Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Fábio
Chazyn
Era uma
vez, em terras longínquas, ruas tomadas por uma infestação de serpentes. O
governo, vendo-se na obrigação de intervir pela segurança da população,
instituiu uma recompensa para quem ajudasse a capturar os repulsivos ofídios.
Ávida pela oportunidade criada pelo governante, a população rapidamente os
dizimou. Na falta de serpentes para
continuar faturando, a população, naturalmente, passou a criá-las expondo-se a
grande perigo. O governo, vendo-se, como de costume, na obrigação de intervir
pela segurança da população, retirou o incentivo dado à captura das serpentes e,
sem mais motivação de as continuar criando, a população libertou as serpentes
do cativeiro, inundando as ruas com o repugnante ofídio...
Em terras
não tão longínquas, o governo dá demonstrações de burrice o tempo todo, tanto
como o povo as deu na fábula, dizimando o ofídio errado.
De fato, o
que nos faz mais mal não é aquele que habita a nossa simbologia desde os tempos
do Antigo Testamento, condenado por nos ter roubado a imortalidade. Quando
entrou na política, tornou-se arrebatador também da nossa mortalidade. Virou o
símbolo do Mal com a alcunha de Leviatã.
O Leviatã
encarnou no Estado e na sua cidadela, a burocracia. O Estado se especializou em
intervenções que imaginou necessárias à pretensa segurança da população. A
burocracia, na criação de dificuldades e na consequente venda de facilidades.
Vemos o fenômeno se confirmar o tempo todo. Os exemplos pu’lula’m.
A
burocracia do Estado brasileiro é formada de uma horda de 12 milhões de
servidores, que dobrou durante os anos do PT no poder. Ocupa o feudo
compreendido entre a letra da Lei e o seu cumprimento, com ‘piratas’ sempre
prontos para extorquir quem tenha obrigações a cumprir e/ou direitos a
realizar. A burocracia produziu a nova casta de poder. Tem vida própria, ainda
que em simbiose com a do poder político central.
Um
burocrata não é um profissional como os outros. Não é motivado pelo bom
desempenho na tarefa que lhe afeta, mas pela preservação do direito de
executá-la. A estabilidade no emprego
lhe será sempre mais importante do que o estímulo ao esforço de fazer melhor.
O
governante, jurando combater o Mal para ganhar as eleições, uma vez instituído
acomoda-se nos mimos da burocracia e, no processo, estagnam-se a criatividade
individual e a ambição social, ingredientes básicos da prosperidade da
sociedade.
Todos
perdem com a burocracia, a reputação do governante, a ilusão da população, a
moral do cidadão e até o próprio burocrata acomodado e remediado, visto da
perspectiva de cidadão que também é.
Os
burocratas infestam as nossas instituições, tal quais as serpentes da fábula
nas terras longínquas.
A esperança
no Estado Proletário d’acolá, como no Estado Empresário daqui, acabou como
tiro-n’água. Pior ainda, foi o tiro-que-saiu-pela-culatra. As tentativas de proteger o cidadão se
reverteram em detrimento do próprio cidadão. Como no caso das serpentes. Não
resolveram o problema dos desequilíbrios estruturais, setoriais, regionais e
sociais para o que vieram, e acabou em aumento da excrescência da burocracia.
No processo
da expansão de domínio e poder, sem predadores à vista, o cada vez mais
gigantesco serpentário, digo, a burocracia, segue dizimando todos os recursos
que encontra pela frente. Saímos da era do Capitalismo de Estado para entrar na
era da Autofagia de Estado.
No ínterim,
a burocracia vai resistindo mocozada na trincheira da retórica da proteção ao
cidadão, onde o julgamento sobre o certo-e-o-errado submetido às circunstâncias
e interesses do momento prepondera sobre os valores atemporais do critério do
bem-e-do-mal.
Não podendo
tapar-o-sol-com-a-peneira, em uníssono, os defensores da burocracia argumentam
que se é ruim com ela, pior seria sem ela, pois não haveria quem defender a
Nação contra “falhas de mercado, externalidades, assimetria de informações ou
restrições à competição que reduzem o nível de bem-estar da sociedade”.
