do que o cidadão brasileiro. Qual é o segrêdo? Dois: O
primeiro é o estímulo ao consumo, que é efeito de programas de incentivo à
criação de empregos e de renda. Mas a
ferramenta mais importante é o crédito ao consumo. Quanto menores os
juros, mais estímulo ao consumo.
Penalizar a
importação também é política míope já mais do que provada. Protege os
produtores ineficientes e sacrifica o consumidor. A liberalização de
importados, respeitando o equilíbrio da balança comercial, alivia a pressão
inflacionária e fomenta o esforço do produtor brasileiro pela competitividade e
o leva a investir, se os juros forem decentes. Quem ganha com isso? Todos,
menos os bancos especuladores de juros escorchantes que seguram o giro da
economia. A tributação também não é matéria para vilões ou burros. Imposto não
é atividade-fim, é atividade-meio. Um exemplo caricatural é o caso de alta
taxação sobre o consumo de cigarros e sobre as bebidas que, de tão altos, o
govêrno não pode mais viver sem eles, e acaba tendo uma relação promíscua e
simbiótica com os algozes do cidadão.
E qual é o
segundo segrêdo para o cidadão brasileiro ter tanto dinheiro quanto o cidadão
americano, ou pelo menos evitar que o dinheiro público vá parar no lugar
errado? Ter um sistema de escolha dos representantes baseado no voto distrital,
pois quando o cidadão conhece em quem vota e quando o votado sabe porque foi
eleito pelos eleitores que o conhecem, ele é um representante de verdade.
Eleito por voto obtido no distrito onde vive, o eleito estará exposto à sua
vizinhança e não vai poder se prostituir por aí atrás da “vida fácil”. E o
cidadão, tutelando-se a si próprio, sem esperar que algum aventureiro lhe
convença do “deixa comigo”, toma para si o exercício da sua própria cidadania.
Com o voto
distrital, o cidadão brasileiro, assim como fazem os americanos, tomará o seu
País nas suas próprias mãos, defenderá o seu quinhão e cumprirá a sua
responsabilidade de construir o seu futuro.
Próximo
Capítulo da Série “O Brasil tem Futuro?” – Cap. III: Por uma Nova Constituição
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