Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Percival Puggina
No século passado, houve um longo tempo em que o comunismo e o respectivo cortejo de males só pela força bruta conseguia espaço para instalar suas estruturas de poder. Sacrificava vidas – muitas vidas, milhões de vidas! – e depois, neutralizava, também pela força, os remanescentes. Foi o período de triunfante expansão territorial dos totalitarismos, dos quais sobrou o comunismo, embora também ele tenha sido forçado a reconhecer seus fracassos ao som surdo das marretadas com que a população da Alemanha Oriental abriu passagem no Muro de Berlim.
A perda de validade das profecias comunistas
de Marx não foi admitida pelos movimentos revolucionários em muitas nações
periféricas. Na América Ibérica esses grupos se reuniram no Foro de São Paulo.
O muro caíra em novembro de 1989 e em julho de 1990, apenas oito meses depois,
esse colegiado se reunia na capital paulista, mobilizado por Lula e Fidel
Castro. Ali secaram as lágrimas pelas perdas europeias e, numa operação quase
hospitalar, ligaram as finadas profecias marxistas aos aparelhos partidários da
esquerda do continente. Dada a natureza dos grupos que se coligaram, boa parte
dos quais remanescentes da luta armada revolucionária, era preservado, in
vitro, o ânimo belicoso que vê a política como luta que só se resolve com a
total submissão do antagonista.
É essa a ideia presente no conceito de luta de
classe. Ela só tem solução com a supremacia de uma classe sobre a outra. E tudo
ganha agilidade na direção da hegemonia se novas classes forem se organizando
mediante atração de “minorias” para a luta política. Eu vi isso acontecer e
apontei nas mesas de muitos debates, no final dos anos 80.
Bem antes, porém, escrevia Mario Ferreira dos
Santos. Ele é considerado, inclusive por Olavo, o maior filósofo brasileiro.
Filósofo de fato, de pensamento autônomo, autodidata, autor de dezenas de obras
de fôlego e relevo, esteve desconhecido do público brasileiro, logo se verá por
quê. Um ano antes de sua morte, em 1968, foi publicado pela primeira vez seu
livro “A invasão vertical dos bárbaros” que trata da ocupação de uma nação pela
destruição de sua cultura por uma cultura inferior. Passados 53 anos, esse
fenômeno é um dos principais motivos para reflexão e preocupação dos brasileiros,
com justificados reflexos na política nacional.
Ao mesmo tempo, os bárbaros locais não dizem
dez palavras sem falar em luta. Exceto se querem esconder quem são por
conveniência do marketing eleitoral. Herdaram o ânimo belicoso dos tempos da
invasão horizontal. Em relação ao que expõem como suas causas, punhos cerrados,
eles não as propõem, nem sustentam, nem escrevem, nem alardeiam, nem mobilizam.
Eles lutam. A práxis é a luta. A vida é a luta. A frase não sai sem luta. Vem
dela o ódio ao adversário. Aprenderam do adorado Che a ver “o ódio como fator
de luta”. Não se constrangem, sequer, de torcer escancaradamente para que um
inimigo do Brasil vença a eleição nos Estados Unidos se isso fizer mal, também,
àqueles a quem odeiam. Só que claro, com a conivência do fã clube midiático,
esse é um ódio do bem...
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