Defendem
que o Estado sempre será necessário para garantir o funcionamento da economia
de mercado contra atentados perpetrados pelos ‘transgressores’ da lei da oferta
e da procura. Sempre será necessário garantir a soberania e a segurança
nacional, mitigar desequilíbrios regionais e de distribuição de renda, promover
o acesso das populações mais pobres à educação e à saúde, o acesso a serviços
públicos essenciais e deficitários por natureza, prevenir e controlar epidemias
e poluição ambiental, incentivar setores nascentes e estratégicos, planejamento
urbano, desenvolvimento de padrões e normas técnicas.
Sempre será
necessário proteger o cidadão contra o poder do dinheiro, bem como promover
condições para a melhoria da qualificação profissional e da produção de
alimentos bons e acessíveis.
É evidente
que, num sistema regido pelo julgamento do certo-e-do-errado, seja necessário
manter instituições que fazem leis e outras que as façam cumprir. A Polícia e a
Justiça têm que arbitrar conflitos e garantir a execução de devedores e a condenação
de malfeitores.
E também
não se pode negar que alguém tem que manter a estabilidade macroeconômica com
uma política cambial, monetária e fiscal isenta de interesses setoriais. Se não
é a máquina do Estado, quem seria então? E se a experiência do ‘Federal
Reserve’ privado americano não fôr reproduzível no Brasil?
De fato, de
nada adianta demonizar a burocracia se precisamos dela. Mas isso não
desqualifica a luta para controla-la e confina-la a tarefas que a coíbam de
abusar do cidadão.
O custo do
funcionalismo público no Brasil atinge o nível incrível de 40% sobre o total do
orçamento anual do País, que é recolhido pela igualmente incrível tributação de
35% sobre o total das riquezas produzidas no País. O apetite da burocracia é
insaciável.
Quando vemos
o especialista em máquina pública enfrentar o problema do déficit fiscal
atirando na direção oposta do problema, ou seja, contra o bem-estar geral que
jurou defender, pensamos logo, sem entender porque, que é capitulação.
De fato,
não haveria porque jogar a toalha. Para fugir do Estado Burocrático, não é
preciso ir ao extremo do Estado Mínimo. O sonho do Estado Necessário agora já
pode se tornar realidade. Basta que se recorra a técnicas que o proteja dos
tentáculos da burocracia e da usurpação do poder pelos corruptos de outros
naipes.
Nos dias de
hoje, o governante bem intencionado só reproduziria a fábula das serpentes se
quisesse. Novas ferramentas de consulta à população foram objeto de prêmios
Nobel e estão amplamente disponíveis para quem quiser utilizá-las.
Ainda que
não se possa prescindir da burocracia, a necessidade de seu uso diminuiu e, com
ela, a chance de cometer burrices por parte do governante.
Pudera
aquele governante da fábula das serpentes ter podido consultar a população
antes de fazer besteiras...
A
Democracia Participativa deixou de ser utopia.
O ‘Canal do Cidadão’ e o ‘Projeto A.N.O.R. – Artificial Neurons Operated
Robot’ são os meios para a Reforma Política legítima, sem qual a oportunista
bu(r)rocracia brasileira continuará reinando.
Verifique
mais detalhes na entrevista hipotética dada pela A.N.O.R. ao ator americano
Will Smith pelo link https://youtu.be/crbGeHz0St4 e nos
responda pelo e-mail fchazyn@chazyn.com propondo a sua
cooperação para a construção do Canal do Cidadão em par com a Inteligência
Artificial Coletiva encarnada na A.N.O.R.
2 comentários:
Olá Fábio.
Eu gostária de saber se nos governos anteriores o Senhor teceu alguma opinião? E também se no lugar do Bolsonaro, em 10 meses, mudaria tudo que a esquerda fez em 15 anos?
Sabe o que mais tem no Brasil depois que o Bolsonaro assumiu???? Ciêntistas Políticos, estão pau a pau com advogados.
A Esquerda deturpou mais esta instituição que é a burocracia, inchando seus quadros para garantir porcentagem de contribuição ao partido, e institucionalizando a corrupção como maneira de atuar do Estado em relação à sociedade.
Postar um comentário